RJ – Relembrando Marlene Paiva, uma estrela da Mocidade Independente de Padre Miguel

A Mocidade Independente eternizou muitas estrelas ao longo de sua história no carnaval, exemplos de nomes como Mestre André, Ney Vianna e Fernando Pinto. Dentre tantos ícones consagrados, a Destaque de Luxo Marlene Paiva ocupa seu lugar nesta galeria de notáveis da verde e branca de Padre Miguel.

Conhecida na alta sociedade carioca, Marlene Paiva se destacou no conceituado e disputadíssimo concurso de fantasias dos bailes de Gala do Theatro Municipal, onde se tornou imbatível entre as décadas de 1960 e 1970.

1962 – Fantasia “Rainha do Egito“- Reprodução

Com o fim dos bailes se transferiu para os desfiles das escolas de samba, optando por desfilar na Mocidade Independente de Padre Miguel a partir do ano de 1974. Pouco antes de falecer, declarou na época que foi a forma de retribuir o carinho do povo, que não tinha acesso ao interior do Municipal.

1962 – Fantasia “Rainha do Egito“- Reprodução

Fase Concurso de Fantasias

1968 – Fantasia “Isabel, a católica

Em seu esplendor, na década de 60, a disputa de fantasias era dominada por nomes que ficaram consagrados nesses concursos como Clóvis Bornay, Evandro de Castro Lima, Mauro Rosas, Violeta Botelho, Denise Zelaquete, Eutália Figueiredo e Jésus Henrique, entre outros.

1972 – Evandro de Castro Lima, Marlene Paiva e Mauro Rosas foram vitoriosos do concurso de fantasias daquele ano.

Nesta época Marlene Paiva era o maior nome feminino das disputas. Tanto que, no Municipal, depois de vencer dez vezes, se tornou hours concours, expressão de origem francesa, que significa literalmente fora de série, ou aquilo que nem dá para confrontar.

1971 – Créditos da RTP – Rádio e Televisão de Portugal uma empresa pública portuguesa.
1971 – Fantasia Glória in Excelsis

Em 8 de março de 1969 apareceu, ao lado de outro ícone Isabel Valença, nas páginas da Revista Manchete, em entrevista concedida à escritora Clarice Lispector. Em trechos da matéria, Clarisse escreveu: “Marlene Paiva é fina de corpo, um andar gracioso, maquia-se muito bem”.

Naquele ano, Marlene foi o primeiro lugar no 38º Baile de Gala do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Venceu com a fantasia “O Poder e a glória, Elizabeth I“, criação e confecção de Evandro de Castro Lima.

O último Baile de Gala do Municipal do Rio de Janeiro foi realizado no carnaval de 1975, ficando como um dos símbolos daquela fase áurea da folia carioca.

Foi buscar sua “Identidade” na Mocidade Independente de Padre Miguel

Com o declínio dos bailes no Municipal, Marlene levou o esplendor de suas fantasias para os populares desfiles das escolas. Segundo a própria, algumas agremiações a procuraram, mas ela escolheu a Mocidade Independente de Padre Miguel, naquela época conhecida pela bateria comandada pelo Mestre André. “Venho em uma escola pequena, mas vou torná-la grande”, disse.

1977 – Marlene Paiva com ‘Sua Majestade, a Folia‘ e Madalena Santos com “Glorificação à Independência do Brasil

O convite da Mocidade veio através de Ivanói, outra grande destaque da verde e branca de Padre Miguel. Ambas combinaram que a escola deveria repassar parte da verba de dois ensaios para a um abrigo em Bangu, onde Marlene tinha o posto de Madrinha. Em 1973, o primeiro desfile, veio no chão, ostentando uma fantasia que se destacava pela deslumbrante cascata de plumas. Desde então, nunca desfilou em outra escola de samba.

Marlene era figura constante na extinta Revista Manchete – Capa de Fevereiro de 1978

Quando a Mocidade ganhou seu primeiro título, em 1979, com o enredo “O descobrimento do Brasil”, Marlene desfilou no Abre Alas representando a Primeira Missa. No desfile das Campeãs, atendeu um pedido do carnavalesco Arlindo Rodrigues, desfilando no chão, abrindo o desfile.

1979 – No desfile das campeãs, desfilou no chão.

Em 1995 foi enredo da extinta escola de samba, Foliões de Botafogo, agremiação do bairro onde sempre morou. Com título de Sócia Benemérita da Mocidade, ela esbanjou seu amor pela escola durante quase três décadas. Com passagens marcantes na avenida, resolveu parar no carnaval de 1998. Em 2013, foi a homenageada na quadra da Mocidade, em festa denominada “Brilham no céu as estrelas do carnaval‘.

Marlene morreu no dia 26 de Janeiro de 2015, de câncer aos 80 anos, no hospital Samaritano. Casada com o ex-presidente do Flamengo, André Richer, deixou um filho e netos. O corpo de Marlene foi cremado.

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