O desfile das escolas de samba da série ouro da capital gaúcha, aconteceu dividido em duas partes, a primeira encerando os desfiles que iniciaram na sexta-feira a noite e o restante já na madrugada desse domingo, encerrando os desfiles que começaram na noite deste último sábado, dia sete de março, no complexo cultural do Porto Seco.
A primeira escola do grupo ouro a desfilar foi a Acadêmicos de Gravataí, que trouxe enredo falando sobre quilombos em nosso país.
Na comissão de frente observou-se um componente com indumentária de onça, rodeado pelos griôs, responsáveis por transmitir a história e os acontecimentos oralmente aos mais jovens.
Destaque para a roupa do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, pela vestimenta luxuosa.
Já no carro abre-alas, a agremiação trouxe a representação de um navio negreiro, acompanhado pela onça negra, símbolo da escola.
Na seqüência foi a vez da Império da Zona Norte, trazer a sua homenagem à Olívio Dutra, chamado de Galo Missioneiro. O homenageado veio na última alegoria da escola, juntamente com a esposa e amigos, a grande maioria políticos e sindicalistas.
Destaque para a coreografia apresentada pela comissão de frente da escola, formada por indígenas e personagens que mostravam várias fases da vida do homenageado, apresentando um elemento alegórico que possibilitava que parte do grupo ficasse oculto em parte da apresentação.
Os ritmistas da agremiação executaram várias paradinhas.
A terceira agremiação a desfilar foi a União da Vila do IAPI, que trouxe a comemoração pelos seus 40 anos de fundação, tendo a intenção de relembrar antigos carnavais e exaltar o símbolo da agremiação, que é o “trem da alegria”.
Dificuldades para colocação de destaques e composições no carro abre alas fizeram com que o desfile da escola de fato começasse cerca de 25 minutos depois do que deveria, o que deverá penalizar a agremiação conforme as regras do regulamento que norteia o julgamento das escolas de samba em Porto Alegre.
A Império do Sol encerrou a primeira noite de desfiles, já com o dia claro, na manhã de sábado, trazendo um carro abre-alas com objetos representativos de jogos de azar, como roleta, dados e cartas de baralho.
Nesse desfile o destaque foi a bateria da agremiação, que foi decisiva com sua batida firme e cadenciada para animar os integrantes da escola e as pessoas que até aquela hora estavam assistindo o desfile no Porto Seco.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira em sua indumentária representava características básicas do povo cigano.
Na segunda noite de desfiles a Imperatriz Dona Leopoldina, primeira agremiação do grupo ouro, entrou na pista com quase três horas de atraso, relativo ao horário anunciado para início do desfile da escola, na programação oficial.
A escola teve problemas com a iluminação do primeiro carro da escola, a homenageada Lecy Brandão não esteve presente no desfile da escola, o último carro teve problemas mecânicos, parando por momentos, inclusive com a necessidade de que duas alas detrás dele passassem para frente da alegoria, comprometendo quesitos.
Carlinhos de Jesus desfilou com a agremiação onde já foi inclusive enredo.
Diego Nicolau, intérprete da Unidos de Padre Miguel do Rio de Janeiro, fez parte do apoio do carro de som da escola, que contou também com a presença de Emerson Nunes, intérprete do Acadêmico do Salgueiro, agremiação carioca.
Lecy Brandão foi representada por um sósia que veio no chão e foi muito aplaudido durante a passagem da agremiação.
Segunda agremiação do grupo ouro nesta segunda noite de desfiles foi a Imperadores do Samba, bi campeã do carnaval porto alegrense, trazendo como tema de enredo a vida e obra do artista plástico Iberê Camargo.
A escola iniciou o desfile às 06h05min da manhã, muito tempo depois do horário oficialmente divulgado como de início do desfile, constante da programação oficial divulgada.
Comissão de frente com elemento alegórico e escola com três carros alegóricos. Os leões do abre alas vieram com pincéis na boca, referência à atividade de artista plástico do homenageado.
Bela apresentação do casal de mestre sala e porta bandeira.
Mestre Marcão, hoje na Paraíso do Tuiuti/RJ, veio a frente da bateria da Imperadores. Bateria abaixou-e na frente da cabine de jurados e houve uma apresentação de dança no meio da bateria.
O desfile cresceu do meio para o final.
Terceira agremiação do grupo ouro nesta segunda noite de desfiles foi a Estado Maior da Restinga, iniciando seu desfile às 07h20min.
O enredo da escola mostrou os vários aspectos ligados à fé.
Comissão de frente passou bem a sua mensagem, trazendo a figura de Jesus Cristo e do Diabo, no duelo entre o bem e o mal.
A bateria passou bem afinada, abaixando-se na frente da cabine de jurados, mas não perdendo seu ritmo.
Problemas de acabamento na segunda e terceira alegoria da escola, sendo o abre alas o carro melhor concebido e realizado.
E finalizando os desfiles da série ouro, foi a vez da Bambas da Orgia entrar na pista de desfile, tendo iniciado seu desfile às 08:40. A escola veio comemorar os seus 80 anos de fundação.
A comissão de frente com coreografia alegre, soltou balões de gás na frente das cabines dos jurados.
Desfile emocionante, praticamente na cores azul, branco e amarelo, com menção a madrinha da Bambas, que é a Portela, agremiação carioca com 22 campeonatos em sua história.
Carro abre alas com uma grande águia dourada emitindo som. Ala de pretos velhos e rezadeiras com galhos de arruda encerrando o desfile.
Carros alegóricos carecendo de um maior acabamento, especialmente a segunda alegoria que trouxe um bolo sem maiores elementos decorativos.
Bateria muito bem vestida de fraque e cartola.
As escolas de samba de Porto Alegre, que desfilaram nas noites de sexta-feira e sábado, no Porto Seco, foram julgadas por três jurados, em cada um dos sete quesitos de avaliação: bateria, harmonia, samba-enredo, evolução, tema-enredo, fantasia e mestre-sala e porta-bandeira.
Por Sidnei Louro Jorge Júnior
