Nascido no Recife em 03 de Junho de 1908, Mario Filho idealizou o Maracanã, estádio que leva o seu nome, e o primeiro desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro.
Foi jornalista, pesquisador, escritor e um dos maiores agitadores culturais e esportivos do Rio de Janeiro na primeira metade do século passado. Segundo o irmão Nelson Rodrigues, um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Mario Filho era um “criador de multidões”. O Criador de Multidões é, também, o nome do documentário dirigido por Oscar Maron sobre a vida de Mario Filho.
Mário era dono do jornal “Mundo Sportivo”, que cobria basicamente futebol e remo. No início do ano, as competições paravam, e não havia assunto para preencher o jornal. Foi aí que um repórter, Carlos Pimentel, sugeriu que se fizessem entrevistas com os “novos sambistas do morro”. Mário Filho, então decidiu fazer uma disputa entre eles.
E assim no dia 7 de fevereiro de 1932, vinte e três escolas de samba disputaram o título na Praça Onze. A Mangueira levou o título, seguida por Portela (na época chamada Vai Como Pode), Segunda Linha do Estácio (que deu origem à Estácio de Sá) e Unidos da Tijuca.
O desfile aconteceu na Rua Marquês de Pombal, na Praça Onze. Naquele ano, não havia enredo para direcionar o desfile e cada escola podia cantar três sambas inéditos com a primeira parte fixa e a segunda improvisada na hora por figuras conhecidas como “versadores”. Antes disso, existiam apenas campeonatos de samba. Com a possibilidade de levar mais de um samba, a Mangueira cantou: ‘Pudesse Meu Ideal’ de autoria da dupla Carlos Cachaça e Cartola, e ‘Sorri’ de Lauro dos Santos. Elas passaram a ter enredos de cunho patriótico em 1934, quando a União das Escolas de Samba foi oficializada e reconhecida pela prefeitura do Rio.
Depois do sucesso do primeiro desfile de 1932, as escolas de samba cresceram de importância e, a partir do ano seguinte, foi elaborado um regulamento que previa a obrigatoriedade de trazerem baianas e a proibição de instrumentos de sopro na bateria.
Para julgar o desfile, haviam seis jurados, entre eles, Raimundo Magalhães Jr., pai de Rosa Magalhães, atual carnavalesca da Imperatriz Leopoldinense.
Considerado o pai da crônica esportiva brasileira, Mario Filho se inspirava no estilo de texto de modernistas como Oswald de Andrade e Ronald de Carvalho. Gostava de trocar impressões com os amigos Gilberto Freyre e José Lins do Rego, do movimento regionalista nordestino.
Mario Filho também escreveu vários livros, entre eles, Bonecas (1927), Copa Rio Branco (1932), Histórias do Flamengo (1934), Romance do Football (1949) Senhorita (1950), Copa do Mundo de 62 (1962), Viagem em torno de Pelé (1964), O Rosto (1965), Infância de Portinari (1966) e Sapo de Arubinha: os anos de sonho do futebol brasileiro, publicado postumamente, em 1994. O Negro no Futebol Brasileiro (1947) foi considerado sua produção literária mais significativa.
Mário faleceu de um ataque cardíaco em 1966, aos 58 anos. Meses depois Célia, sua mulher e paixão de toda uma vida se matou. Em sua homenagem, o antigo Estádio Municipal do Maracanã ganhou o nome de Estádio Jornalista Mário Filho.
Por Waldir Tavares