Nesta quarta-feira, 05 de Abril, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti comemora 71 anos de existência. A escola valente e emergente do bairro de São Cristóvão desfila consecutivamente no Grupo Especial desde o carnaval de 2017.
A história do Morro do Tuiuti se inicia nos tempos do Brasil Império. Quando a família real portuguesa desembarcou no Rio, em 1808, fugindo das tropas napoleônicas, a nova sede do poder português passou a ser o Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, próximo ao Morro, que ainda não era habitado e pertencia as terras do imperador Dom João VI.
Já com a monarquia abolida, entre os anos de entre 1902 e 1906, durante a gestão do presidente Rodrigues Alves e do prefeito Pereira Passos, a reforma urbana carioca derrubou cortiços no centro da cidade, fazendo com que seus moradores, a maioria ex-escravos, fossem buscar opções de moradias em morros desabitados como o Tuiuti, iniciando o processo de ocupação nestes locais. O período ficou conhecido como o “Bota abaixo”.
Após ocupação, o Morro do Tuiuti passou a ser o lugar ideal para movimentos carnavalescos, estas manifestações deram origem à escola de samba Unidos do Tuiuti. Em 1930 a Unidos do Tuiuti desapareceu, dando lugar ao Bloco dos Brotinhos, que desfilou até o inicio dos anos 50. Para preencher a lacuna deixada pela ausência da Unidos do Tuiuti, a agremiação Paraíso das Baianas foi fundada em 1940. Esta ultima também entrou em declínio no inicio da década de 50. Estas três agremiações deram origem à Paraíso do Tuiuti.
Um grupo de bambas, entre eles Nélson Forró e Júlio Matos (que acumularia a função de carnavalesco em diversas ocasiões), mais tarde famoso por assinar grandes carnavais na Mangueira, resolveram criar uma nova escola de samba. Em Abril de 1952 a Paraíso do Tuiuti foi fundada com as cores amarelo, herdada da Paraíso das Baianas, e azul, herança da da Unidos do Tuiuti. O nome também faz referencia as duas primeiras escolas do morro.
Até o final dos anos 70, quase ninguém conhecia a escola. O cenário mudou quando a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues desenvolveu o enredo “É a sorte“, levando o título do Grupo 2B no carnaval de 1980.
No carnaval 2001 a Paraíso do Tuiuti ascende ao Grupo Especial e fica em ultimo lugar com o enredo “Um mouro no quilombo: Isto a história registra“, de Paulo Menezes. Rebaixada, oscila entre os grupos de acessos até 2016 quando vence a Série A e retorna ao Grupo Especial, onde permanece até hoje.
Neste período ficou marcada pela tragédia em 2017, onde sua última alegoria perdeu a direção e feriu algumas pessoas na grade do Setor 1, entre elas a radialista Liza Carioca, que falecera dois meses depois. No ano seguinte com o enredo “Meu Deus! Meu Deus! Está extinta a escravidão?“ do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola de São Cristóvão recontou a história da escravidão no Brasil no 130º aniversário da Lei Áurea, e fez uma denúncia das dificuldades dos trabalhadores brasileiros. O desfile surpreendeu público e crítica. Depois de ter ficado na última posição em 2017, a Paraíso do Tuiuti chegou ao vice-campeonato em 2018, o melhor resultado na história da agremiação.
“Meu Paraíso é meu bastião
“Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?” – Composição: Cláudio Russo / Anibal / Jurandir / Moacyr Luz / Zezé
Meu Tuiuti, o quilombo da favela
É sentinela na libertação“
Em sua trajetória, a escola conseguiu a simpatia do público e respeito da crítica especializada. Oitava colocada em 2023, quando apresentou o enredo “Mogangueiro da Cara Preta“, a agremiaçãofoi em busca dos reajustes que considerou necessários para reorganizar seu elenco, na busca de seu primeiro título no grupo de elite do carnaval carioca. A diretoria contratou o intérprete Pixulé e promoveu o retorno do carnavalesco Jack Vasconcelos, além de renovar com o restante do elenco.
Atualmente a Paraíso do Tuiuti é presidida por Renato Thor, que já esteve à frente da escola entre os anos de 2004 e 2013 e agora ocupa a gestão desde 2016.