Opinião: Desligamento de Carmem Mondego expõe racismo estrutural no carnaval

A recente polêmica envolvendo o desligamento da musa Carmem Mondego da Imperatriz Leopoldinense levanta questões cruciais sobre racismo estrutural e a superficialidade de certos discursos antirracistas no mundo do samba.

A decisão da escola de afastar Carmem, após sua ausência em um compromisso para desfilar em Porto Alegre, é compreensível. No entanto, a forma como a Imperatriz comunicou a decisão revela uma disparidade de tratamento que não pode ser ignorada.

Enquanto o desligamento de uma musa branca foi tratado com cordialidade e desejos de sucesso, Carmem, uma mulher negra, foi exposta a um texto humilhante e desrespeitoso, questionando seu profissionalismo e comprometimento. Essa diferença gritante expõe o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira, onde mulheres negras são frequentemente subjugadas e desvalorizadas.

A Imperatriz, conhecida por seus enredos afro-brasileiros e discursos de valorização da cultura negra, contradiz sua própria narrativa ao tratar Carmem com tamanha falta de respeito. A escola demonstra que a apropriação de símbolos e discursos antirracistas não garante, por si só, uma postura genuinamente antirracista.

É preciso que as escolas de samba, enquanto importantes agentes culturais, transcendam a superficialidade do discurso e adotem práticas antirracistas em sua gestão e no tratamento de seus membros. A valorização da cultura negra não pode se limitar aos desfiles; ela precisa se refletir em ações concretas de respeito e igualdade.

A polêmica envolvendo Carmem Mondego serve como um alerta para a necessidade de um debate profundo sobre racismo estrutural no mundo do samba. É preciso que as escolas se comprometam com a construção de um ambiente verdadeiramente inclusivo e antirracista, onde mulheres negras sejam respeitadas e valorizadas em sua totalidade.

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