RJ – E a Paixão de Todo Mangueirense Completa 92 Anos de Fundação

 

A inconfundível verde e rosa do carnaval carioca completa hoje seus 92 anos de fundação, uma vez que a Estação Primeira de Mangueira foi fundada em 28 de abril do distante ano de 1928.

Campeã do carnaval do Rio por vinte carnavais, tendo sido campeã do primeiro desfile oficial no ano de 1932, sempre pelo grupo de elite das escolas cariocas, é a única agremiação que também conta com um título de supercampeã, conquistado no carnaval de 1984, ocasião da inauguração do sambódromo do Rio, quando foi a campeã do desfile de segunda-feira e depois conquistou o título do supercampeonato, situação esta inédita entre as escolas de samba do Rio de Janeiro, como já foi referido acima.

A Mangueira em número de campeonatos fica atrás apenas da Portela.

O Morro da Mangueira, que passou a ser formado a partir de 1850, foi o cenário para fundação da escola, figurando como seus fundadores os nomes de Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, dentre outros.

Integrantes do Bloco dos Arengueiros se ajuntaram na casa de Euclides Roberto dos Santos (Seu Euclides), na Travessa Saião Lobato, número 21, no Buraco Quente, em Mangueira e fundaram o Bloco Estação Primeira de Mangueira, mais tarde, escola de samba. Saturnino Gonçalves foi escolhido como primeiro presidente, Carlos Cachaça como orador; e Cartola como diretor de harmonia. A primeira sede da escola ficava no Buraco Quente, em Mangueira

A partir do ano de 1861, principiou a ser implantado no Rio de Janeiro o serviço de transporte ferroviário, a Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 10 de agosto de 1889, foi inaugurada a Estação Mangueira, que recebeu este nome em referência à Fábrica de Chapéus Mangueira e à quantidade de mangueiras que existiam naquele lugar.

Cartola escolheu o nome da agremiação por ser, a Estação Mangueira, a primeira estação no trajeto entre a Central do Brasil e o subúrbio carioca.

Tomando-se por base os símbolos da agremiação, o surdo representa o ritmo do samba, os louros, as muitas vitórias da agremiação, a coroa lembra o bairro imperial de São Cristóvão e as estrelas os muitos títulos da escola de samba.

A bateria da Mangueira caracteriza-se por apresentar uma única marcação, somente com surdos de primeira.

Como primeiro microfone da Estação Primeira de Mangueira passaram muitos cantores, mas o destaque dentre estes foi Jamelão que esteve a frente do carro de som da escola de 1949 à 1984 e depois de 1986 à 2006. Jamelão notabilizou-se por nunca aceitar a denominação de “puxador de samba”.

Os projetos esportivos mantidos pela Mangueira, sempre foram referência, na formação de novos atletas, especialmente nas áreas do atletismo e do basquete, já que muitos foram originários da Vila Olímpica montada pela agremiação lá pelos iodos dos anos de 1990.

As cores verde e rosa da Mangueira foram escolhidas por Cartola, tendo como referência p Rancho do Arrepiado, onde seu pai participava, já que morava em Laranjeiras.

Já nos primeiros três carnavais apresentados pela escola nos anos de 1932 à 1934, a agremiação alcançou a primeira colocação, já começando com um tricampeonato sua história vitoriosa, voltando a ser campeã depois disso somente em 1940 com o enredo “Prantos, Pretos e Poetas”.

A seguir um bicampeonato foi alcançado nos carnavais de 1949/1950. No ano de 1954, cantando os encantos do Rio de janeiro, com o enredo “Rio de Janeiro de ontem e de hoje”, novamente a verde e rosa alcança o topo do pódio.

Posteriormente nos anos de 1960/1961 novo bicampeonato da escola, desta vez com os enredos dos carnavalescos Roberto Paulino e Darque Dias Moreira, “Carnaval de todos os tempos” e “Reminiscências do Rio antigo” respectivamente.

O carnavalesco Júlio Mattos levou a escola a um novo bicampeonato nos desfiles de 1967/1968, voltando a ser campeão no carnaval de 1973 com o inesquecível “Lendas do Abaeté”.

