Império Serrano 1982 – Carnaval Campeão e Inesquecível

 

O carnaval era o de 1982, quando passaram pela pista de desfiles daquele ano doze escolas de samba e foi preciso que a última agremiação entrasse para fazer sua apresentação, para que se pudesse assistir a um desfile campeão, que ficou marcado para sempre na história do carnaval carioca.

Quem esteve presente na Marquês de Sapucaí naquele 21 de fevereiro, esperou por cerca de 16 horas para assistir ao desfile do Império Serrano que fechava o carnaval.

“Bumbum Paticumbum Prugurundum”, concebido originalmente pelo mestre Fernando Pamplona foi o enredo apresentado pelo Império Serrano, desfile este que rendeu à escola seu último campeonato no grupo especial das escolas de samba do Rio de Janeiro, a nona estrela no pavilhão da escola da Serrinha.

O nome original do enredo seria “Praça XI, Candelária e Sapucaí”, em sua sugestão original, mas as carnavalescas optaram pela onomatopéia – registro do som do surdo – que acabou oferecendo sorte à agremiação.

A proposta desde enredo, como já foi mencionado, foi de Fernando Pamplona, mas o curioso é que ele não assumiu como carnavalesco da escola, tendo na época deixado essa tarefa para Rosa Magalhães e Lícia Lacerda.

A dupla de carnavalescas, no desenvolvimento do enredo, dividiu a história do carnaval carioca em três fases, de acordo com os locais onde eram realizados os desfiles. A primeira era a da Praça Onze, a segunda, a da Candelária e finalmente chegaram à Marquês de Sapucaí, com as das super escolas de samba S/A.

Na realidade o objetivo do enredo era apresentar uma crítica à espetacularização do carnaval, que na visão das carnavalescas acabava descaracterizando as escolas de samba e desfavorecendo o papel do verdadeiro sambista.

O Império Serrano, que vinha da última colocação no carnaval anterior, naquele ano contava com poucos recursos para a realização daquele desfile, chegando ao ponto das fantasias serem elaboradas numa sala da quadra da escola, sendo que as alegorias e esculturas foram produzidas num galpão da empresa de limpeza pública do Rio de Janeiro.

A escola contava com 2.800 componentes, divididos em 30 alas, com três carros alegóricos.

Depois da passagem de onze escolas na pista de desfiles, finalmente o Império serrano adentrou a pista por volta das dez horas e trinta e cinco minutos da manhã, com sol alto e uma temperatura de cerca de 37 graus, o que fez muitos desfilantes passarem mal.

Já no início do desfile, o sistema de som falhou duas vezes quando Quinzinho, que estreava no posto, começou a cantar o samba, fazendo com que a escola tivesse de reiniciar seu desfile.

No setor alusivo a Praça 11, o desfile iniciava com grandes bonecos carnavalescos. Este setor tinha uma comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira próprios.

No setor da Candelária, a alegoria apresentada trazia as tradicionais decorações de rua e dois bonecos representando um casal de mestre-sala e porta-bandeira.

No setor da Marquês de Sapucaí, onde era apresentada a crítica da escola, foi apresentado o seu maior carro alegórico, que era uma clara afronta ao estilo de carnaval do mago Joãosinho Trinta, que havia potencializado nos anos anteriores, primeiramente no Salgueiro e posteriormente com a Beija-Flor de Nilópolis. A alegoria trazia diversos manequins de mulatas e no alto a representação do próprio João e a destaque Pinah, reproduzidos por bonecos de isopor.

Naquele carnaval, por força do regulamento, foram proibidas figuras vivas no alto das alegorias, situação esta que foi descumprida pela Imperatriz Leopoldinense, Beija Flor e Unidos de São Carlos, que por isso perderam pontos após a apuração das notas.

O samba daquele carnaval, de autoria da dupla de compositores Beto Sem Braço e Aluízio Machado, já era destaque nas rádios na época e serviu perfeitamente para fazer as arquibancadas sacudirem na Sapucaí, contagiando a assistência, na voz de Quinzinho.

Esse desfile encerrou-se já era quase meio dia.

O Império Serrano, com este desfile de 1982, ganhou o Estandarte de Ouro, do jornal O Globo como melhor escola e ainda nas categorias de bateria, comunicação com o público, enredo, personalidade masculina, revelação e claro samba enredo.

Na apuração, o Império Serrano ficou em primeiro lugar, somando 187 pontos, dois a mais que a vice-campeã Portela.

Para o desfile das campeãs a escola precisou refazer esculturas danificadas e peças de adereços reproduzidas.

por Sidnei Louro Jorge Júnior

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