BIDE

Caso vivo estivesse, hoje Alcebiades Maia, o Bide, completaria seu 97° aniversário. Nome fundamental na história e na constituição do gênero samba, deixou um legado imprescindível à folia do carnaval carioca.

Nascido na cidade de Niterói, já em sua infância mudou junto à sua família pras bandas do Estácio. Em sua juventude, acompanhado de seu irmão Rubem Barcelos, começa a frequentar as rodas de samba do bairro, lugar em que passa a conviver com nomes como Ismael Silva Brancura, Baiaco.

Na companhia desses nomes e outros mais formaram a chamada “Turma do Estácio”, que promoveu mudanças no ritmo samba que perduram até a atualidade.

Em depoimento à rádio EBC, o pesquisador, estudioso do samba e atual presidente da Portela, Luís Carlos Magalhães explica a mudança promovida por Bide e cia no gênero: anteriormente ao “samba de sambar” do Estácio, imperava o partido alto, com a marcação feita por meio de palmas e ao ritmo do pandeiro, e da dupla prato e faca. Tal ritmo tinha como primazia a parte musical no lugar da letra. Outros ritmos populares eram as maxixadas, as emboladas e batucadas dos blocos.

Em 1926, começasse a modificar o ritmo com o Samba do Estácio tocando nos blocos de samba, com notas mais longas, um andamento mais rápido e cadência marcada por instrumentos.

Bide que tinha como ofício ser sapateiro, foi o responsável pela criação do surdo. Instrumento hoje fundamental nas escolas de samba e em qualquer roda de samba.

Usando uma lata de manteiga, couro animal, aro na parte interna e externa da lata, Bide cria o instrumento de marcação. A criação do tamborim por muitos também à ele é atribuída, mas em entrevista Bide nega a invenção.

Com a modernidade chegando, a gravação elétrica permite aos artistas viverem de sua música através de parcerias com cantores, vendas de obras musicais a outros artistas e no acompanhamento de bandas. Dessa forma, Bide no ano de 1927 compõe a obra “A malandragem”, em parceria com o “Rei da Voz”, Francisco Alves.

Em 1928, junto à Ismael Silva, Heitor dos Prazeres, Nilton Bastos e outros mais, funda o que é considerada a primeira escola de samba, a Deixa Falar. Neste mesmo ano, decide abandonar a profissão de sapateiro para se dedicar à carreira de compositor.

Junto à Marçal, foi responsável por uma das maiores parcerias da história do samba. Bide ficava responsável mais pela parte melódica enquanto seu parceiro se dedicava a letra.

Com extensa carreira artística, Bide seguiu ao longo de sua vida compondo. Sua obra “Agora é cinza” foi considerado por um grupo de críticos musicais, capitaneada pelo produtor Marcus Pereira o samba mais bonito de todos os tempos.

Em 1973 mudou-se do Estácio, onde sempre vivera, para o conjunto residencial dos músicos do bairro carioca de Inhaúma, onde viveu até 1975 data de seu falecimento.

Fica o agradecimento da página Carnaval Número 1 ao artista e todo seu legado.

Por Douglas São Pedro

Pesquisa: Rádio EBC/ Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira

 

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