Os anos cinqüenta em Pelotas, e no Brasil como um todo, foram anos de profundas e intensas mudanças. A industrialização, a modernização urbana e a migração do campo para as cidades, foram fatores que alteraram as formas de percepção da cidade e suas dinâmicas sociais.
Pelotas nessa época era a vigésima cidade brasileira em termos populacionais e a segunda maior cidade do Rio Grande do Sul.
Por possuir uma concentração maior de estabelecimentos comerciais, e por dirigir o comércio das regiões ao seu entorno, Pelotas era considerada uma “capital regional”. Além do mais, sua zona de influência se estendia por todo o sul do estado, ao exercer também a função de centro cultural, por suas faculdades e instituições de ensino superior. Igualmente há que se fazer referência a posição da cidade, como um centro de serviços especializados e sede de diversos órgãos federais e estaduais para toda a região sul do estado.
De fato, a cidade crescia e se modernizava. A construção de edifícios comerciais nas principais ruas do centro, revela a dimensão do desenvolvimento econômico e urbano da cidade, já que os mesmos eram construídos para abrigar atividades tipicamente urbanas, como escritórios médicos, de advocacia, contábeis, de engenharia e de representações comerciais. A valorização das ruas comerciais se efetivava com a construção dos altos edifícios, alguns com finalidade residencial, o que implantou também uma nova forma de viver e morar na cidade.
Deste modo, se produzia uma diferenciação entre o espaço central, monumental e moderno, e um espaço periférico, onde se mesclavam as incipientes marcas da paisagem urbana em transformação e um ambiente ainda rural. O espaço central, dotado de novas infra-estruturas e de intenso movimento comercial, é também um espaço onde diversos agentes passam a se movimentar de acordo com seus interesses imediatos e futuros. Todas estas mudanças na paisagem da cidade revelam também uma nova ideologia urbana, na qual os altos edifícios se impõem no cenário da urbe, como os ícones máximos do processo de modernização e indicativos de prosperidade.
A expansão comercial de Pelotas se produziu simultaneamente ao desenvolvimento da indústria na cidade.
Foi neste cenário urbano, que na data de oito de novembro do distante ano de 1950, aconteceu a fundação de mais uma entidade carnavalesca na nossa cidade de Pelotas; pois foi aí que nasceu a Escola de Samba General Telles.
O jornal “A Alvorada” em sua edição de 18 de novembro de 1950, na página três, noticiou a fundação da Escola de Samba General Telles.
Em seu nascedouro, nossa agremiação carnavalesca foi fundada no encontro das ruas Alberto Rosa e D. Pedro II, onde após várias proposições de nome, recebeu a denominação atual, qual seja, Escola de Samba General Telles. Impõe-se aqui a necessidade de que se destaque o nome de seus fundadores: Alfredo Chagas, Milton Galfru, Sidney Rodrigues, Valter Leal e Osvaldo Meireles, além dos participantes do primeiro desfile realizado.
Depois de mais de uma década de desfiles momescos, foi nos anos sessenta, mais especificamente no ano de 1961, que a General Telles conquistou seu primeiro título, campeonato este alcançado no ano em que teve início a participação ativa das mulheres nos desfiles de carnaval, uma vez que antes somente homens faziam parte da escola.
Na história da General Telles importante destacar-se que foi na década de setenta, mas precisamente no ano de 1975, na cidade de Bagé, que a escola conquistou seu primeiro título regional e no ano de 1978, na cidade de Porto Alegre, conquistou o título estadual.
Em todos estes anos de desfile possui três tri campeonatos, o primeiro conquistado na década de oitenta, na gestão do então presidente Welinton da Cunha Pereira, quando não se pode deixar de destacar o lançamento do saudoso estilista Pompílio Neves de Freitas na passarela do samba, como uma das apostas de sucesso da General Telles. O segundo tri campeonato na gestão de Fernando Moreira e já na década de noventa, o terceiro tri campeonato, sob a gestão do Presidente Sidnei Afonso.
Aliás é de também destacar-se que a General Telles, em todos estes anos de carnaval, foi a responsável pelo lançamento de grandes profissionais no mundo do carnaval, tanto no campo do estilismo, como da dança, das artes plásticas e da música.
Hoje a General Telles é a única escola de samba pelotense que alcançou um total de vinte e dois campeonatos em sua história, sendo o último o do carnaval passado.
Na década de oitenta foi que a General Telles alcançou uma de suas grandes vitórias, pois foi no ano de 1985 que a Escola ganhou do Poder Público Municipal, por doação, a atual sede que vem sendo mantida e reformada por seus abnegados diretores e colaboradores, que são capazes de unir esforços em torno dessa paixão pelo samba, que é a General Telles. A atual sede e quadra de ensaios fica localizada à rua General Neto, nº 10, nesta cidade de Pelotas.
A General Telles trouxe uma série de inovações para o carnaval de Pelotas, já que foi a pioneira na apresentação de comissão de frente, carro abre alas, samba de enredo e utilização de carro de som.
Nestes muitos anos de carnaval, a General Telles trouxe para a passarela do samba grandes temas de enredo, os quais sempre proporcionaram à escola, a apresentação de belos espetáculos ao público, sempre presente nas dependências da pista oficial de desfiles. Muitos lugares, pessoas e entidades serviram como base para o desenvolvimento de inesquecíveis desfiles, como foi o desfile em homenagem à bailarina Dicléia Ferreira de Souza, o desfile comemorativo ao centenário do Clube Diamantinos, o inesquecível “Brasil Alegria Tropical”, entre tantos outros.
Aliás não se pode deixar de falar na grande torcida que tem a agremiação, a qual sempre faz questão de colorir a passarela com as cores da vermelho e branco da Várzea e para isso nada melhor do que o verso do samba de enredo de 2009 que dizia:
. . . Assim surgiu
A alegria de um povo sonhador
Que declarou o seu desejo, seu amor
Pela escola que então se consagrou . . .
Por fim, para o próximo carnaval de 2020, a General Telles já está preparando-se para apresentar um tema de enredo alusivo aos seus 70 anos que serão comemorados no próximo ano.