VAI VAI RESPEITEM MINHA RAIZ

Uma das mais importantes escolas de samba do Brasil, a Vai Vai é conhecida por suas raízes com o negro e seu orgulho de ter “pela preta”

A gigante que tem uma história importante no samba paulistano e no Brasil, vai precisar ir lá no grupo de baixo para voltar a ser protagonista do Anhembi. Lugar que é dela e de onde nunca deveria ter saido.

Lá no início do atual século, havia no bairro do Bixiga um time de futebol e carnavalesco chamado Cai-Cai.

Por volta de 1928, alguns de amigos, liderados por Livinho e Benedito Sardinha, ajudava a animar os jogos e festas realizadas pelo Cai-Cai, porém eram sempre vistos como penetras e arruaceiros, sendo apelidados de modo jocoso como “a turma do Vae-Vae”.
Expulsos do Cai-Cai, estes criaram o “Bloco dos Esfarrapados”, e paralelamente, o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, que foi oficializado em 1930.

O “Vae-Vae” adotou as cores preto e branco, as cores do Cai-Cai invertidas, como forma de ironizar o cordão do qual se separaram. Seu primeiro estandarte foi feito de cetim preto ornados com franjas brancas, tendo como símbolo no centro o desenho de uma Coroa com dois ramos de café e abaixo dos ramos, o nome do cordão, seguido da data de fundação.

O primeiro desfile oficial do cordão foi em fevereiro de 1930, o tema era São Paulo.

Seu primeiro compositor foi Henrique Filipe da Costa, o Henricão, que compôs o samba de 1928: “Quem vive aborrecido distrai no Bloco Carnavalesco Vai-Vai”. Henricão viria a ser o primeiro Rei Momo negro do carnaval paulistano.

O Vai-Vai passou a competir nos desfiles oficiais em 1935, competindo contra outras 34 agremiações, sendo 15 cordões.

A partir de 1951, Sebastião Eduardo do Amaral, o famoso Pé Rachado, se torna o primeiro presidente oficial do cordão, cargo que exerceu oficialmente até 1973.

No início da década de 1970, a categoria dos cordões carnavalescos já estava decadente, e todos passaram a se transformar em escolas de samba.
Em 1972, a Vai-Vai tornou-se oficialmente uma escola de samba, com a nomenclatura Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Vai-Vai.

O primeiro título como escola de samba chegou em 1978.

Hoje é uma das maiores agremiações do Carnaval Brasileiro e a maior campeã do Carnaval de São Paulo com 15 títulos (1978, 1981, 1982, 1986, 1987, 1988, 1993, 1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2008, 2011 e 2015). Conhecida como A Escola do Povo, completa 90 anos de fundação em 2020.

Destes títulos vale lembrar de 2011, a Vai-Vai apostou em um desfile emocionante e tendo um dos melhores sambas do carnaval no tema “A Música Venceu”.
Enredo que levou para o sambódromo a vida e a obra do maestro e pianista e maestro João Carlos Martins. A escola terminou como a campeã do carnaval.

No seu histórico plástico a escola tem nomes como Flávio Tavares, Cahe Rodrigues, Renato e Márcia Lage, Alexandre Louzada e Chico Spinoza, entre outros.

Em 2019, a agremiação do Bixiga levou para o Sambódromo o enredo: “Vai-Vai: o quilombo do futuro”, discorrendo sobre o sofrimento, a resistência e o empoderamento dos negros com uma perspectiva utópica de re-cobrança do domínio tecnológico durante a história.

O enredo foi assinado pelos carnavalescos Roberto Monteiros e Hernani Siqueira.
A Vai-Vai terminou na décima quarta posição, e foi automaticamente rebaixada ao Grupo de Acesso pela primeira vez em 89 anos de história.

Em 17 de julho, pouco mais de quatro meses da apuração do Carnaval de 2019, o presidente da agremiação, Darly Silva, anunciou por meio das redes sociais do Vai-Vai, o afastamento da escola.


A administração do Carnaval de 2020, ano que a Escola do Povo completa 90 anos de fundação, vai contar com Renato Maluf e Clarício Gonçalves.
A decisão segundo o próprio é para de trazer a paz necessária para a agremiação e servirá para que ele possa se defender de acusações feitas na Justiça e no Ministério Público.

Força VAI VAI!

Por Waldir Tavares

 

 

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