Os festejos de Momo de 1985 na cidade de Niterói/RJ marcaram a despedida da Unidos do Viradouro dos carnavais da cidade, tendo naquele ano a escola alcançado o vice-campeonato, empatada com a Acadêmicos do Sossego.
Para o carnaval de 1986, a Unidos do Viradouro, sediada na cidade de Niterói, decidiu definitivamente atravessar a ponte e passar a participar da folia na cidade do Rio de Janeiro, tendo desde lá conquistado apenas um título no grupo especial das escolas de samba, façanha esta que aconteceu no carnaval carioca de 1997, sob a batuta do gênio carnavalesco Joãosinho Trinta, que estava na escola desde 1994. O enredo campeão tinha o título de ““Trevas! Luz! A Explosão do Universo”.
Nos anos de 2018, 2014 e 1990 foi campeã no grupo de acesso A em desfiles realizados na Marquês de Sapucaí.
A estreia da escola no grupo especial carioca aconteceu no carnaval de 1991, com o carnavalesco Max Lopes e o enredo “Bravo! Bravíssimo! – Dercy Gonçalves, o retrato de um povo”, tendo a agremiação alcançado um 7º lugar entre as dezesseis escolas de samba participantes.
As expectativas para o carnaval de 1997 não eram das melhores na época e mudanças nas regras até então vigentes para o desfile das escolas de samba passaram a valer a partir daquele ano. Primeiramente a Liesa passou a aceitar que temas de origem estrangeira pudessem ser abordados no desfile das agremiações cariocas. Também houve a limitação para que as escolas cariocas desfilassem com no máximo oito alegorias.
No carnaval de 1997 dezesseis agremiações desfilaram, sendo que ao final da apuração dos resultados houve o rebaixamento de quatro escolas para o grupo de acesso no carnaval seguinte.
Esse carnaval carioca de 1997 ainda notabilizou-se por uma safra de sambas de enredo das piores em muitos anos, com poucos sambas reconhecidamente de qualidade melódica superior, não havendo nenhuma obra considerada como antológica, até mesmo pela situação de não haverem enredos com estímulo criativo em grande parte.
O tema de enredo campeão da Viradouro em 1997 foi construído com bases científicas conforme a teoria do Big Bang. Já no início do desfile, a comissão de frente fez uma apresentação bastante coesa e bem sincronizada, na representação de átomos, coreografados pela bailarina Jussara Pádua.
Em seguida a primeira alegoria era toda em preto, numa representação do “nada”, carro este que impactou aos presentes na Marquês de Sapucaí.
O conjunto alegórico da agremiação notabilizou-se por suas nuances de cores, o contraste entre o preto e o branco, o claro e o escuro.
O contraste entre a primeira e a segunda alegoria da escola era enorme, já que a segunda representava a luz. Na sequência o terceiro carro trazia a representação da terra, em tons de avermelhado, já que estava em formação em altas temperaturas.
As 28 alas apresentadas pela escola tiverem uma evolução praticamente perfeita durante todo o desfile, destaque para a ala de baianas com uma fantasia prateada, representando os seres de luz.
O intérprete Dominguinhos do Estácio, que fazia parte da parceria de compositores autores do samba de enredo, comandava o carro de som da escola, contratação de sucesso que havia sido empreendida pela agremiação para este carnaval.
Dominguinhos sustentou um samba de enredo considerado por muitos como o grande fator para conquistar o público e contagiar todos os componentes, que tiveram ótima harmonia, propiciando um canto fácil ao integrante da agremiação.
“…Lá vem a Viradouro aí, meu amor!
É Big-Bang, coisa igual eu nunca vi!
Que esplendor!…”
(Unidos do Viradouro 1997)
A bateria era comandada por Mestre Jorjão, que levava o público presente no sambódromo ao delírio, cada vez que era executada a “paradinha” em ritmo de funk.
“…Vou cair na gandaia, com a minha bateria!
No balanço da mulata, a explosão de alegria…”
(Unidos do Viradouro 1997)
A escola encerrou seu desfile com a alegoria “Explosão de alegria”, no intuito de transmitir uma mensagem otimista sobre o futuro.
A apresentação da Viradouro foi pela crítica carnavalesca considerada a melhor e mais empolgante apresentação daquele Carnaval de 1997.
Na edição de 13 de fevereiro de 1997 do O Globo estampou a manchete “Joãosinho, das trevas à luz”. Para o carnavalesco, que no ano anterior sofrera uma isquemia que o deixou com a mão direita paralisada e a fala prejudicada, o campeonato de 1997 foi uma grande vitória, ficando marcado como seu último título no carnaval carioca.
“A plateia literalmente caiu na gandaia! Foi uma mensagem que quis passar de que a nossa vida, assim como o Universo é um tremendo big bang, em expansão. A Terra parece que está parada e já está feita, mas não, se movimenta em velocidades astronômicas, pelo espaço sideral. Então, quantas surpresas a vida não nos reserva? A vida sempre reserva esperança, grandes novidades quando a gente acredita!”.
(Joãosinho Trinta – 1997 em programa na TV Globo)
O júri do Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, concedeu à Viradouro somente o prêmio de melhor escola daquele carnaval.
Na apuração, como havia descarte da maior e da pior nota de cada agremiação, conforme o regulamento anteriormente aprovado, no início da divulgação das notas, houve até um certo equilíbrio, com Viradouro, Mocidade, Imperatriz e Beija-Flor arrancando na frente. Após lidas as notas do quesito Evolução, apenas as escolas de Niterói e Padre Miguel permaneceram na ponta, mas, depois de dois 9,5 para a Mocidade em Harmonia, a Vermelho e Branco se isolou na liderança.
No último quesito anunciado, que foi Bateria, a Viradouro chegou a receber uma nota nove, que terminou por ser descartada e não tirou a vitória da escola, com 180 pontos no total.
Passada a apuração, sagrando-se a Viradouro como campeã, a escola foi seguida pela Mocidade Independente de Padre Miguel, Estação Primeira de Mangueira, Beija Flor de Nilópolis, Unidos do Porto da Pedra, escolas estas que retornaram no desfile das campeãs daquele ano.
Em 2017, para celebrar o vigésimo aniversário do título de 1997, a Unidos do Viradouro criou o “Dia do Orgulho de ser Viradouro”, celebrado em 10 de fevereiro.
Por Sidnei Louro Jorge Júnior