Cristiane Theodoro é mãe e advogada, no mundo do samba é Bherna Francy.
Aclamada no carnaval por ser uma exímia passista, Bherna gosta de ser lembrada como uma sambista.
“Passista é pouco pra mim, minha condição de passista é gênero. Que está inserido na minha condição de sambista, que seria minha especie.” explicou Bherna.
Francy conheceu o samba aos oito anos de idade, através do seu pai, Moisés Francisco, que era militar e passista da Beija Flor (Estandarte de Ouro 86). Não demorou muito para entrar na ala infantil da União da Ilha do Governador, onde se desenvolveu como passista, chegando a desfilar na frente da bateria junto a modelo Deise Nunes e sob a batuta do lendário Mestre Odilon. Dali migrou para a Estação Primeira de Mangueira, realizando um sonho de defender a verde e rosa.
Frequentando um dia de ensaio na Imperatriz, a convite de Magno Show, passa a desfilar como passista na Rainha de Ramos, vindo no ano seguinte a assumir juntamente com Magno a coordenação da ala de passistas da verde e branco.
“Devo a condição de Bherna Francy, esta explosão e visibilidade, a Imperatriz Leopoldinense para sempre” conta.
Em 2017, ao se desligar da Imperatriz, passa a realizar trabalhos em agremiações de porte menores, que ela explica não fazer diferença.
“Sempre digo que o SAMBISTA VAI ONDE O SAMBA ESTÁ. Como fui parar na Vigário Geral, Abolição, alem dos trabalhos coreográficos em cortes de samba. Cheguei a ter uma equipe que em 2017 se apresentou em seis quadras do grupo especial, era uma loucura. Este trabalho abriu portas para eu virar coreografa das comissões de frente da Santa Tereza e Dificil é o Nome. “recorda Bherna
Com os trabalhos em comissões, “A Grandona“, como é carinhosamente chamada nas quadras, chegou a equipe Carla Meirelles, que a convidou para trabalhar com alas coreografadas da Paraíso do Tuiuti e Grande Rio. Em 2018 a convite de Cássio Dias, teve breve passagem auxiliando na coordenação da ala de passistas da Beija Flor.
Sendo uma advogada atuante, ao ser questionada como consegue dividir as profissões, ela disparou: “Tive uma vida de estudos, o samba sempre foi meu lazer com responsabilidade, mas eu sempre estudei, porque meu pai me cobrava muito. Então me espelhando nele, fiz Administração e depois iniciei a faculdade de Direito. Após trabalhar em escritórios, segui minha carreira solo. E assim tenho autonomia para conciliar as duas coisas. Mas quando tenho audiência ou reunião, eu me abstenho. Esta é a primeira condição que passo para qualquer agremiação que eu estiver”.
Em 2020, Bherna Francy será diretora da segunda alegoria da Unidos do Viradouro e estará a frente da ultima ala da Tuiuti, que será coreografada. Também foi convidada para estar junto a coordenação da ala de passistas da Vila Maria, tanto nos ensaios técnicos quanto no desfile. Alem de workshop’s que realizada na quadra da escola paulistana. Ainda arruma folego para passar na Intendente Magalhães, onde comanda a ala de passistas da Guerreiros Tricolores.
Apaixonada por carnaval e sempre disposta a lutar pelo samba, Bherna completa:
“A minha visão na condição de passista não é apenas ensinar a sambar. É extrair a paixão que é muito maior que parece transparecer no corpo, na alma e nos olhos de quem samba”
Por Waldir Tavares