DONA IVONE LARA

Em 13 de abril de 1922 nascia no Rio de Janeiro/RJ, Dona Ivone Lara.

Conhecida como a Dama do Samba, emplacou os sucessos “Sorriso Negro”, “Acreditar” e “Sonho Meu”, conviveu com figuras como Mestre Aniceto, Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, e ainda quebrou muitos estigmas ao tornar-se a primeira mulher a integrar a ala dos compositores de uma escola de samba.

Aos 12 anos, ela escreve sua primeira canção, o samba de partido-alto “Tié, Tiê”. Durante a adolescência, teve como professores de música erudita Zaíra de Oliveira, esposa do compositor Donga, e Lucília Villa-Lobos, casada com Heitor Villa-Lobos.

Aos 17 anos, começa a estudar Enfermagem e trabalhar como plantonista de emergência, reservando as horas vagas para participar de rodas de choro na casa do tio, Dionísio, que tocava violão de sete cordas e fazia parte de grupo de chorões que reunia Pixinguinha, Donga e Jacob do Bandolim.

Aos 25, é contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, onde permanece por 37 anos até se aposentar. Especializada em terapia ocupacional, Ivonne trabalhou no Serviço Nacional de Doenças Mentais com a doutora Nise da Silveira, médica que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil.

Nesta mesma época, casa-se com Oscar Costa, filho do fundador da escola de samba Prazer da Serrinha. Sempre priorizando o trabalho de enfermeira, mas com um pé na música, programava suas férias em fevereiro para participar dos desfiles de Carnaval.

Com o fim da escola Prazer da Serrinha, começa a frequentar a escola de samba Império Serrano. Compõe alguns sambas e partidos-altos para a agremiação – que eram mostrados aos outros sambistas pelo primo Fuleiro, como se fossem dele – no entanto, o preconceito não abria espaço para mulheres compositoras.

Apesar das desavenças, Dona Ivone foi a primeira mulher a integrar a ala dos compositores de uma escola de samba. Em 1965, a mais nova integrante da Ala dos Compositores do Império Serrano compôs, com Silas de Oliveira e Bacalhau, o clássico samba-enredo “Os Cinco Bailes Tradicionais da História do Rio”.

O envolvimento cada vez maior com a agremiação rendeu-lhe, entre outras alegrias, a convivência com Mestre Aniceto, Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, que mais tarde seriam seus parceiros em algumas canções.

Senhora da canção
Somente aos 56 anos de idade, Ivone passa a dedicar-se exclusivamente à música, lançando em 1978 seu primeiro disco, “Samba Minha Verdade, Samba Minha Raiz”, gravado pela gravadora Copacabana e produzido por Sargenteli e Adelson Alves.

Mesmo tendo assumido a carreira musical tardiamente, nas décadas seguintes consagra-se como grande compositora com músicas gravadas por Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte.

Recentemente, a rainha maior do samba foi homenageada pela Ocupação Dona Ivone Lara, que contou com a curadoria da equipe do Itaú Cultural, do músico Tiganá Santana e do jornalista Lucas Nobile; pelo projeto Sambabook e através da publicação do livro “Dona Ivone Lara – A Primeira Dama do Samba”, de autoria de Nobile.

Em 2012, foi homenageada pelo Império Serrano, na Série A, com o enredo “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba” de Mauro Quintaes, conquistando o vice-campeonato.

Em 2018, uma das 10 mulheres influentes do Rio de Janeiro/RJ nos deixou aos 96 anos.

Redação: Thiago Cânepa Amorim

 

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp