RAINHAS DE BATERIA, AME OU ODEIE … ELAS ESTÃO AI

Existem controvérsias quanto à primeira rainha de bateria. Alguns consideram que a ideia surgiu nos anos 70, tendo Adele Fátima, atriz e mulata famosa na época, desfilado à frente da bateria da escola Mocidade Independente de Padre Miguel, mas a mesma nao havia sido batizada como rainha de bateria.

Em 1985, a mesma escola de samba, deu início à novidade, convidando a então modelo Monique Evans para compor a personagem, tendo a mesma se apresentado com um desfile histórico.
Monique , então no auge da carreira e da beleza, desfilou à frente dos ritmistas da Mocidade vestida de preto, com apenas estrelinhas cobrindo os seios (sem silicone) , arrebatando a plateia do Sambódromo e também inaugurando uma era que, nas décadas seguintes, consagraria outras rainhas, como Luma de Oliveira, Luiza Brunet e Juliana Paes.

A intenção de se colocar uma rainha de bateria é de que a mesma auxiliasse o mestre de bateria no comando da ala de percussão, Alguns torciam o nariz, e o lendário MESTRE LOURO do Salgueiro nunca permitiu uma rainha a frente da sua bateria.

Aos poucos outras escolas foram adotando a figura da rainha de bateria e hoje a maioria das agremiações no Brasil, contam com mais esse elemento de beleza, para enfeitar o desfile.

A rainha de bateria não é um quesito avaliado individualmente. Mas tem relevância nos quesitos tecnicos. Como todo componente, deve cantar e evoluir. Além da criatividade e relevância dentro do enredo para as suas belas (e caras) fantasias.

Não há como falar que não existe grandes investimentos ou a busca por patrocínios da parte delas.

Para muitos dirigentes, a rainha de bateria não tem a autenticidade das passistas, mas é um grande marketing para as escolas.

Isso proporciona disputa pelas candidatas, muitas vezes causando ciúmes e intrigas entre as mesmas, pois as escolas convidam artistas que não fazem parte da comunidade, deixando de lado as mulheres que têm grande importância para a escola.

Por esse motivo, algumas escolas tentaram adotar uma rainha e uma madrinha de bateria, mas a experiência nem sempre é favorável. Tivemos casos em que ambas desfilaram lado a lado sem se olharem durante o festejo.

Hoje, escolas como Mangueira, Portela, Beija Flor e outras poucas, tentam manter a tradição de ter nomes da comunidade a frente dos seus ritmistas.
Porém o grande fenômeno atual é o assédio de equipes de Marketing das grandes empresas, que enxergaram bons negócios no que até os anos 90 era um cargo simbólico.

Em dias atuais, a crise no Carnaval, permite que grandes somas de dinheiro comprem coroas e derrubem rainhas entronadas a cada pré carnaval.
Para muitos este grande mercado acabou por tirar o que os sambistas acreditavam, no surgimento de tal cargo, ser uma “ingênua e espontânea” aproximação do artista famoso a esta festa que outrora foi discriminada e na sua origem nunca pensou em ter soberanas.

Por Waldir Tavares
Fotos Purepeople

 

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