Cidades paulistas que cancelaram “carnaval de rua” possuem em média 75% da população imunizada contra Covid-19

Escolas de Samba: seguindo protocolos sanitários e cronograma de preparação dos desfiles, agremiações do Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória, Manaus, Florianópolis, Santos, Uruguaiana, Guaratinguetá, São Luís, Belém e Corumbá seguem a todo vapor e prometem belíssimos espetáculos, mesmo sem investimento público.

Em ano eleitoral e por falta de planejamento, alegando receio de nova onda de contaminação por Covid-19, prefeitos de 58 cidades do Estado de São Paulo anunciaram o cancelamento dos investimentos públicos na realização do carnaval de rua em seus municípios.

Desfile de escolas de samba em Itupeva – Reprodução

Sem tradição carnavalesca, os eventos nessas cidades dependem exclusivamente de verbas das prefeituras para acontecerem, já que não despertam interesse de patrocinadores ou turistas e possuem relevância apenas local, com engajamento somente de moradores, contando com apresentações em coretos, oficinas, bailes, matinês e shows gratuitos nas ruas e praças.

Com administrações municipais já sucateadas por décadas de más gestões e agravado pela pandemia, os prefeitos não possuem know-how, estruturas ou recursos para realizarem licitações e contratarem bandas, estruturas de palco, som, iluminação, banheiros químicos, tendas, grades de contenção, fechamento de vias públicas, segurança, além de equipe de coordenação e apoio.

Mesmo sem Blocos de Rua, algumas cidades autorizaram a realização dos desfiles das escolas de samba, caso de duas das maiores cidades deste grupo de 58: Taubaté e Sorocaba, cidade mais populosa do sudoeste paulista que em 2020 investiu apenas 87 mil reais na realização do carnaval de rua na cidade, economizando 90% do que tinha sido aportado em 2019.

Bloco ‘Vai Quem Quer’ de Taubaté/SP — Foto Divulgação

Na contramão da crise financeira dos Blocos de Rua, as escolas de samba das mais importantes cidades que realizam desfiles culturais, seguem a todo vapor na preparação do próximo carnaval. Rio de JaneiroSão PauloVitóriaManausFlorianópolisSantos e Belém possuem atualmente um evento profissional com várias fontes de recursos como ingressos, patrocínios de grandes empresas e verbas televisiva por direito de transmissão, além de eventos em quadra, venda de fantasias, camisetas e bonés, dependendo cada vez menos de recurso público.

Cidade do samba no Rio de Janeiro, profissionais já desmontam o ultimo carnaval para reconstruir o de 2022 – Foto Liesa

Além da escassez de recursos, o carnaval brasileiro enfrenta uma crise de imagem, motivados por ataques em redes sociais num ambiente político cada vez mais hostil, pressionando prefeitos a não se exporem contra a opinião pública em ano eleitoral.

Com mais de 2 mil Escolas de Samba em atividade no país, a falta de campanhas e notícias informativas produz um errôneo conceito de que carnaval é apenas folia e não uma indústria que produz um espetáculo completo com dança, música, artes plásticas, escultura e inclusão social, e emprega milhares de pessoas em cerca de 150 cidades que realizam desfile de escola de samba, como: carnavalescos, bailarinos, artistas plásticos, escultores, ferreiros, marceneiros, decoradores, costureiras, músicos, cantores, ritmistas, seguranças e profissionais especializados como os diretores de harmonia, sendo a principal fonte de renda dessas famílias.

Com gestões profissionais e muito investimento privado através de patrocínios e compra de direitos comerciais, para garantirem a realização do próximo carnaval, as cidades com mais relevância na festa de Momo criaram um comitê para administrarem o evento, são elas: Rio de JaneiroBelo HorizonteSalvador, Recife e São Paulo, que espera atrair 15 milhões de pessoas nos 5 dias de festa. Já a capital baiana assegura que 90% da população estará totalmente vacinada até 25 de fevereiro de 2022. Estima-se que somente essas cinco cidades devem movimentar cerca de 10 bilhões de reais na semana do carnaval, o equivalente ao PIB anual do Acre ou Rondônia, gerando emprego e renda, estimulando assim a retomada da economia local.

