A recente proposta do deputado Dionísio Lins (Progressista) de aumentar de uma para três as escolas a subirem para o Grupo Especial causou um debate acalorado no carnaval. Como jornalista que acompanha de perto a cultura, é preciso refletir sobre o assunto, que tem gerado controvérsia.
Em ano eleitoral, a inserção de figuras políticas em questões culturais sem um conhecimento aprofundado da “engrenagem” do carnaval pode causar estranheza. A atitude de “jogar para a galera”, em busca de engajamento e promoção pessoal, é uma tática comum. Embora a proposta em si possa ser interessante, é preciso ter cautela e questionar a insistência repentina no tema.
O sonho de 15 escolas no Grupo Especial agrada à comunidade e, talvez, até aos dirigentes da Liesa. No entanto, o gigantismo dos desfiles atuais já esbarra na capacidade da Cidade do Samba. Os dois barracões que poderiam abrigar novas escolas hoje são usados para auxiliar as 12 já existentes. A proposta não apresenta uma solução logística para a terceira escola.
Além disso, sobre a subvenção pública para mais três agremiações, não foi apresentada uma proposta concreta de como seria o repasse e qual o valor, lembrando que estamos falando de dinheiro público.
A crítica do parlamentar aos camarotes, chamando-os de “problema”, também merece um olhar cuidadoso. Os camarotes são um “mal necessário” da Sapucaí. A receita que geram ajuda a injetar dinheiro nas escolas. O que falta é fiscalização mais rigorosa, já que são convidados de luxo, não os protagonistas.
Existem tantos problemas urgentes no carnaval que a atenção do poder público seria bem-vinda, mas o debate se concentra em frases de efeito que geram histeria e engajamento. A função de um deputado, conforme o portal da Alerj, é “discutir e produzir leis com impacto direto na vida das pessoas”. Nesse contexto, há questões mais urgentes para a Assembleia Legislativa. É mais prudente que as decisões sobre os desfiles fiquem nas mãos das ligas responsáveis.
A comunidade deve ficar atenta aos próximos passos e ter em mente o quão perigoso é o carnaval se tornar refém de decisões políticas que não consideram sua complexidade.