A Unidos do Viradouro foi a última agremiação a realizar seu ensaio técnico na Passarela do Samba neste domingo (10), a atual campeã do carnaval carioca, fechou com chave de ouro a temporada de ensaios no Sambódromo do Rio. A agremiação fez os testes de iluminação e de som na Avenida.

Durante o ensaio foi possível perceber que, na escola, o brilho no olhar permanece. Foi com essa alegria e entusiasmo que a escola do Barreto pisou na Sapucaí. Como se isso não bastasse, a agremiação veio ricamente vestida e mostrou todo o seu poder na pista. Marcelinho Calil, presidente da escola, reafirma a ideia de mostrar uma agremiação opulenta e uma comunidade potente como forma de lutar pelo bicampeonato:
“Temos a melhor expectativa possível, a escola vem novamente com um projeto robusto, que na excelência a gente fazer um carnaval bonito e digno da escola!”, afirma Calil, presidente da escola.
Ao voltar ao Grupo Especial em 2019, a Viradouro iniciou um processo de reestruturação que permitiu a ela, numa situação incomum, ser a vice campeã do carnaval daquele ano mesmo abrindo os desfiles de domingo. No ano seguinte, 23 anos após haver vencido pela primeira vez, a escola de Niterói tornou a ser a vencedora do carnaval.

Parceria que envolve não apenas a assinatura do carnaval, mas a de uma vida em comum é aquela vivida entre os carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Bicampeão pela Estácio e com uma vitória pelo Império Serrano, ambas escolas da Série Ouro, o triunfo da Viradouro em 2020 foi o primeiro do casal no Grupo Especial. Sobre o carnaval de 2022, Marcus disse:
“Nosso intuito é levar emoção, estávamos ciente da pandemia que todos nós iriamos passar, e quando a gente achou essa história que através do carnaval o Rio de janeiro há 103 anos atras virou a pagina de uma pandemia, a gente viu que era o caminho certo para emocionar a avenida.”
Tarcísio, completa o que a escola trará para avenida:
“Olha, dentro dessa nova historia do carnaval, da gestão da família Calil, posso afirmar que é o maior carnaval. Um carnaval grandioso, volumetria de alegorias muito grandes, maior até do que o último carnaval, a gente teve um cuidado específico com as fantasias e esperando que as pessoas recebam muito bem, pois foi tudo feito com muito carinho, e também uma provocação ao nosso trabalho, de cada vez mais imprimir nossa assinatura como carnavalescos, de trazer mais movimento, mais iluminação, uma decoração esmerada e acima de tudo uma mensagem. O enredo nasceu em um momento difícil e eu acredito que já no pré carnaval a gente já conseguiu se comunicar com os sambistas e acreditamos que a gente vá conseguir se comunicar com a Marques de Sapucaí, e isso vai vai se desaguar aqui de uma maneira linda e poderosa. Nós já sentimos isso por onde a gente passa.” Encerra Tarciso.
Em face de seu enredo tratar do carnaval pós pandemia de Gripe Espanhola, a comissão de frente da Viradouro entrou na Avenida trajada como espanhóis e dançarinas de flamenco. A vestimenta se explica por conta de, em 1919, os jornais da época haverem apelidado a gripe como “dançarina” e trazerem charges que mencionavam às bailarinas daquele ritmo. Informação reiterada pelo coreógrafo Alex Neoral, que afirmou à nossa equipe haver levado para o ensaio técnico parte da coreografia oficial do desfile de Sexta-Feira. Neoral também relatou que lançará mão de elementos cenográficos para compor seu quesito.

Outro ponto de destaque do ensaio da Viradouro foi o primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira. Rute Alves informou-nos que a indumentária do casal remetia ao orixá Obaluaiê e destacou a sintonia existente entre ela e Julinho Nascimento. Parceiros há 13 anos, eles irão completar o seu 14º carnaval juntos. Ambos têm história para contar pois são tricampeões do Grupo Especial – Pela Vila Isabel, Unidos da Tijuca e pela própria Viradouro, escola na qual disputarão o quarto carnaval. Perguntado sobre a expectativa para o desfile e sobre o bailado que trarão, o Mestre-Sala que ele e sua parceira irão imprimir a personalidade deles: “(iremos trazer) A dança tradicional de Julinho e Rute”. Num enredo que dialoga com pandemias, Nascimento celebrou a vida: “Estou muito feliz por estarmos aqui com saúde ajudando a Viradouro a brindar o público com esse desfile maravilhoso”. – Disse, referindo-se ao ensaio técnico.

A bateria de Mestre Ciça inovou por trazer, entre as convenções, uma que remete às bandas marciais, comuns daquele momento do Século XX. A bateria manteve o alto padrão de apresentação de Ciça, que aproveitou para explorar duas possibilidades de andamento para o famoso, e inovador, samba-carta que a Viradouro trouxe para o seu desfile neste ano. À frente dos ritmistas, a Rainha de Bateria Erika Januza, conduziu com maestria o samba no pé.

A Vermelha e Branca também mostrou seu poder econômico ao trazer caminhões-caçamba com enormes painéis de led que traziam dados referentes ao enredo. Alguns dos veículos ocupavam os espaços destinados às futuras alegorias da escola.
Na palma da mão, a Viradouro lê a sorte, e a carta, que um pierrô apaixonado assinou. Torcendo que para além do infinito o amor se renove, a escola afirma: Ser Viradouro é ser paixão.
Por: Suelen Martins e Vitor Antunes