Considerado um dos prêmios de maior prestígio entre as escolas de samba do Rio de Janeiro, o Estandarte de Ouro costuma errar mais que acertar o resultado oficial. Criado pelo Jornal O Globo em 1972 para exaltar individualmente os melhores artistas que desfilam na Marquês de Sapucaí, o prêmio é considerado o mais antigo e importante da cidade.
Originalmente contemplou 10 quesitos e em 2023 anunciou 17 ganhadores: melhor escola, bateria, comissão de frente, samba-enredo, puxador, ala de passistas, prêmio Fernando Pamplona, enredo, ala, ala das baianas, mestre-sala, porta-bandeira, inovação, revelação, personalidade e para Série Ouro melhor escola e melhor samba-enredo.
Ao todo, 808 troféus foram distribuídos em 51 carnavais. A Estação Primeira de Mangueira foi quem mais conquistou Estandartes de Ouro, 97 no total, seguida de Acadêmicos do Salgueiro com 87 e Império Serrano com 67 premiações. 38 escolas de samba já foram contempladas, de Portela a Canários das Laranjeiras, além da RIOTUR que conquistou o prêmio em 1984 com a categoria Personalidade Masculina para o passista Marcelo Tijolo, que trabalhou como segurança ajudando as escolas na entrada e saída da avenida.
Com o passar dos anos, o Estandarte de Ouro se transformou numa via alternativa ou prêmio de consolação ao resultado oficial apurado nas quartas-feiras de cinzas, pois raramente acerta os verdadeiros campeões do carnaval, já que os jurados de O Globo e jornal Extra menosprezam as regras do Manual de Julgamento da LIESA em detrimento à emoção dos desfiles, buscando premiar os acertos ao invés de punir os erros, foi assim em 1990 quando o ‘’Deu a Louca no Barroco” da Mangueira em um desfile problemático foi considerada a Melhor Escola pelo Estandarte.
Excluindo os anos em que houveram campeãs duplas e até triplas do carnaval, como em 1980, com Beija-Flor, Portela e Imperatriz, 1998 com Mangueira e Beija-Flor e 2017 com Portela e Mocidade, o Estandarte acertou 18 resultados oficiais e errou em 33 anos. O óbvio imperou na maioria dos acertos do júri do Estandarte com desfiles aclamados pelo público ainda na pista como o ‘’Exu’’ da Grande Rio em 2022, ‘’Bum, bum paticumbum, prugurundum’’ do Império Serrano de 1982, ‘’Kizomba’’ da Vila Isabel em 1988, ‘’Ita’’ do Salgueiro em 1993 ou “Trevas! Luz! A Explosão do Universo’’ da Viradouro de 1997.
Quando se trata do segundo grupo, conhecido atualmente por Série Ouro, o índice de acerto é ainda menor, 27% contra 73% de erro. Ou seja, das 18 edições em que o Estandarte premiou a Melhor Escola do Acesso, acertou apenas em 5 anos, também acertos óbvios com “Mangangá” do Império Serrano em 2022, ‘’Só da Lalá” da Imperatriz de 2020 ou Viradouro em 2014.
Por divergir do resultado oficial, entre os sambistas já impera o ditado “Ganhou o Estandarte, perdeu o carnaval’’. Hoje na apuração ao abrir as notas dos jurados saberemos se será mantida a tradição, de que a campeã do carnaval não será a mesma escolhida pelo Estandarte de Ouro.