Escola de samba é território negro!

Com o surgimento do samba como gênero musical e os desfiles das escolas de samba, o carnaval virou uma manifestação pioneira no que tange a visibilidade ao movimento cultural afro brasileiro. No país que ainda criminaliza e marginaliza o corpo negro, este mesmo corpo, cria e produz o maior espetáculo do planeta.

Nascidas dentro das comunidades, as primeiras escolas de samba (fundadas no inicio da década de trinta) estão totalmente relacionadas com as religiões de matrizes africanas e a permanências negras urbanas do período logo após a escravidão. A mistura cultural e religiosa é percepitível até hoje nas batidas de suas baterias, que tiveram como seus primeiros ritmistas os ogans dos terreiros de Candomblé. Outro exemplo que resiste ao tempo é a tradicional Ala das baianas, que inicialmente era composta pelas mães de santo oriundas da Bahia, estas foram figuras fundamentais na resistência da opressão sofrida pelo movimento no inicio do século passado.

Os famosos cortejos das comunidades possuem na sua essência a crítica social e exaltação dos povos marginalizados da história do Brasil. Na intenção de ressignificar a história, os desfiles das escolas de samba contribuiram decisivamente para levar ao conhecimento da população a existência e a importância de nomes como Zumbi dos Palmares, Chico Rei, Tereza de Benguela, Chica da Silva, Dom Obá II, Nzinga e Agotime, entre outros personagens que na época eram ignorados na história apresenta nos livros escolares.

A Resistencia da Raiz Cultural Negra

Diversas influências, que passam por apropriação cultural e a interferencia da mídia, foram mudando as escolas de samba com passar dos anos. A estrutura racista promoveu o afastamento da comunidade negra em diversas agremiações. O resultado é visto no aumento da ocupação branca em postos como Dirigentes, Diretores e na, hoje midiática, função de Carnavalesco. Papéis em que o negro ocupa uma pífia porcentagem no processo atual.

No caso da mulher negra, chama atenção a invisibilização e objetificação, sendo preterida em lugares antes ocupados por elas. Caso do cobiçado posto de Rainha de bateria. A partir dos anos noventa, como se não bastasse ser ocupado por celebridades, quase sempre brancas, recentemente passou-se a vender a vaga por altos valores que dificultam a ocupação por mulheres negras das comunidades. No Grupo Especial do Rio, apenas cinco, das doze escolas de samba, vão levar uma Rainha de Bateria Negra.

Felizmente, o processo de resgate da identidade negra nas escolas de samba vem ganhando fôlego nos últimos anos, muito através de militâncias que têm aumentado suas vozes sobre a existencia e os males do racismo estrutural. Consequentemente, traz cada vez mais questionamentos, vindo de até mesmo de enredos recentes, sobre o embranquecimento dentro das agremiações e o seu pertencimento original negro.

20 de Novembro – Dia Nacional da Consciência Negra

Neste domingo, 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Consciência Negra. A data, feriado em várias cidades e estados pelo país, marca o dia em que o líder negro Zumbi dos Palmares foi morto em 1695, ao não se curvar a força das correntes durante a escravidão.

Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares, um refúgio para escravos fugidos, índios e outras minorias. Palmares destrído em 1694, Zumbi morto em 20 de novembro do ano seguinte.

Em 1960, o Acadêmicos do Salgueiro quebrou paradigmas e revolucionou o carnaval, ao retratar o líder de Palmares com o enredo “Quilombo dos Palmares”, de Fernando Pamplona.

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