João Machado Guedes, nascido no dia 17 de maio de 1887 e mais conhecido como João da Baiana, foi um dos pioneiros do Samba, gênero musical que se materializou nas ruas do Rio de Janeiro para finalmente ser aceito por todo o país.
Contemporâneo de nomes como Pixinguinha, Caninha e Sinhô, João era amigo de infância de outros pioneiros do samba, como Donga e Heitor dos Prazeres e, como o primeiro, era filho de uma das Tias Baianas, filhas de escravos que organizavam festas em seus terreiros onde o samba começou a existir. Sua mãe era de Tia Prisciliana que, ao lado de Tia Amélia (mãe de Donga), Tia Ciata, Tia Bebiana, Tia Veridiana, entre outras baianas filhas de escravos que vieram para o Rio de Janeiro, fundar a base para a criação do gênero.
Na adolescência, trabalhou no Circo Spinelli e depois auxiliar de carpinteiro de estaleiro. Nesta época já era atração nas festas pela sua habilidade como pandeirista. Tornou-se conhecido o episódio no qual a polícia apreendeu seu pandeiro impedindo-o de tocar na casa de um Senador Pinheiro Machado. O politico, ao saber do fato, o presenteou com um pandeiro novo.
João se destacou como compositor, embora tenha poucas obras assinadas, e principalmente como ritmista. Foi o introdutor do prato e faca como instrumento de percussão, que inventou ainda criança e que tornou-se popular entre os grupos do início do século vinte. Também foi responsável por introduzir o pandeiro, instrumento de origem árabe que estava começando a ser utilizado em orquestras, nas rodas de samba.
Compôs músicas que enfatizam o aspecto religioso das origens do samba, como “Lamento de Iansã“, “Cachimbo da Vovó“, “Nanan Boroque” e “Amalá de Xangô“, e, por isso, foi escolhido pelo maestro Heitor Villa-Lobos para participar da gravação do disco “Native Brazilian Music“, organizado pelo maestro inglês Leopold Stokowski, em 1940. Antes disso, em 1922, recusou o convite de Pixinguinha para participar do mítico grupo Os Oito Batutas, pois não queria abandonar seu emprego de fiscal da Marinha.
O reconhecimento de sua importância veio tardiamente, mas ainda pôde desfrutá-lo em vida, quando foi convidado para dar o primeiro depoimento registrado pelo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, em 1966. Dois anos depois, gravaria o clássico disco “Gente da Antiga“, ao lado de Pixinguinha e Clementina de Jesus. Mas logo seria esquecido mais uma vez, e morreria em 1974, dois anos depois de se internar no abrigo Retiro dos Artistas.