A Portela, majestade do samba e maior vencedora do Carnaval carioca, enfrenta mais um período de turbulência política. O processo eleitoral, marcado por rachas, acusações e uma divisão interna preocupante, expõe as fragilidades de uma instituição que, historicamente, se destaca pela tradição e pela força de sua comunidade unida.
Diferentemente de outras escolas do Grupo Especial, cujas diretorias se consolidaram em dinastias familiares, a Portela se tornou palco de disputas acirradas entre figuras que, outrora, compartilhavam o mesmo grupo. O pleito, dos mais acirrados e inicialmente agendado para o próximo mês, apresenta duas chapas concorrentes, após a desistência do atual presidente, Fábio Pavão, em buscar a reeleição e declarar sua posição de neutralidade.
O clima interno é de inquietação, com ambas as chapas empenhadas em prometer um futuro de glórias para a agremiação. No entanto, é preciso reconhecer que, apesar do título em 2017 e o recente retorno da Portela ao desfile das campeãs, o sentimento predominante entre os portelenses é de insatisfação com os desfiles apresentados nos últimos anos, principalmente em 2023 quando comemorou seu centenário em uma apresentação desastrosa e esquecível.
A esperança reside na capacidade da Portela em superar a fogueira de vaidades que se instaurou em suas entranhas, fruto de administrações questionáveis de anos anteriores. A instituição, com sua relevância histórica e cultural, merece um futuro que honre sua trajetória e resgate o orgulho de sua comunidade. Que a sabedoria e o amor à Portela guiem a escolha de seus novos líderes, para que a águia volte a alçar voos mais altos e majestosos.
