“A cultura não é estática. Precisamos sempre refletir sobre o carnaval”, cita Guilherme Estevão, carnavalesco da Império da Tijuca

Guilherme Estevão, carnavalesco da escola de samba Império da Tijuca resolveu se pronunciar nas redes sociais sobre o atual momento em que vive as escolas de samba e as expectativas para o próximo carnaval.

O artista defende o discurso e o debate sobre a forma de pensar em carnaval sem se restringir apenas ao momento da avenida. Pensando nos projetos que envolvem inúmeros profissionais, Guilherme defende que além de falar de carnaval, precisamos usar o atual momento para construir novas reflexões para um processo que não se resume apenas a quatro dias de festa.

Tenho buscado refletir, através da minha atuação como carnavalesco e das ações tomadas pela escola que represento, em meio a um momento de tanta tristeza, insegurança e desânimo, formas de colaborar seja com a cultura do samba, seja na assistência da comunidade. Felizmente, esse movimento não é exclusivo meu ou do Império, e vários membros do samba e agremiações realizaram, mesmo com todas as dificuldades financeiras que enfrentamos e a ostensiva campanha difamatória por vários setores da sociedade contra o carnaval, ampliar ainda mais a atuação social. Isso precisa ser apresentado com mais intensidade ao povo, mostrar o resultado das campanhas de arrecadação de mantimentos, produção de EPIs e prestação de serviços das escolas de samba. Mostrar que se pensa em carnaval, mas se pensa em solidariedade e compromisso enquanto entidade pública“, cita Guilherme em conversa com o Carnaval N1.

Foto arquivo pessoal

A cultura não é estática. O carnaval, como uma das maiores manifestações culturais desse país, é reflexo de um conjunto amplo de saberes, tradições, práticas artísticas. Ela se resinifica justamente pelo debate, reflexões e visões, nos mais diversos contextos e realidades. Acreditar que não devemos falar de carnaval, dentro do que é possível, seguro e saudável no atual momento, na minha visão é reduzir a festa ao evento, de alguma maneira, dar munição a falas depreciativas que caminham nesse sentido. É deixarmos de discutir a realidade de centenas de famílias que dependem disso para sobreviver e a vida delas não pode ter um “tempo” pra ser discutida. Precisamos pensar como essas pessoas podem ser assistidas. Há um conjunto de elementos a serem “falados” sobre o carnaval, portanto. Acredito que, de alguma forma, o sambista precisa estar unido nesse aspecto. Divulgar ou não enredo nesse momento é válido e vai da visão de cada agremiação, só acho que não podemos tornar “irresponsáveis” ou “insensíveis” aqueles que estão procurando, dentro do contexto que estamos, promover a construção de saberes, discussões, reflexões e cultura artística popular. Se não tivermos carnaval em 2021 ficaremos um ano inteiro sem “falar de carnaval”? Não, podemos! Carnaval vai muito além da quarta de cinzas“, completa.

Logo do Enredo para o próximo carnaval

Em Maio, Guilherme anunciou o enredo “Samba Quilombo. A resistência pela Raiz” para o próximo carnaval do Império da Tijuca.

É um enredo que onde pretendemos valorizar o legado de tantos baluartes da comunidade da Formiga e também o sambista. Sabemos das dificuldades do próximo carnaval e que o samba enfrenta, mas resistimos.”

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp