Há 35 anos a Secretária de Turismo de São Paulo, UESP se uniram a RioTur, e promulgaram que a escola vencedora do Carnaval Paulista iria desfilar no sábado das campeãs do Rio de Janeiro para comemorar mais de 50 anos do carnaval carioca.
A novidade de 1985 foi o suficiente para promover um frenesi entre as comunidades, o luxo tomou conta de todas as escolas, houve um esforço tremendo de todos, e a campeã foi a Nenê de Vila Matilde que desfilou o enredo “O Dia Que o Cacique Rodou a Baiana Aí Ó” do carnavalesco carioca Geraldo Cavalcante. O enredo abordava a desigualdade social brasileira no período da década de 80 com foco no caso do Cacique Juruna,transformando a situação histórica vigente em uma sátira carnavalizada do Brasil Contemporâneo.
O samba de autoria da Ala Jovem e Paulinho Matilde, foi cantado na avenida pelo lendário Armando da Mangueira. O de 85 titulo da acabava com o jejum que durava 15 anos. Inclusive, até aquele ano, a Nenê era a escola com mais títulos do carnaval de São Paulo, havia conquistado 10 até o momento.
A Barroca Zona Sul com o enredo “Chico Rei – O Esplendor de Uma Raça“, fez desfile de favorita mas a perda de seis pontos por atraso no tempo de desfile tirou o título da escola. Rosas de Ouro e Vai Vai, ficam com a segunda e terceira colocação respectivamente.
Fundada no Largo do Peixe em 1949 por Seu Nenê e sendo uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, a Nenê de Vila Matilde no seu auge, aportava na cidade maravilhosa com todo seu contingente e alegorias, que devido a viagem chegaram na maioria danificadas.
O sambódromo do Rio era palco do seu segundo carnaval e o Desfile das Campeãs estava recheado pela nata do samba carioca. Desfilavam naquele sábado escolas como a Vice Beija Flor de Nilópolis de Joãozinho Trinta, a campeã Mocidade Independente de Padre Miguel de Fernando Pinto, entre outras.
A escola de Nilópolis por exemplo pode se apresentar à noite e, enfim, mostrou os efeitos especiais que estavam programados para o desfile oficial. Já a Mocidade trouxe um dragão que cuspia fogo, ausente no desfile oficial. Mas a grande novidade daquela noite foram os desfilantes da escola de São Paulo que mesmo vindo após uma chuva, mostraram que na terra da garoa também tem samba. A Zona Leste mostrou o seu valor e sua arte.
Até hoje a Nenê é a única Escola de São Paulo que desfilou na Marquês de Sapucaí, palco do samba carioca. Seu fundador falecido em 2010, tinha o orgulho de ter participado da maior glória até hoje para uma escola de Samba Paulistana. Tal feito mereceu uma menção no samba de 1988, “E o poeta falou: Zona Leste somos nós!!!”. O primeiro refrão diz “Está tudo aí para você curtir / do Largo do Peixe à Sapucaí”.
Com o passar dos anos e a mudança do perfil do carnaval de São Paulo, a Nenê ficou um grande período sem títulos, de 1986 a 2001, quando ganhou com o enredo “Voei, voei, na Vila aportei, onde me deram a coroa de rei” do carnavalesco Augusto de Oliveira.
A escola foi rebaixada para o Grupo de Acesso de São Paulo em 2009, retornando ao Grupo Especial em 2013. Por lá ficou até 2017. Um péssimo resultado no ultimo carnaval da Águia Guerreira da Zona Leste no Grupo de Acesso, terminou com o inédito rebaixamento para o Acesso 2. Realidade impensável para quem esteve com a escola naquele inesquecível ano de 1985.