Para o sambista, o verdadeiro NEGO DO BOREL
Edson Feliciano Marcondes 65 anos, é irmão de Neguinho da Beija-Flor e também mais conhecido como Nêgo.
Em 1981, ele que tinha raízes na Leão de Nova Iguaçu, era o apoio do irmão famoso Neguinho da Beija-Flor na até então badalada escola de Nilópolis.
Dois anos depois, Nego e neguinho com o enredo” A constelação das estrelas negras” foram campeões do samba de enredo na escola de Nilópolis e assim o nosso Nego virou um cantor a ser observado.
Após um teste na Unidos da Tijuca, em 1985 foi escolhido cantor oficial do Borel. E ali se tornou conhecido pela voz técnica e doce.
No ano de 1986 iniciou a carreira como intérprete oficial com o samba “Cama, mesa e banho de gato” na escola do Borel. Foi um desfile polêmico, porém a voz dele já era uma marca dali em diante.
No ano seguinte, o então presidente da Tijuca, Fernando Horta chegou a colocar Nêgo para fazer aula de canto para melhorar sua dicção.
O resultado da preocupação vem no ano 1991 quando ganha seu primeiro estandarte de ouro com o enredo ‘tá na mesa Brasil”, onde ele foi o cantor e autor e por lá permaneceu até 1992.
Em 1993, foi autor e interprete do samba de enredo ‘No mundo da Lua’ na Grande Rio, onde tinha a responsabilidade de deixar a escola de samba de Duque de Caxias no grupo especial e assim fez.
1994 ganhou seu segundo estandarte de ouro com o enredo ‘o santo que a África não viu’, tambem pela escola de Caxias. Neste período destacamos 1996 ,”Na era dos Felipes, o Brasil era Espanhol”, o refrão marcante fez o famoso “Emponho Sou Grande Rio” de tornar o grito de guerra da escola nos anos 90.
O terceiro prêmio vem em 1999 com o enredo ‘ei ei ei Chatô é nosso rei’, mais uma vez ele foi compositor e cantor.
Ficou na escola tricolor até 2000. No final deste ano foi cantar por dois carnavais no Salgueiro e neste tempo também gravou seu primeiro CD solo, “Amor sem limites”, se lançando como cantor de “meio de ano”, jargão no grupo dos puxadores.
Em 2003 retornou à Unidos da Tijuca, onde vence novamente o estandarte de ouro como melhor samba enredo com o belíssimo “Agudás”. Em uma interpretação belíssima que perderia o prêmio de puxador para seu irmão e também muito inspirado no ano, Neguinho.
Logo após o carnaval se transfere para o Império Serrano onde fatura seu próximo e quarto estandarte de ouro, cantando o clássico Aquarela Brasileira em 2004, que contagiaria toda a Sapucaí em um momento histórico.
Ainda no Império, em 2006 ganha seu quinto estandarte com o enredo ‘império do divino” divino’ , se tornando o maior ganhador de estandarte de ouro no carnaval do rio de janeiro. Onde Permaneria até 2007. Lembrando que em 2006, foi também intérprete da escola de samba Ilha Marduque, de Uruguaiana que é um carnaval fora de época.
Transferiu-se para Viradouro no ano de 2008, substituiu o grande Dominguinhos do Estácio e cantando o polêmico enredo “Arrepio” de Paulo Barros.
Em 2009 retornou como intérprete oficial do Império Serrano, sendo convidado a se transferir a Mocidade Independente de Padre Miguel no ano seguinte.
Na Mocidade, 2010 e 2011 teve participação discreta, pois a própria escola também não vivia um bom momento.
Nêgo foi para São Paulo em 2012, comandar o carro de som da Vila Maria. No seguinte tem a oportunidade de voltar ao Rio como intérprete oficial da Grande Rio, onde fica por um ano.
Após passagens por Nova Friburgo e Manaus, o carnaval carioca o chama de novo. Em 2015 foi convidado para ser interprete oficial da Imperatriz, e após o desfile o samba enredo “Axé Nikenda” viria a ganhar o estandarte de ouro como melhor do ano.
O que parecia ser a volta por cima de um dos mais queridos intérpretes do carnaval não foi concretizada. Após divergências internas na escola de Ramos, se desligou da agremiação há alguns meses para o carnaval de 2016.
Entretanto Nêgo foi convidado pela direção da Leão de Nova Iguaçu, que seria a sua escola de origem, pra retornar ao lugar onde deu seus primeiros passos no mundo do samba. Foi a oportunidade de isso estréia nos desfiles realizados na Intendente Magalhães.
Nos últimos anos vem tentando se encaixar nos desfiles dos grupos de acesso.
Ainda é o Maior vencedor do Estandarte de Ouro, tendo, vencido cinco vezes na categoria de “Melhor intérprete de samba-enredo”.
Quanto ao número de prêmios conquistados, empata com Jamelão, mito da história da Mangueira.
40 anos de carreira e com direito a show no início do ano. O grande intérprete Nego possui um dos legados mais respeitados no universo dos cantores de Samba Enredo no Brasil.
Por Waldir Tavares