A Unidos de Padre Miguel, encerrou a noite de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí, sábado (9/4), levando um verdadeiro ”xirê”, se destacando por seu chão forte e canto harmônico. A vermelha e branca da Zona Oeste já é reconhecida por trazer grandes enredos afro, tais como, Ossain em 2017 e Xangô em 2013. Desta vez ambiciona o campeonato homenageando Iroko, o orixá que representa o tempo, sendo pouco cultuado no Brasil, que por sua vez é cultuado nas religiões de matriz africa, com a simbologia de uma árvore.
Edson Pereira, o carnavalesco, vem numa jornada de duplas homenagens à africanidade para 2022, pois que é o carnavalesco da Mocidade Alegre, em São Paulo, cujo enredo é Clementina de Jesus. Aos nossos repórteres, Edson salientou que Iroko tem uma importância grande, pois que nas festas afrorreligiosas, os xirês, Iroko deve estar presente. Edson salienta que a escola falará sobre o tempo e sob as mais variadas formas de o entender:
“Falaremos do tempo de se entender e acreditar nas coisas da vida, além da necessidade de se olhar para si mesmo e pra natureza. Cultuar orixá é olhar para a natureza”– Filosofou o artista.
Em tratando-se de xirês, a escola trouxe 12 passistas trajados como orixás, a fim de ilustrar esta celebração. Uma ideia dos coreógrafos da ala de passistas Elaine Nascimento e George Louzada . A ala trará 70 integrantes.
Plasticamente, em razão da controvérsia sobre a liberação ou não de elementos alegóricos, e inclusive por conta da suspensão seguida do cancelamento do carnaval, Pereira diz não trazer o desfile que gostaria, mas garante que a escola vem muito bem, e que as fantasias estão sendo entregues. Diz que a escola está com muita garra e catando muito o samba. O carnavalesco pediu que o público observe com carinho as baianas, pois estas também representam um orixá que é pouco difundido no panteão africano, Oxorongá.
A Comissão de Frente da UPM veio representando os guardiões, guerreiros africanos, que junto ao Tempo – o orixá – trouxe uma dinâmica bem forte. Sobre o figurino, a comissão trouxe e sua indumentária símbolos que retratam os guardiões do tempo. Segundo o coreógrafo David Lima “Com essa caracterização visamos também fazer referência ao boi vermelho, o símbolo de nossa escola.” – e Prosseguiu: “Vou revelar um segredo, vamos voltar a nossa ancestralidade, vamos voltar às nossas raizes, não posso falar mais (risos)
Em seu esquenta, a UPM cantou o famoso samba em homenagem a Ossain, no qual aconteceu um acidente com a Porta-Bandeira Jéssica Ferreira. Fato que para ela já é superado: “Eu procuro não pensar no que passou, o que já foi… foi! Eu virei a página e o que importa é o hoje e hoje eu estou com aquele frio na barriga de retornar ao ensaio técnico após dois anos sem carnaval”. O casal revelou à nosssa equipe de que trará para o ensaio técnico a coreografia oficial do desfile. Vinícius destacou a negritude e o Sambódromo como espaço de resistência: “Aqui (Sapucaí) é o lugar de resistência de um povo. Só de poder voltar, para nós que trabalhamos com o carnaval e até mesmo como foliões também, é muito gratificante, um misto de sentimentos”. Sobre o figurino oficial do desfile, o casal respondeu, simultaneamente: “SURPRESA!”.
Por: Vítor Antunes e Suelen Martins
(ERRAMOS: A contrário do dito anteriormente, o enredo da Mocidade Alegre é Clementina de Jesus. Atualizado em 11/4/22, às 22:16)