Nessa sexta-feira, depois de ter divulgado suas fantasias de alas comerciais durante a semana, a Deusa da Passarela apresentou fantasias de alas da comunidade nilopolitana no próximo desfile da escola na Marquês de Sapucaí.
ALA 22 – Asas para o Sonho
Nem todo soldado é o que vai para a guerra armada. Diante de tantas hostilidades que se abateram sobre nossos corpos, nasceram das chagas deste fardo outros guerreiros que estão mais para anjos. O embate da palavra nas lutas por espaços ganham forças e rostos. O ato de subir em um palco onde nunca antes estiveram semelhantes seus é também uma batalha e um ato de coragem. São estes que vão criar para sua geração e seus sucessores as asas para cada um voar em busca do seu próprio sonho. Eles vão inspirar mais e mais pessoas através dos espaços que vão ocupar nos palcos, reverberando em muitos outros campos além do artístico. Ubuntu – eu sou porque nós somos! Nós por nós, anjos que só voam abraçados!
Ala 3 – “Máscaras Brancas sobre Peles Negras”
O homem branco se coloca como o centro da razão inteligente na Terra, excluindo o negro de seus conhecimentos. Nesta visão, ele seria o pensador, a razão, a ciência, a tecnologia, tudo que se transformava no mundo, os outros eram emoção, corpo, terra, primitivo. A forma como opera o racismo, reduz o negro a um ser não humano por não deter a cultura branca. Assim se constrói o pensamento de Frantz Fanon, que acaba se transformando na grande referência dos filósofos brasileiros. Esse pensamento explica o colonialismo e suas ações que reverberam até hoje em dia. Os corpos negros que tentam se soltar das correntes que rotulam, estigmatizam e comprimem, estão sempre procurando máscaras brancas para se camuflarem na sociedade e assim serem aceitos como iguais. Porém essa falsa santidade, o ideal branco, prende e mata ainda mais seus outros irmãos pretos. Ao procurarem ser brancos, matam o pensamento e vida de pretos. Aceitação é o caminho.
Caberá à Beija Flor de Nilópolis em 2022 encerrar a primeira noite de desfiles no sambódromo carioca.
Por Sidnei Louro Jorge Júnior