Salvador, a capital baiana, já se prepara para a festa de 2022 – Foto Divulgação

A justificativa dos prefeitos para o cancelamento é o medo de uma próxima onda de contaminação por Covid-19, mas os dados reais da pandemia mostram outro momento do país. Com 60% da população totalmente imunizada contra a doença, o Brasil está acima da média global de imunização que é de 41%. Na última semana, o país ultrapassou o Estados Unidos em percentual de população totalmente vacinada. Ao todo, 312 milhões de doses foram aplicadas nos brasileiros, que somam 83,24% da população acima de 18 anos totalmente protegida com duas doses ou dose única. Além de ser o quarto país que mais aplica doses absolutas diariamente, o Brasil diminuiu de 6 para 5 meses o intervalo para doses de reforço e será o único no mundo a aplicar mais 2 doses extras da fabricante Janssen.

Apesar do aumento de casos da doença na Europa, por resistência de parte dos europeus em tomarem a vacina, no Brasil, não há um volume expressivo de pessoas que rejeitam a imunização. Mesmo os considerados “negacionistas” estão procurando as unidades de saúde para se vacinarem inclusive com doses de reforço.

Conheça as cidades paulistas que já cancelaram investimentos para o carnaval de rua em 2022 e o percentual de habitantes imunizados contra a Covid-19 (Dados oficiais do Governo do Estado de São Paulo):

1.      Altinópolis

13.537 pessoas de 16.203 habitantes, ou 83,55% da população com esquema vacinal completo.

2.      Barrinha

21.858 pessoas de 33.180 habitantes, ou 65,88% da população com esquema vacinal completo.

3.      Borborema

12.359 pessoas de 16.164 habitantes, ou 76,46% da população com esquema vacinal completo.

4.      Botucatu

128.766 pessoas de 148.130 habitantes, ou 86,93% da população com esquema vacinal completo.

5.      Brodowski

18.623 pessoas de 25.277 habitantes, ou 73,68% da população com esquema vacinal completo.

6.      Cabreúva

39.956 pessoas de 50.429 habitantes, ou 77,25% da população com esquema vacinal completo.

7.      Caconde

14.090 pessoas de 19.009 habitantes, ou 74,12% da população com esquema vacinal completo.

8.      Cajuru

17.927 pessoas de 26.393 habitantes, ou 67,92% da população com esquema vacinal completo.

9.      Campo Limpo Paulista

56.856 pessoas de 85.541 habitantes, ou 66,47% da população com esquema vacinal completo.

10.   Cássia dos Coqueiros

2.261 pessoas de 2.505 habitantes, ou 90,26% da população com esquema vacinal completo.

11.   Cunha

17.071 pessoas de 21.459 habitantes, ou 79,55% da população com esquema vacinal completo.

12.   Dobrada

6.168 pessoas de 9.010 habitantes, ou 68,46% da população com esquema vacinal completo.

13.   Dumont

7.638 pessoas de 10.023 habitantes, ou 76,20% da população com esquema vacinal completo.

14.   Franca

250.671 pessoas de 355.901 habitantes, ou 70,43% da população com esquema vacinal completo.

15.   Guaíra

31.493 pessoas de 41.040 habitantes, ou 76,74% da população com esquema vacinal completo.

16.   Guariba

29.875 pessoas de 40.487 habitantes, ou 73,79% da população com esquema vacinal completo.

17.   Guatapará

6.065 pessoas de 7.709 habitantes, ou 78,67% da população com esquema vacinal completo.

18.   Iacanga

9.144 pessoas de 11.858 habitantes, ou 77,11% da população com esquema vacinal completo.

19.   Ibitinga

44.103 pessoas de 60.600 habitantes, ou 72,78% da população com esquema vacinal completo.

20.   Itápolis

30.895 pessoas de 43.331 habitantes, ou 71,30% da população com esquema vacinal completo.

21.   Itatiba

88.347 pessoas de 122.581 habitantes, ou 72,07% da população com esquema vacinal completo.

22.   Itupeva

49.018 pessoas de 62.813 habitantes, ou 78,04% da população com esquema vacinal completo.

23.   Jaboticabal

56.771 pessoas de 77.652 habitantes, ou 73,11% da população com esquema vacinal completo.

24.   Jarinu

23.637 pessoas de 30.617 habitantes, ou 77,20% da população com esquema vacinal completo.

25.   Jundiaí

329.558 pessoas de 423.006 habitantes, ou 77,91% da população com esquema vacinal completo.

