O doze de outubro, dia dedicado a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, é também o dia dedicado em especial às crianças, data onde se celebra os direitos das crianças e adolescentes, ajudando a conscientizar as pessoas (os pais, em especial) sobre os cuidados necessários durante esta fase da vida.
Nos desfiles das escolas de samba, especialmente as agremiações carnavalescas que desfilam na Marquês de Sapucaí, o mundo infantil e tudo aquilo que se relaciona com ele já foi enredo de diversas escolas em carnavais memoráveis, que até hoje estão na memória dos apaixonados por carnaval.
No carnaval carioca do ano de 2014, a União da Ilha do Governador, na apresentação do enredo “É brinquedo, é brincadeira. A Ilha vai levantar poeira!”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, brinquedos, brincadeiras e personagens infantis, que até hoje encantam crianças de diversas idades, foram apresentados durante o desfile da agremiação insulana.
Esse foi um desfile impecável do ponto de vista de concepção e acabamento dos carros alegóricos e fantasias apresentadas pela agremiação.
As brincadeiras infantis tradicionais já vinham sendo mostradas desde a comissão de frente da escola, como o pular de corda e a amarelinha, sendo apresentados por personagens fantasiados de borboletas e palhaços.
Não ficaram de fora do desfile brincadeiras já mais antigas como o dominó, o quebra-cabeça, jogo de vareta, o totó e até mesmo o ludo.
Também muitos personagens de histórias infantis embelezaram esse desfile da Ilha, como soldadinhos de chumbo, duendes e vários outros personagens que povoam o imaginário infantil há muito tempo.
Tudo muito colorido e maravilhosamente iluminado, no caso de alegorias, serviu para que a escola passasse pela Sapucaí dando um show de bom gosto, empolgação e qualidade de desfile.
Na bateria da agremiação, sob o comando do Mestre Thiago Diogo, destaque para componentes tocando lira, instrumento este que possibilitou dar ao samba da agremiação uma maior leveza.
Com esse belo desfile a União da Ilha conquistou uma quarta colocação, o que lhe proporcionou retornar a passarela no desfile das campeãs, situação essa que não acontecia há muitos anos, desfilando no grupo principal das escolas do Rio.
Dez anos antes da União da Ilha, a Caprichosos de Pilares, sob a batuta do carnavalesco Cahê Rodrigues, passou pela Marquês de Sapucaí com o enredo “Xuxa e seu reino encantado no carnaval da imaginação”, trazendo uma das personalidades da televisão da época com programa e filmes totalmente focados no mundo infantil, sendo para as crianças daquele tempo a verdadeira “rainha dos baixinhos”.
Xuxa já havia passado pela Sapucaí como enredo no carnaval de 1992 quando a Unidos do Cabuçu apresentou o tema “Xuxa, a realidade vira sonho no Xou da Cabuçu”, desfilando no grupo de acesso carioca.
Já desde o anúncio do tema enredo pela Caprichosos, grande foi a expectativa sobre a presença ou não da homenageada na passagem da escola pela Marquês de Sapucaí naquele carnaval, mas a realidade é que ninguém ficou frustrado, já que Xuxa veio na última alegoria apresentada pela agremiação sediada em Pilares, alegoria esta predominantemente em tons de azul, branco e prateado, logicamente que com muitas crianças sobre a mesma.
Tudo aquilo envolvendo a homenageada, desde seu nascimento na cidade gaúcha de Santa Rosa passou pela Sapucaí, tudo tratado de uma forma bastante lúdica, com muita cor e empolgação, até o sucesso alcançado em nosso país e além fronteiras.
Mesmo que o desfile fosse sobre uma personalidade viva, o enfoque dado ao enredo apresentado foi bastante lúdico, com fadas, magos e duendes muito coloridos trazendo a parte inicial do desfile, desfile este no qual não faltaram é lógico muitas crianças, súditos da rainha Xuxa.
O samba enredo desse desfile era de autoria dos compositores Nei Negrone, Sílvio Araújo, Riquinho Gremião e Preto Jóia e já desde sua gravação oficial contou com um coro de muitas crianças, todas muito entusiasmadas com o enredo da agremiação.
Mesmo que tenha sido um desfile bastante colorido e empolgado naquela época, a Caprichosos de Pilares acabou somente com a décima terceira colocação, quase sendo rebaixada para desfilar no grupo de acesso no ano seguinte.
Outro desfile que trouxe as histórias infantis com destaque, foi aquele apresentado pela Rainha de Ramos, a Imperatriz Leopoldinense no carnaval carioca de 2005, quando a agremiação trouxe com destaque a figura do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, autor de muitas fábulas, que até hoje povoam a imaginação de crianças e adultos.
Foi outro desfile cheio dos mais variados personagens que encantam até hoje crianças, através das estórias criadas pelo homenageado, como fadas, duendes, animais mágicos, príncipes e princesas, reis e rainhas.
Cores muito bem colocadas em alegorias e fantasias ricamente confeccionadas também foram destaque nesse desfile da Rainha de Ramos, isso já desde a comissão de frente da escola que trazia o personagem da estória do patinho feio, que no fim transforma-se num belo cisne.
Foi mais um trabalho primoroso da carnavalesca Rosa Magalhães nesse carnaval, onde o tema apresentado soube muito bem abordar a vida do homenageado e suas principais obras dedicadas ao público infantil.
O samba enredo da Imperatriz Leopoldinense para esse desfile, de autoria dos compositores Evaldo Ruy, Jorge Artur, Jorginho, Josimar e PC também notabilizou-se pela alegria, assim como todo o desfile da escola que chegou no espaço da praça da apoteose sob os gritos de “campeã”, mas no final da apuração coube a escola a quarta colocação.
Encerrando esse breve panorama, destacamos o desfile da Unidos do Porto da Pedra que no carnaval de 2011 apresentou o enredo “O sonho sempre vem pra quem sonhar…” sobre a vida e obra da escritora e autora de teatro infantil Maria Clara Machado, tema esse desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes.
Nesse desfile os muitos personagens infantis criados pela homenageada passaram pela Sapucaí, assim como a obra da escritora e diretora de teatro, muito conhecida do público infantil pela imaginação e originalidade de cada estória escrita por Maria Clara Machado.
Paulo Menezes, então na União da Ilha do Governador, quando a escola estava no grupo de acesso, já tinha trabalhado num enredo sobre a homenageada, mas desta vez havia destaque para os 60 anos do Teatro Tablado, fundado por Maria Clara, instituição muito voltada para produções com foco no público infantil, além do fato de que no ano de 2011 faziam dez anos da morte da escritora.
Para a escola foi um desfile problemático na medida em que pegou um temporal ainda na área de concentração da Sapucaí, especialmente sendo atingida em suas alegorias e fantasias.
A divisão do enredo e o tapete cromático da escola foram muito elogiados pela crítica carnavalesca da época, já que a agremiação de São Gonçalo soube muito bem explorar o universo lúdico da obra de Maria Clara Machado.
Esse desfile deu a Unidos do Porto da Pedra a oitava colocação, melhor resultado obtido pela agremiação desde o carnaval carioca de 2005.
O fato é que em muitas outra oportunidades o universo infantil e a criança foi o centro de enredos que passaram pela Marquês de Sapucaí, sempre com muitas cores, personagens imaginários, brinquedos e brincadeiras que alegram muitas gerações e fazem parte das nossas memórias de infância.
FELIZ DIA DAS CRIANÇAS…
Por Sidnei Louro Jorge Júnior