A Velha Guarda de uma escola de samba transcende a simples reunião de sambistas da melhor idade; ela é a alma viva da agremiação, guardiã de sua história e tradição. Composta por integrantes antigos — muitos dos quais fundadores, compositores, passistas e ritmistas que moldaram a trajetória da escola — este segmento encarna a sabedoria acumulada ao longo de décadas de dedicação.
Sua função primordial é preservar os valores e o legado original de uma escola de samba.
No entanto, em um cenário onde escolas centenárias convivem com agremiações jovens, surge a questão: como uma escola com apenas sete anos, como o Grêmio Recreativo Escola de Samba Botafogo Samba Clube, constrói sua Velha Guarda?
Em entrevista, o senhor Almir Frank, presidente da Velha Guarda da Botafogo, esclareceu essa curiosidade. Frank, que está à frente da ala há cinco anos, relembrou que a ala começou com apenas cinco integrantes. Estes componentes vieram de outras escolas e, em sua maioria, eram torcedores botafoguenses.
O presidente destacou o caráter inclusivo do segmento: “O mundo do samba é inclusivo e que hoje a ala possui 42 componentes.” A Velha Guarda da Caçulinha da Liga RJ incorporou não apenas membros de outras escolas, mas até mesmo torcedores de clubes rivais, como a porta-bandeira, consolidando a ideia de que a paixão pelo samba sobrepõe as rivalidades.

Embora existam Velhas Guardas com mais de 50 anos de existência, como a da G.R.E.S. Portela, o Carnaval passa por transformações estéticas e comerciais. O importante, seja com 5 ou 55 anos de fundação da escola, é que a Velha Guarda mantenha a autenticidade e preserve o legado.
Sua presença na Avenida é um testemunho de que o samba nasceu da paixão de homens e mulheres que fizeram da arte uma forma vital de resistência e celebração da vida.
Por Claudia Monteiro