Um Grito por Respeito e Valorização! Coordenadores, Deixem a Ala Brilhar! Carnavalescos, Bom Senso nas Fantasias!
Como jornalista e ex-passista de uma das alas mais aclamadas da Mocidade Independente de Padre Miguel, sob a direção da lendária Marilene, no início dos anos 2000, sinto a necessidade de ecoar a voz da ala de passistas.
Meu manifesto expõe a crescente insatisfação com a conduta de alguns coordenadores e carnavalescos, clamando por respeito e valorização.
Observo com preocupação a tendência de coordenadores que buscam protagonismo nos ensaios e eventos, ofuscando o brilho dos passistas. A função de um diretor é garantir a evolução da ala, posicionando-se lateralmente, como todos os outros no cortejo. A busca por holofotes, em detrimento da ala, é um desrespeito à tradição e à paixão que move esses artistas.
Além disso, a imposição de custos exorbitantes com figurinos para eventos no pré carnaval, como a obrigatoriedade de comprar sandálias que ultrapassam R$ 300, sobrecarrega os passistas. A paixão pelo samba não pode ser explorada financeiramente. Isso acaba com sonhos!
Além dos altos custos com fantasias e acessórios, as passistas lidam com a constante cobrança por um padrão de beleza irrealista. O bullying por emagrecimento e a exigência de corpos “perfeitos” para o samba são frequentes, gerando sofrimento e insegurança.
“Não basta sambar bem, tem que ser magra, ter o corpo ‘ideal’, senão você é excluída, sofre humilhações“, desabafa uma passista em anonimato.
A pressão estética se intensifica com a exposição nas redes sociais, onde a comparação e a busca por likes criam um ambiente tóxico.
Em relação aos carnavalescos, a criação de fantasias que não valorizam a função da ala, que é levar alegria, descontração e leveza ao espetáculo, também é um ponto crítico. A estética não pode se sobrepor à essência do samba no pé.
Este manifesto não é apenas um grito de indignação, mas um apelo por mudanças. É preciso resgatar o respeito e a valorização da ala de passistas, que são peças fundamentais no espetáculo do Carnaval carioca. Diretores de carnaval e presidentes de escolas de samba não podem se manter omissos diante dessa situação.
📷 Global_Pics/reprodução