O Sesc Madureira exibe, de 23 de setembro a 10 de dezembro, a Exposição Cartografias de Augusta. A mostra apresenta o acervo e o legado artístico de Maria Augusta Rodrigues, como carnavalesca, analista de televisão e professora de Artes aposentada da EBA-UFRJ. A exposição, que presta uma homenagem ao itinerário da artista e a sua dedicação à maior festa popular do país, tem a curadoria do artista e carnavalesco Eduardo Gonçalves e Leonardo Antan, integrante do Coletivo Carnavalize.
Filha da folclorista Anna Augusta C M Rodrigues, sua origem carnavalesca se deu na Usina Barcelos onde cresceu, e começou brincando nas ruas com os Bois Pintadinhos e Jaraguás. Cresceu foi à São João da Barra, assistir aos Blocos Congos e Chineses e depois brincar nos bailes do Clube Democráticos. Em seguida frequentou o Carnaval de Campos dos Goytacazes para conhecer os Caboclinhos, Ranchos e participar dos Corsos e bailes de Carnaval vespertinos, e depois noturnos, no Automóvel Clube de Campos.
“Meu inicio no carnaval foi na histórica Usina Barcelos, quando cresci um pouco fui brincar no Clube Democráticos em São João da Barra. Na sequencia conheci o carnaval de salão do Automóvel Clube de Campos dos Goytacazes. Em seguida, cheguei ao Rio onde passei a prestar meus serviços aos espetáculos das escolas de samba”, diz a artista.
Aluna de Fernando Pamplona, que fazia os desfiles do Salgueiro com Arlindo Rodrigues, Augusta começou participando da equipe responsável pelos os projetos de decoração de ruas para o Carnaval do Rio. Em 1968 passou integrar o grupo que preparava os desfiles do Salgueiro sob supervisão de Pamplona. Neste fase destaque para o desfile de 1971 com o enredo “Festa para um Rei Negro“. A artista também marcou seu nome nos carnavais inesquecíveis da União da Ilha do Governador, como “Domingo” (1977), onde foi pioneira no uso de todas as cores em um desfile de Escola de Samba, e “O Amanhã” de 1978.
Alem de ter participado do período conhecido como a “Revolução Salgueirense” e da ascensão da União da Ilha, Augusta também teve passagens por Tradição, Paraíso do Tuiuti e Beija-Flor de Nilópolis. Nos últimos carnavais, tem integrado o júri do prêmio “Estandarte de Ouro“, promovido pelo jornal O Globo.
“É um dos poucos nomes femininos entre os ‘grandes carnavalescos da festa’. Seu trabalho ficou marcado pela originalidade e sempre esteve à frente do seu tempo. Foram desfiles com temas inéditos, uma linguagem lúdica e formas arrojadas. O revisitar da sua obra na exposição ressalta a atualidade do seu legado, que segue influenciando jovens artistas“, destacam os curadores que fizeram uma vasta pesquisa no acervo da homenageada durante mais de três meses para selecionar as obras.
A exposição, que tem classificação livre e entrada gratuita, conta com desenhos, documentos, projetos e registros das produções da artista ao longo de sua carreira, além dos croquis e projetos alegóricos, fantasias, documentos e registros fotográficos selecionados dentre mais de centenas de itens que constituem o seu acervo pessoal. A bateria do Império Serrano, da qual Augusta é madrinha vitalícia, abre a exposição com show dos ritmistas de Mestre Vitinho.
A mostra visual também é composta por obras inéditas de outros integrantes das escolas de samba, demonstrando como o trabalho de Augusta ainda ressoa nas produções contemporâneas do carnaval. São alguns dos nomes da mostra: Alex de Souza, Carila Matzenbacher, Jorge Silveira, Julia Gonçalves, Mulambo, Andre Vargas, Felippe Moraes, Andrea Vieira e Penha Lima.