RJ- Descobrimento do Brasil deu o primeiro título a Mocidade Independente de Padre Miguel

A década de 70 representa o grande salto de patamar da Mocidade Independente, quando a agremiação ganhou o apoio do Patrono Castor de Andrade.

Em 1979 pela segunda vez o desfile ocorreria na rua Marquês de Sapucaí. O que se dizia na fase pré-carnavalesca era que naquele ano seria uma batalha de todos contra a Beija-Flor do pentacampeão Joãozinho Trinta. A Beija-Flor vinha de um tri campeonato.

A Portela era outra cotadíssima ao campeonato, inclusive com a chegada de Viriato Ferreira, que havia se desentendido com J30 na escola de Nilópolis. Mas o ano seria da Mocidade Independente de Arlindo Rodrigues com a reedição do Carnaval feito no Salgueiro em 1962.

Depois do rebaixamento de quatro escolas no ano anterior, o desfile do primeiro grupo do Carnaval de 1979 teria apenas oito escolas, com 85 minutos de desfile, dez a mais do que em 1978.

A Estrela Guia da zona oeste nunca tinha passado da quinta posição. A escola era conhecida graças ao talento do lendário Mestre André. O grande público havia batizado a Mocidade como “a bateria como uma escola em volta“.

Castor de Andrade comemora na apuração do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. (Foto: Folhapress)

Com investimento do bicheiro Castor de Andrade a agremiação trouxe de volta Arlindo Rodrigues, que já havia trabalhado na escola de 73 a 76. Consagrado figurinista e cenógrafo, em 1974 o brilhante carnavalesco já havia mostrado como faria história em Padre Miguel, ao deslumbrar o mundo do Carnaval com o enredo A Festa do Divino.

Na continuidade de um trabalho que traduzia a franca ascensão da Mocidade, Arlindo foi responsável por outros belos carnavais. Com o enredo O Mundo Fantástico do Uirapuru em 1975, o carnavalesco conquistou de vez os corações independentes. Em seguida eternizou o antológico enredo Mãe Menininha do Gantois, em 1976, sendo um dos maiores desfiles da Mocidade, em mais uma dobradinha com um dos mais belos sambas-enredo já apresentados na grande festa.

Após passar um Carnaval longe da agremiação, Arlindo Rodrigues retornou em 1978. Em grande estilo, lançou o enredo Brasiliana, uma viagem pelas tradições do nosso Brasil, repetindo o terceiro lugar de 76.

Ainda faltava o titulo, e Arlindo sendo mestre em enredos históricos, contou em “O Descobrimento do Brasil” a história do encontro do descobridor com essa terra, que hoje é a nossa pátria. O enredo era basicamente a saída dos portugueses da Europa, a atuação do deus Netuno para trazê-los para o Brasil e a chegada dos colonizadores em novas terras. O abre-alas da rosa dos ventos anunciava um belo desfile da Mocidade.

Foi um belo desfile realizado por um time magnífico, composto por nomes como o grande intérprete Ney Vianna, o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Roxinho e SoninhaMestre André.

Reprodução Facebook

O samba pode não ser uma obra prima, mas o poeta Toco juntamente com seu parceiro Djalma Crill possuem o mérito de conseguir emplacar o primeiro samba campeão da história da Mocidade.

Sexta escola a desfilar, a Mocidade de Arlindo se utilizou de tripés com grandes inscrições que faziam a divisão do enredo em Portugal, Mar, Índia e a chegada dos desbravadores ao Brasil, além de fantasias no no seu melhor estilo barroco.

A apuração naquele ano foi muito tumultuada. Antes da abertura dos envelopes, os presidentes de Beija-Flor,Anísio Abraão David e Mocidade, Osman Pereira Leite, denunciaram vazamento das notas  dos jurados de Enredo e Fantasia.

Baianas da Mocidade em 1979

Os mapas dos jurados seriam validados porque os envelopes ainda estavam lacrados, e as notas vazadas eram diferentes das apuradas.

A vitória da Mocidade, que até a apuração das notas do quesito Fantasias tinha dois pontos atrás da Beija Flor e uma a mais que a Portela, foi praticamente definida pela Jurada Neusa Fernandes de Enredo, que deu nota dez para campeã e seis para a Escola de Nilópolis.

No penúltimo quesito, Comissão de Frente, a Verde e Branco passou a Águia de Madureira e também a coirmã de Nilópolis. A primeira vitória da Mocidade Independente de Padre Miguel foi cravada no quesito Alegorias e Adereços, onde ela manteve a diferença a frente das rivais.

Em 1979 Arlindo faturava seu primeiro título fora do Salgueiro, depois de cinco conquistas ao lado de Fernando Pamplona. Assim, um dos maiores carnavalescos da história concluiu com chave de ouro sua passagem pela Estrela Guia de Padre Miguel, onde nunca mais retornaria.

Arlindo Rodrigues – Acervo O Globo

Após o carnaval Arlindo foi contratado pela Imperatriz Leopoldinense, onde seria bicampeão pela escola em 1980 e 1981. O carnavalesco veio a falecer em 1987.

Com “Descobrimento do BrasilMestre André obteria seu único título. O mestre faleceria no ano seguinte, em 4 de novembro de 1980.

Em 1979 a Mocidade recebeu apenas um Estandarte de Ouro do Jornal O globo, mérito justamente do quesito Enredo.

Por Waldir Tavares
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