Se preparando para disputar mais um título de campeã do carnaval carioca, a Beija Flor de Nilópolis usou as redes sociais para divulgar fantasias que vão desfilar no enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência“.
A primeira fantasia, “Sonho Malê“, faz uma simbologia com o sonho de liberdade dos Malês, negros muçulmanos de origem iorubá – nagôs, haussás, ewes e etc. – e esta identidade étnica e religiosa se articulava a condição de classe: a maior parte dos revoltosos eram escravizados.
O outro figurino representa os Botocudos, indígenas integrantes do complexo Macro-jê. São caçadores e coletores seminômades que cultivam a crença nos espíritos encantados dos mortos.
Embora previsto em lei, a luta pela demarcação das terras indígenas segue sendo uma pauta fundamental em um contexto político de avanço do desmatamento, do agronegócio e da captura do Estado por estes interesses comerciais e produtivistas. Esta é a mensagem que a fanstaia ” indígenas na luta pela terra” traz.
Entre o grito dos excluído, a miséria, a extrema pobreza e a fome será lembrada através da fantasia “Quem tem fome, tem pressa“.
“República da espada e do coturno” relembra a República no Brasil , período onde era restringida a cidadania a poucos e protagonizada por militares. É neste período, da Primeira República, que se consolida o projeto de nação iniciado no Império em suas características principais: a exclusão, a desigualdade e o autoritarismo.
O anticomunismo de setores conservadores da sociedade brasileira, em 1937 e 1964, é lembrado na fantasia “Ameaça Vermelha“. Segundo a sinopse do enredo, tanto no Estado Novo quanto na Ditadura civil-militar, o que se viu foram intervenções arbitrárias que cercearam direitos duramente conquistados para evitar uma ‘ameaça comunista’ que nunca esteve próxima de se concretizar.
Carnaval 2023
Quinta escola a desfilar na segunda feira, 20 de Fevereiro, a Beija Flor de Nilópolis vai levar “Brava gente! O grito dos excluídos no bicentenário da independência“, um manisfeto que ecoa do Brasil e que se faz ouvir aos quatro cantos, um clamor feito pelas aldeias, guetos, terreiros e favelas por independência e vida. Justificando que a verdadeira independência do Brasil não deveria ser a proclamada às margens do Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822, mas sim a conquistada em 2 de julho de 1823, data da vitória das tropas brasileiras na conflagração instalada na Bahia.
No ultimo dia 21, a parceria de Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa foi a vencedora no concurso de samba-enredo da escola. Na ocasião, a cantora Ludmila foi apresentada como intérprete ao lado de Neguinho.