RJ – Oito escolas do carnaval levarão enredos politizados à Avenida com críticas a prefeito, presidente, racistas e religiosos

A falta de dinheiro das escolas de samba e o baixo astral — e aí entram descontentamento com políticos, crise econômica, um Rio malcuidado e violento — são os ingredientes explosivos que farão do próximo carnaval um dos mais críticos na Avenida. Das 13 agremiações do Grupo Especial, oito desfilarão com sambas nesse tom.

A Passarela do Samba não vai poupar ninguém: a letra da Mangueira, uma das mais contundentes, falará em “Messias de arma na mão” e nos “profetas da intolerância”, dentro do enredo “A verdade vos fará livre”.

A Portela, que levará para a Sapucaí a história “Guajupiá, terra sem males”, cantará que “índio pede paz mas é de guerra/nossa aldeia é sem partido ou facção/não tem bispo nem se curva a capitão”. Entendedores entenderão…

O samba da São Clemente trata de vigaristas desde o século XVIII até o o momento atual. As denúncias de laranjas no PSL não ficaram de fora. “Tem laranja!/na minhã mão uma é três e três é dez!”. E ainda o “vigário de gravata” que “abençoa a mamata” e o “marajá puxando férias em Bangu”. Sem contar o país que “caiu na fake news”.

Para Luiz Antonio Simas, Crivella e o presidente Jair Bolsonaro representam hoje o anticarnaval e, por isso, não deixaram de inspirar os compositores. Ele elogia muito o samba-enredo da Grande Rio — “Tata Londirá. O canto do caboclo no Quilombo de Caxias” —, que vai desfilar o espinhoso tema do racismo religioso no Sambódromo.

— Você tem a depredação de terreiros, e mais de cem foram fechados por causa do terrorismo religioso. A Grande Rio vai falar disso, e para mim será o enredo mais impactante e politizado de todos.

Nos últimos anos, a política deu o tom nos desfiles do Grupo Especial. Um marco dessa mudança foi o “vampiro-presidente” (numa alusão ao ex-presidente Michel Temer) da Tuiuti, que surpreendeu o público no carnaval de 2018. Este ano, a escola de São Cristóvão mantém o ritmo no enredo “O Santo e o Rei — Encantarias de Sebastião”. Um trecho da letra diz: “Orfeus tocam liras na favela/A cidade das mazelas/Pede ao santo proteção”.

Por Waldir Tavares

Fonte O globo / Fotos Divulgação

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