“Dez, nota dez!” Trinta anos sem Carlos Imperial, criador do bordão famoso nas apurações dos desfiles das escolas de samba

Há exatos 30 anos, no dia 04 de Novembro de 1992, a indústria do entretenimento no Brasil se despedia do polêmico e irreverente Carlos Imperial. Desconhecido para muitos brasileiros, o produtor artístico, ator, compositor e político, foi o criador da expressão “Dez, nota dez”. Famoso bordão para quem acompanha as apurações dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro,

Em 1984, o então vice governador do Rio, Darcy Ribeiro, escalou Carlos Imperial para a função de locutor na comissão de carnaval da cidade. Durante a leitura da primeira nota máxima, ele soltou ‘dez’ e depois repetiu o ‘nota dez’, levando euforia e emoção aos torcedores presentes no Maracanãzinho, local das apurações daquele ano. O bordão até hoje é usado, inclusive pelo Presidente da Liesa e atual locutor oficial do Grupo Especial do Rio de Janeiro, Jorge Perlingeiro. Através de drecreto, em 2014, a expressão ganhos status de Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.

Carlos Imperial em 1968 nos desfiles de fantasias do Municipal – Acervo O Globo

Desde sempre ligado ao carnaval, no final dos anos 60 Carlos Imperial participou do badalado concurso de fantasias do Theatro Municipal apresentando-se com a fantasia “Rei dos Hippies”, confecção do saudoso destaque luxo por Mauro Rosas.

Carreira no cenário musical e nas artes cinematograficas e televisivas

Capixaba de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Imperial também tem relevância na história da música popular brasileira. Contribuiu no inicio das carreiras de artistas como Roberto Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal, Erasmo Carlos e Elis Regina. Como compositor, assinou os sucessos “Você passa e eu acho graça”, em parceria com Ataulfo Alves e clássico na voz de Clara Nunes, “Mamãe passou açúcar em mim“, “Vem Quente Que Eu Estou Fervendo“, sucesso da jovem guarda, este composto em parceria com Eduardo Araújo.

Carlos Imperial canta para Castor de Andrade, no final dos anos 60. Período que o bicheiro cumpria prisão no extinto presídio da Ilha Grade – Acervo O Globo

Os filmes de Imperial seguiam os padrões da era da pornochanchada brasileira. As produções eram recheadas de cenas picantes e de mulheres de biquíni. Nada diferente da sua vida pessoal, desregrada. inclusive todas suas polêmicas é contada no livro Dez! Nota Dez!: Eu Sou Carlos Imperial, de Denilson Monteiro, e no documentário Eu sou Carlos Imperial, de Renato Terra e Ricardo Calil.

Nos 60 apresentou o programa de televisão O Clube do Rock. Já nos anos 70, participou do programa de calouros apresentado por Chacrinha, como jurado. No final da mesma década, apresentou um polêmico programa, que levava seu nome na extinta TV Tupi. Também foi colunista da Revista Amiga, desde seu primeiro número em 1969, nos jornais Última Hora,  Revista do Rádio e Jornal dos Sports, onde assinava colunas com textos recheados de irreverência.

Em 1982 Carlos Imperial foi o vereador mais votado do Rio de Janeiro. Ainda Imperial atuando na política, disputou a Prefeitura da cidade maravilhosa em 1985.

Com seu jeito imoral, escrachado e revolucionário, Carlos Imperial ajudou a moldar a cultura Pop nacional. O artista era vítima de uma doença rara, a Miastenia, enfermidade neuromuscular caracterizada pela súbita comunicação natural entre nervos e músculos, que lhe causou uma infecção generalizada no fim de sua vida. Após operação para a retirada do timo, órgão linfático situado próximo ao coração, não resistiu e faleceu aos 56 anos de idade em 04 de Novembro de 1992.

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