Desfilando há dez anos na Unidos de Bangu, o ativista e estudante de serviço social Igor Almeida vai para o quarto ano ocupando o posto de Muso da Comunidade no desfile da vermelho e branco da Zona Oeste. Morador da região, ele também desempenha a função de coordenador de alas reunidas na escola.
Nesta trajetória, Igor foi componente e diretor de ala, composição de alegorias e, para o próximo ano, ele se prepara para demonstrar na avenida todo o seu amor à agremiação e comemorar mais de uma década defendendo o pavilhão da comunidade banguense.
“Hoje, ter a oportunidade de estar em minha comunidade e ter o respeito e o carinho de todos os segmentos é muito gratificante. Fazer parte da história e poder contribuir para o crescimento e realização dos objetivos da escola é muito bom. Ser muso, para mim, não é apenas dar o close nos ensaios e na avenida. É sim viver e sentir as necessidades da comunidade, ajudar e representar minha escola”, afirma.
Com o enredo “Jorge da Capadócia”, do carnavalesco Robson Goulart, a Unidos de Bangu vai mostrar a saga do Santo Guerreiro passando pelos tempos de soldado, martírio e na popularização em solo brasileiro com o sincretismo com Ogum e Oxóssi. Almeida vai desfilar no terceiro setor da escola.
“No próximo carnaval, tenho a honra de vir representando nosso enredo, serei ele vivo, porém representado na figura das religiões de matrizes africanas”, revela.
A fantasia que será usada no grande dia já está em fase de confecção pela própria equipe do Muso banguense.
“Como todos os anos, desde que assumi o posto de muso, eu mesmo com minha equipe realizo a confecção de minha fantasia. Curto falar que é uma produção do Atelier Almeida’s. Para 2024, estou já 60% encaminhado. Vou usar de bastante originalidade em minha construção. Venho com 40 mil chatons, pedras boreais, strass, rabos de galo, faisão, fuê de acabamento e algo em LED”, detalha.
Além do carnaval, Igor Almeida atua como auxiliar administrativo do centro de cidadania LGBTQIAPN+ do Estado do Rio de Janeiro. Também é patrono e produtor do concurso Miss e Mister Zona Oeste, produtor cultural e coreógrafo da quadrilha junina Fazendão de Campo Grande. Além de artista dublador, atualmente detém a coroa de Rei do Carnaval da Turma OK, casa LGBTQIAPN+ mais antiga do mundo.
“Nesta minha trajetória, nunca deixo de a Deus e ao meu sagrado. Em memória de minha maior incentivadora e foliã, Vanda Almeida, minha mãe. Ao meu presidente, Leandro Augusto. Ao meu diretor de carnaval, Marcelo do Rap. Ao meu coordenador, Diego Gervassone. À minha diretora e parceira, Regina Cerqueira. Ao meu companheiro e apoio oficial, Benjamin Santos. Em especial, à minha amiga e madrinha da escola, Flávia Alves”, agradece.
Nona colocada no carnaval da Série Ouro em 2023, a Unidos de Bangu será a sétima escola a desfilar no sábado de carnaval, 11 de fevereiro de 2024. A escola vai tentar o título da Série Ouro e, consequentemente, o acesso ao Grupo Especial do carnaval carioca.
Reportagem Henrique Sathler com colaboração de Cláudia Lúcia Monteiro