 

Como já foi mencionado, na inauguração do sambódromo na Marquês de Sapucaí no carnaval de 1984, a Mangueira nesse carnaval alcançou um título de campeã pelo desfile apresentado na segunda-feira de carnaval e posteriormente o de supercampeã, título que nenhuma outra agremiação ostenta. O enredo “Yes nós temos Braguinha” de Max Lopes, encantou a plateia presente e ainda proporcionou à escola após realizado o desfile tradicional, voltar pela pista de desfile em direção à concentração, fazendo dois desfiles num mesmo dia.

Com o retorno do carnavalesco Júlio Mattos à escola novo bicampeonato foi alcançado nos carnavais de 1986/1987, com “Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm” e “No reino das palavras, Carlos Drummond de Andrade”.

O carnavalesco Alexandre Louzada, no carnaval de 1998 deu um novo campeonato à escola quando o enredo homenageou o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda.

 

 

 

No carnaval de 1999 a verde e rosa ficou apenas com um sétimo lugar, mas o desfile sob o enredo “O Século do Samba”, notabilizou-se pela comissão de frente apresentada pela escola, inesquecível na mente de todos os amantes do carnaval. Composta por figuras notáveis do mundo do samba, já falecidas, como Clementina de Jesus, Cartola, Candeia, dentre outros, é até hoje uma das grandes imagens perpetuadas por um desfile na Marquês de Sapucaí.

Mas Lopes retorna à Mangueira para o carnaval de 2001, mas foi no carnaval de 2002, com o enredo “Brazil com “z” é pra cabra da peste, Brasil com “S” é nação do Nordeste” que novamente a nação verde e rosa voltou a comemorar mais um campeonato.

Desde o carnaval carioca do ano de 2014 o pavilhão da Estação Primeira de Mangueira é apresentado pela porta-bandeira Squel Jorgea, estando com o atual mestre-sala Matheus Olivério desde o carnaval de 2017.

O reinado à frente da bateria da Estação Primeira do mestre Wesley, já foi privilégio de muitas famosas como Preta Gil, Gracyanne Barbosa, Renata Santos, assim como de integrantes da comunidade verde e rosa como Tânia Bisteka, estando desde 2014 o posto ocupado por Evelyn Bastos, que neste último carnaval veio como que representando uma personagem, sem sambar durante a passagem da escola na pista da Marquês de Sapucaí.

Depois de um longo jejum de títulos a Mangueira volta a ser campeã no carnaval de 2016 com o enredo que trazia a vida e obra de Maria Bethânia. Uma das particularidades desse carnaval foi a estréia do carnavalesco Leandro Vieira na escola, fazendo um carnaval no grupo de elite das escolas de samba cariocas pela primeira vez. Leandro Vieira na realidade como titular, antes deste desfile, tinha feito apenas um desfile, no grupo de acesso do Rio, pela Caprichosos de Pilares.

https://www.youtube.com/watch?v=ej6jdAnlIq4

No carnaval de 2019 Leandro Vieira possibilitou à que a verde e rosa de novo fosse campeã, desta vez com o enredo “ História para ninar gente grande”.

No último carnaval carioca de 2020, a Mangueira trouxe o enredo “A verdade vos fará livre” também do carnavalesco Leandro Vieira, ficando com um sexto lugar. O pré-carnaval foi bastante tumultuado pela crítica ferrenha de muitos setores ao enredo da agremiação, que abordava em última análise a vida de Jesus Cristo.

“…Mangueira

Samba, teu samba é uma reza

Pela força que ele tem

Mangueira

Vão te inventar mil pecados

Mas eu estou do seu lado

E do lado do Samba também…”

(Trecho do samba da Estação Primeira de Mangueira – Carnaval de 2020 – Autores Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo)

 

Neste último carnaval a escola alcançou premiação no prêmio S@amba-Net, Estrela do Carnaval, Tamborim de Ouro, Plumas & Paetês e Troféu Sambario.

A bateria da Mangueira já foi premiada pelo Estandarte de Ouro, do Jornal o Globo em dois carnavais, mas os segmentos da agremiação que mais foram premiados pelo júri deste prêmio são melhor escola, melhor samba-enredo, melhor intérprete, melhor porta-bandeira, mestre-sala, comissão de frente, baianas, passista masculino e feminino, personalidade e destaque masculino.

Por Sidnei Louro Jorge Júnior

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