Elizabeth Santos Leal de Carvalho, mais conhecida como Beth Carvalho começou a fazer sucesso, na inicio da década de 1970. Decidiu seguir a carreira artística após ganhar um violão da mãe. Aos oito anos, ouvia emocionada as canções de Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, grandes amigos de seu pai, que era advogado.
Beth fez balé por toda infância e na adolescência estudou violão, numa escola de música. Seguindo essa área, se tornou professora de música e passou a dar aulas em escolas locais. Morou em vários bairros do Rio e seu pai a levava com regularidade aos ensaios das escolas e rodas de samba, onde ela dançava em apresentações nas festas e reuniões musicais com seus amigos. Assim surgia a cantora Beth Carvalho, influenciada por tudo isso e pela bossa nova, gênero musical que passou a gostar depois de ouvir João Gilberto.
No Festival Internacional da Canção de 68, conquistou o 3º lugar com a musica Andança, e ficou conhecida em todo o país. Além de seu primeiro grande sucesso, Andança é o título de seu primeiro LP lançado no ano seguinte.
Graças à formação política recebida de seus pais, foi uma artista engajada nos movimentos sociais, políticos e culturais brasileiros e de outros povos.
Em 1997, viu a música “Coisinha do Pai”, grande sucesso de seu repertório, ser tocada no espaço sideral, quando a engenheira brasileira da Nasa Jacqueline Lyra, programou para ‘acordar’ o robô em Marte. Max Pierre, diretor artístico da Universal, traduziu o que ela costumava fazer sempre: cantar o samba de raiz em torno das mesas de quintais, terreiros e quadras, nos pagodes que reúnem os melhores partideiros, músicos e poetas do gênero.
Embora mangueirense de coração, Beth foi homenageada pela Velha Guarda da Portela, com uma placa alusiva ao fato de ser a cantora que mais gravou seus compositores. Em junho de 2002, recebeu das mãos da sambista Dona Zica, viúva de Cartola, o Troféu Eletrobrás de Música Popular Brasileira. A entrega desse Troféu, realizada no Teatro Rival do Rio de Janeiro, tornou-se, com Beth Carvalho, um recorde de bilheteria da casa. Carioca da gema e amiga de Cuba, foi solicitada pela presidência da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para entregar a Fidel Castro, o título de Cidadão Honorário da cidade.
No carnaval de 2007 foi injustiçada pela diretoria da Mangueira, sua escola de samba. Com problemas na coluna, pediu um carro alegórico para desfilar e foi atendida. Entretanto, no dia do desfile foi impedida de subir no carro, por Raimundo de Castro, um membro baluarte da Escola, que invocou o fato de ela não ser baluarte. Isso deixou Beth muito desapontada com os diretores da escola, pois no ano anterior, ela havia saído no mesmo carro, autorizada por Alvinho, presidente da escola na época. Desde o episódio, Beth se afastou dos eventos da escola. No carnaval de 2008, Beth participou da homenagem a Cartola, mas fora da Mangueira. A cantora saiu na Viradouro, que também homenageou o centenário do compositor fundador da escola verde e rosa. Beth afirmou, em nota publicada em seu site oficial que “jamais deixaria de ser mangueirense, e que estará sempre com o seu coração na verde e rosa”.
Porém afirmou que “jamais voltará a pisar na quadra da escola enquanto não receber um pedido formal de desculpas por parte do presidente” (Percival Pires, o Perci) Percival não é mais o presidente da escola, pois renunciou ao cargo após denúncias de envolvimento com o tráfico de drogas no morro da Mangueira. Entretanto a vice-presidente Chininha, que assumiu seu posto, pertence ao mesmo grupo político que barrou Beth. A única chance de Beth voltar à escola seria a eleição de uma nova diretoria, ou então o tal pedido formal de desculpas ser feito, o que aconteceu logo após o carnaval de 2009. Ivo Meirelles, o novo presidente foi à casa de Beth Carvalho com a imprensa, pedir desculpas e anunciar que ela iria homenagear Nelson Cavaquinho no enredo de 2011. Neste ano , depois de uma ausência de quatro carnavais, Beth voltou a prestigiar a escola do coração. Ela foi ao desfile de cadeira de rodas, devido a uma cirurgia recente. A cantora veio triunfante ao lado de Sérgio Cabral, em um carro alegórico que homenageava Cartola, Dona Zica, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Britto. Em 2012, Beth saiu na comissão de frente da mangueira, mostrando que a paz entre ela e a verde e rosa estava selada, junto com Bira Presidente e Ubirany (integrantes do grupo Fundo de Quintal) e Jorge Aragão, representando os frutos da tamarineira do Cacique de Ramos.
Desde 2010, Beth Carvalho vinha enfrentando um drama pessoal: ela sofreu uma fissura no sacro, um osso localizado na base da coluna vertebral. Devido a esse problema, Beth passou a se apresentar deitada em uma cama, sem poder nem se sentar ou andar. O problema foi agravado por uma neuropatia, causada por ela ter ficado muito tempo na mesma posição durante a cirurgia na coluna. O problema na coluna foi provocado por uma artrose no fêmur que fazia com que a cantora andasse mancando, causando a fissura. No entanto, ela sempre se demonstrou otimista pela recuperação e feliz por receber o total apoio da família e dos amigos. No final de 2010 Beth voltou aos palcos em um show no Píer Mauá, no Rio de Janeiro. Após a recuperação, teve novas complicações na coluna, ficando durante um ano e um mês no hospital, em uma das últimas semanas no hospital, Beth teve uma infecção pulmonar em decorrência de uma infecção num catéter, e foi parar no CTI, mas teve alta no final de agosto de 2013, realizou um show de retorno no dia 7 de Setembro no Vivo Rio. Nessa última fase de Beth no hospital, algumas rodas de samba fizeram um minuto de silêncio, pois foi noticiado por algumas fontes que Beth havia morrido.
Beth Carvalho faleceu em 30 de abril de 2019, aos 72 anos de idade. Estava internada desde o dia 8 de janeiro, no Hospital Pró-Cardíaco Rio. A causa foi uma infecção generalizada.O velório aconteceu no Salão Nobre da sede do Botafogo de Futebol e Regatas.
A morte de Beth repercutiu no meio cultural, artístico e político. A Estação Primeira de Mangueira, em suas redes sociais lembrou de Beth como “um dos mais importantes nomes do samba e voz que cantava com alma as cores de nosso pavilhão”. O Cacique de Ramos, lembrou da trajetória artística “firmando-se como madrinha de uma geração de sambistas, e também da nossa agremiação”.
No âmbito político, a trajetória e lutas de Beth foi lembrada pela ex-presidente Dilma Rousseff, “Beth Carvalho também deixa importante legado na identificação com as causas e lutas do povo. Me honrou com seu apoio nas campanhas” e pelo ex-presidente Lula.] O Governo do Estado do Rio, lamentou a morte destacando-a como uma das melhores e mais importantes cantoras do país. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que “Beth eternizou alguns dos momentos mais belos da música brasileira”.
Na era Sambódromo, a Unidos do Cabuçu ostenta a conquista do Primeiro Campeonato da Passarela do Samba – 1984, com o enredo “Beth Carvalho – A Enamorada do Brasil”.