Diante do péssimo resultado alcançado no último carnaval carioca, a União da Ilha do Governador no próximo reinado de Momo desfilará de novo no grupo de acesso do carnaval do Rio de Janeiro, almejando o primeiro lugar para daí sim poder voltar ao grupo de elite das agremiações carnavalescas da Cidade Maravilhosa.
Logo depois de encerrado o carnaval de 2020, a agremiação insulana fez mudanças no seu elenco, agregando novos valores à algumas figuras que permaneceram, mesmo depois do desfile desastroso do carnaval passado.
Cahê Rodrigues foi mantido como carnavalesco, desde vez tendo ao seu lado Severo Luzardo além da equipe que participou da preparação do desfile de 2020.
Para reforçar o elenco da União da Ilha, a escola ainda trouxe Dudu Azevedo e Wilsinho Alves e para o comando da comissão de frente os premiadíssimos Rodrigo Negri e Priscila Mota.
Para dançar com a porta-bandeira Dandara foi contratado o conhecido mestre-sala Raphael Rodrigues.
A União da Ilha nunca alcançou o topo do pódio no campeonato das principais escolas de samba do Rio de Janeiro, tendo um sua história apenas dois campeonatos, nos carnavais de 1974 e 2009, duas vitórias no grupo de acesso da folia carioca.
Mas a grande expectativa do torcedor insulano é sobre o enredo que a escola levará para a pista da Sapucaí, muitos apostando numa reedição por parte da escola, mas nada de anúncio oficial por parte da diretoria da agremiação até aqui.
Acontece que o intérprete da União da Ilha, Ito Melodia, numa live na tarde deste sábado, acabou manifestando-se sobre o enredo da escola para o próximo carnaval, afirmando que a escola deve reeditar o enredo “Festa Profana” já apresentado pela escola no carnaval de 1989 e reeditado pela Porto da Pedra no ano de 2005.
Importante que se diga também que em doze de abril passado, o colunista do O Globo, Ancelmo Gois, também divulgou que “Festa Profana” seria reeditado pela Ilha no próximo carnaval, mas não houve a manifestação oficial da Diretoria da Agremiação, confirmando ou não a reedição do enredo.
“Festa Profana” rendeu à União da Ilha um terceiro lugar no carnaval carioca de 1989, obtendo um total de 209 pontos, sendo um dos desfiles mais lembrado da escola.
O samba-enredo deste carnaval da Ilha, de autoria J. Brito e Bujão, inesquecível com seu verso “Eu vou tomar um porre de felicidade, vou sacudir eu vou zoar toda cidade” é cantando até hoje nos quatro cantos do nosso país. A interpretação de Quinho na avenida até hoje é inesquecível.
Esse samba é um dos mais populares da história do carnaval, tendo ganho as ruas, os estádios de futebol, a boca do povo. O porre de felicidade virou expressão popular e lançar perfume no cangote da menina símbolo do carnaval alegre, irreverente e feliz como amo.
Naquela época o carnavalesco da agremiação foi Ney Ayan, que trabalhou na Ilha nos carnavais de 1989 e 1990.
Uma das situações que fez com que a escola perdesse preciosos pontos foi o fato da bateria ter desfilado sem chapéus.
Nesse carnaval carioca de 1989 a União da Ilha foi premiada com o Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, no quesito bateria.
Pouco antes das quatro e meia da madrugada de segunda-feira, a União da Ilha entrou com tudo na avenida. Três mil componentes, divididos em trinta alas contaram o enredo proposto pelo carnavalesco da escola.
Um dos fatos que tornou este carnaval da Ilha mais inesquecível ainda, foi o fato da modelo e escritora Enoli Lara passar pela avenida completamente nua, tendo apenas um véu como adereço durante o desfile da União da Ilha.
Nesse desfile a harmonia da escola esteve sob o comando de Jorginho do Império.
Deise Nunes, ex Miss Brasil, brilhou a frente da bateria da escola, ritmistas sob o comando do Mestre Paulão.
A escola insulana fez uma apresentação perfeita, levantando o público presente no sambódromo carioca. Bem em fantasias e alegorias, que pendiam para o laranja mais avermelhado e o ouro em diversos momentos, carros de belo acabamento que nada deviam às concorrentes em grandiosidade, a escola teve uma evolução vibrante do começo ao fim, amparada pela sabidamente competente bateria e pela atuação engraçada e contagiante de seu intérprete.
O desfile da Ilha encerrou-se já com o céu do Rio de Janeiro claro, no amanhecer da segunda-feira de carnaval.
Em um dos carnavais mais equilibrados da história, a Ilha, como já referimos, alcançou o terceiro lugar, apenas um ponto atrás da campeã Imperatriz Leopoldinense.
Confirmando-se oficialmente que de fato “Festa Profana” seja pela terceira vez apresentado na Marquês de Sapucaí, enredo este reeditado pela União da Ilha do Governador em 2021, espera-se que aquilo que impediu este desfile ser campeão já em outras duas oportunidades, tenha melhores soluções e a escola possa retornar à elite das escolas de samba cariocas no carnaval de 2022.
Por Sidnei Louro Jorge Júnior