26.   Lins

56.010 pessoas de 78.503 habitantes, ou 71,35% da população com esquema vacinal completo.

27.   Luís Antônio

9.684 pessoas de 15.292 habitantes, ou 63,33% da população com esquema vacinal completo.

28.   Marília

170.643 pessoas de 240.590 habitantes, ou 70,93% da população com esquema vacinal completo.

29.   Mogi das Cruzes

318.047 pessoas de 450.785 habitantes, ou 70,55% da população com esquema vacinal completo.

30.   Monte Alto

38.597 pessoas de 50.772 habitantes, ou 76,02% da população com esquema vacinal completo.

31.   Monteiro Lobato

3.248 pessoas de 4.696 habitantes, ou 69,17% da população com esquema vacinal completo.

32.   Natividade da Serra

4.998 pessoas de 6.642 habitantes, ou 75,25% da população com esquema vacinal completo.

33.   Nazaré Paulista

13.684 pessoas de 18.698 habitantes, ou 73,18% da população com esquema vacinal completo.

34.   Paraibuna

13.570 pessoas de 18.263 habitantes, ou 74,30% da população com esquema vacinal completo.

35.   Pitangueiras

25.694 pessoas de 40.080 habitantes, ou 64,11% da população com esquema vacinal completo.

36.   Poá

78.309 pessoas de 118.349 habitantes, ou 66,17% da população com esquema vacinal completo.

37.   Potirendaba

13.630 pessoas de 17.516 habitantes, ou 77,81% da população com esquema vacinal completo.

38.   Pradópolis

13.823 pessoas de 21.873 habitantes, ou 63,20% da população com esquema vacinal completo.

39.   Rifaina

3.272 pessoas de 3.640 habitantes, ou 89.89% da população com esquema vacinal completo.

40.   Roseira

8.311 pessoas de 10.801 habitantes, ou 76,95% da população com esquema vacinal completo.

41.   Salesópolis

13.665 pessoas de 17.252 habitantes, ou 79,21% da população com esquema vacinal completo.

42.   Sales Oliveira

9.163 pessoas de 11.998 habitantes, ou 76,37% da população com esquema vacinal completo.

43.   Santa Cruz da Esperança

1.716 pessoas de 2.153 habitantes, ou 79,70% da população com esquema vacinal completo.

44.   Santa Ernestina

4.732 pessoas de 5.588 habitantes, ou 84,68% da população com esquema vacinal completo.

45.   Santa Isabel

40.145 pessoas de 57.966 habitantes, ou 69,26% da população com esquema vacinal completo.

46.   Santa Rosa de Viterbo

19.111 pessoas de 26.753 habitantes, ou 71,43% da população com esquema vacinal completo.

47.   Santo Antônio da Alegria

5.878 pessoas de 6.977 habitantes, ou 84,25% da população com esquema vacinal completo.

48.   Santo Antônio do Pinhal

5.551 pessoas de 6.827 habitantes, ou 81,31% da população com esquema vacinal completo.

49.   São Bento do Sapucaí

9.732 pessoas de 10.893 habitantes, ou 89,34% da população com esquema vacinal completo.

50.   São Joaquim da Barra

38.766 pessoas de 52.319 habitantes, ou 74,10% da população com esquema vacinal completo.

51.   São Luiz do Paraitinga

9.304 pessoas de 10.690 habitantes, ou 87,03% da população com esquema vacinal completo.

52.   São Simão

11.000 pessoas de 15.385 habitantes, ou 71,50% da população com esquema vacinal completo.

53.   Sorocaba

494.678 pessoas de 687.357 habitantes, ou 71,97% da população com esquema vacinal completo.

54.   Suzano

197.135 pessoas de 300.559 habitantes, ou 65,59% da população com esquema vacinal completo.

55.   Taquaritinga

42.562 pessoas de 57.364 habitantes, ou 74,20% da população com esquema vacinal completo.

56.   Taubaté

231.756 pessoas de 317.915 habitantes, ou 72,90% da população com esquema vacinal completo.

57.   Ubatuba

64.946 pessoas de 91.824 habitantes, ou 70,73% da população com esquema vacinal completo.

58.   Várzea Paulista

80.456 pessoas de 123.071 habitantes, ou 65,37% da população com esquema vacinal completo.

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