“O artista carnavalesco não é aquele que quer apresentar belo ou o horror. Ele tem que levantar um pensamento. Não é o bonito que interessa, é o pensar. É preciso ter uma ideia a serviço do Carnaval.” (Leandro Vieira)
Carnavalesco que já na sua estreia no grupo especial das escolas de samba do Rio de Janeiro, alcançou um campeonato para a Estação Primeira de Mangueira, Leandro Vieira nasceu na capital fluminense em julho de 1983.
Desde os 19 anos de idade Leandro já se via envolvido no mundo do carnaval já que frequentava barracões de escolas de samba.
Antes de assumir carreira solo como carnavalesco, Leandro Vieira foi figurinista e assistente artístico em várias agremiações, dentre as quais se pode citar Grande Rio, Portela e Imperatriz Leopoldinense.
Graduado pela conceituada Escola de belas Artes da UFRJ iniciou carreira colorindo figurinos no ano de 2007, posteriormente chegou ao posto de assistente artístico.
No ano de 2014 foi assistente na Imperatriz Leopoldinense e na Grande Rio, tendo estas duas agremiações se feito presentes no desfile das campeãs.
No carnaval de 2015 estreou na Marquês de Sapucaí como carnavalesco na Caprichosos de Pilares, naquele ano desfilando pela série A, com o enredo “Na minha mão é mais barato!”, enredo onde pretendia mostrar a evolução histórica do comércio popular e na época dedicado a memória de Fernando Pamplona. Com este desfile a Caprichosos alcançou a sétima colocação.
“Enredos patrocinados diminuem o conteúdo artístico e político. Se o Carnaval é arte, não pode estar a serviço do comercial. A arte não pode ser distorcida. Por isso é importante fazer uma revisão desse modelo. Em alguns aspectos, o dinheiro em excesso reduziu a importância do Carnaval, enquanto atividade cultural.” (Leandro Vieira)
Desligando-se da Caprichosos logo que passou o carnaval, de cara Leandro Vieira, na época com 29 anos de idade, foi contratado pela tradicional estação Primeira de Mangueira, para realizar o carnaval de 2016, onde planejou o enredo “A menina dos Olhos de Oyá”, homenagem da verde e rosa a cantora Maria Bethânia. Já nesse primeiro carnaval no grupo especial alcançou o campeonato para a Mangueira, encerrando um longo jejum que já durava 14 anos.
Tal como havia acontecido com o mestre Joãosinho Trinta no ano de 1971, quando venceu pelo Acadêmicos do Salgueiro com o enredo “Festa para um Rei Negro”, Leandro venceu no seu primeiro ano de grupo especial como carnavalesco.
Com esse desfile de 2016 Leandro Vieira ganhou seu primeiro Estandarte de Ouro, na categoria de revelação.
Ainda no ano de 2016 Leandro Vieira recebeu a Medalha Pedro Ernesto, maior comenda do município, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
Seguindo na Mangueira, para 2017 Leandro apresentou para a escola o enredo “Só com a Ajuda do Santo”, com o qual a agremiação conquistou a quarta colocação.
Para esse desfile de 2017 na Mangueira Leandro criou o tripé Cristo-Oxalá”, estrutura esta que acabou vetada para o desfile das campeãs em função de uma solicitação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Neste mesmo carnaval de 2017, Leandro ainda atuou no carnaval paulista na Mocidade Alegre, fazendo parte de uma comissão de carnaval juntamente com Carlos Lopes, Neide Lopes e Paulo Brasil. O enredo desenvolvido foi “A Vitória vem da Luta, a Luta vem da Força e a Força da União”, enredo alusivo aos 50 anos de fundação da escola.
No carnaval de 2018, Leandro Vieira planejou seu primeiro enredo crítico na Mangueira, tendo o enredo recebido o título de “Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco”, tendo alcançado a quinta colocação naquele carnaval.
No final do ano de 2018 foi anunciado o fim da união do carnavalesco Leandro Vieira com a primeira porta-bandeira da verde rosa Squel, casamento este que durou por cerca de dez anos.
No carnaval passado a Mangueira trouxe o enredo “História para ninar gente grande”, outra crítica política preparada por Leandro Vieira, tendo alcançado com este desfile seu 20º título no carnaval carioca a verde e rosa. Na apuração, a Mangueira recebeu nota máxima em todos os quesitos, após os descartes.
No carnaval de 2020, Leandro apresentará o quinto enredo autoral à frente da verde-e-rosa, com o título “A Verdade vos fará Livre”. Além disso, depois de passado o primeiro semestre deste ano, foi anunciado que a Imperatriz Leopoldinense, rebaixada no último carnaval para o grupo de acesso A, terá também Leandro Vieira como carnavalesco, reeditando desfile da escola de 1981, dessa vez com o título “Só dá Lalá”, uma homenagem ao compositor Lamartine Babo.
“O Carnaval se consagrou como uma manifestação artística graças a uma série de carnavalescos que ao longo dos anos se desdobraram e buscaram estéticas diferentes. Limitar o espetáculo ao nome de Joãozinho Trinta e ao de Paulo Barros é esquecer gente como Fernando Pinto, Rosa Magalhães, Renato Lage, Arlindo Rodrigues, entre outros que contribuíram decisivamente para a formatação visual do Carnaval, quiça até maiores que as dos dois.” (Leandro Vieira)
Ainda no ano de 2017 Leandro Vieira inaugurou exposição no Paço Imperial sobre o carnaval da Mangueira daquele ano. “Bastidores da criação – Arte aplicada ao carnaval” teve como objetivo ressignificar o desfile das escolas de samba como manifestação artística. A exposição contava com croquis, fotografias, maquetes e figurinos desenvolvidos para o enredo da Mangueira em 2017, “Só com a ajuda do santo”. Algumas fantasias foram mostradas em miniaturas, como as de São Jorge, São Pedro e Cavalhada. A alegoria do Círio de Nazaré, que na Avenida chegava a 15 metros, virou maquete de um metro. Um vídeo mostra o trabalho no barracão e explicava o conceito de cada setor do enredo. E um painel trazia o fluxo de confecção de um desfile, de maio a fevereiro.
No ano de 2018 na exposição “O Rio do Samba: resistência e reinvenção” sediada no Museu de Arte do Rio, que pôde ser visitada por um ano, havia uma instalação interativa criada especialmente pelo artista Ernesto Neto, em parceria com o carnavalesco da verde e rosa, Leandro Vieira, que estava instalada no terceiro andar do prédio.
Desde o carnaval de 2017 Leandro Vieira tem atuado como comentarista da TV Globo nos desfiles do grupo de acesso A do carnaval do Rio de Janeiro.
Por Sidnei Louro Jorge Júnior