RJ – Retrospectiva do segundo decênio do sambódromo carioca – Tradição

O segundo decênio da nova passarela da Marquês de Sapucaí iniciou com a Tradição, que é uma dissidência da Portela, desfilando no grupo principal das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Lícia Lacerda, que já vinha como carnavalesca da escola desde o carnaval do ano anterior, desenvolveu para o ano de 1994 o tema enredo “Passarinho, passarola, quero ver voar”, sobre a paixão do homem por voar.

Com esse desfile a escola passeou pelos céus nas asas de cera de Ícaro, no 14-Bis de Santos Dumont, nos voos dos pássaros, na carruagem de Apolo, nos balões, nos paraquedas e até nas espaçonaves interplanetárias, num belo trabalho da carnavalesca, mesmo que as alegorias da escola não fossem muito grandes e imponentes, comparando-se com outras agremiações.

A Agremiação apresentou uma bateria cadenciada em harmonia com a resposta dos surdos no refrão arrebatador do samba enredo de autoria dos compositores Jajá Maravilha, Aniceto, Tonho, Sandro Maneca, Jurandir da Tradição, Jorge Makumba e Lourenço.

Ao final a escola conquistou a sexta colocação, ano em que pontuou mais do que a Portela.

Para o carnaval de 1995 Licia Lacerda desenvolveu na Tradição o enredo “Gira roda! Roda gira!”, enredo onde a intenção da escola era falar das rodas.

A intenção era no mínimo repetir o sucesso alcançado pela escola no carnaval anterior, mas o conjunto alegórico dessa vez deixou a desejar e o samba enredo não era dos melhores da safra daquele ano.

Nesse desfile a Tradição realizou uma homenagem ao piloto tricampeão de fórmula 1 Ayrton Senna, que depois de um acidente, acabou morrendo no ano anterior.

Luma de Oliveira reinou absoluta a frente dos ritmistas da agremiação nesse carnaval.

Dessa vez a escola ficou apenas com a décima terceira colocação com 284 pontos alcançados, empatada com a Unidos da Ponte.

Para o carnaval de 1996 foi a vez da Tradição apresentar o enredo “Do barril ao Brasil”, no último carnaval de Lícia Lacerda na agremiação de Campinho. Com esse enredo, mais uma vez a cerveja era o foco do desfile numa agremiação carnavalesca.

Nesse carnaval a parte plástica não foi a melhor apresentada pela escola, com um  samba que carecia de empolgação, não sendo então possível que ops desfilantes passassem pela passarela com garra e empolgação.

A apresentação da escola encerrou já com o céu claro do Rio de Janeiro.

Quatro escolas foram rebaixadas nesse ano, sendo que a Tradição foi uma delas, uma vez que ficou apenas com a décima sexta colocação, indo então desfilar no grupo de acesso no carnaval seguinte.

A partir do carnaval de 1997, Orlando Júnior assumiu como carnavalesco da Tradição de forma ininterrupta até o desfile de 2004.

Para 1997 o enredo apresentado pela agremiação foi “Os Balangandãs”, desfilando pela segunda divisão do carnaval carioca.

Desfilando no grupo de acesso, a Tradição deu um show de luxo e muita empolgação em 1997, continuando a contar com a modelo e atriz Luma de Oliveira a frente da bateria da escola, cujos componentes desfilaram sem camisa, oque gerou comentários dos comentaristas que estavam cobrindo esse desfile.

Esse desfile deu a Tradição mais um campeonato para sua galeria de troféus, promovendo a escola que tem o condor como símbolo a retornar ao grupo principal das escolas de samba cariocas, onde permaneceu ininterruptamente até o carnaval de 2005.

Para 1998 o enredo apresentado pela agremiação de Campinho foi “Viagem fantástica ao pulmão do mundo”, trazendo de novo a Amazônia para a passarela da Sapucaí.

Abrindo os desfiles da segunda de carnaval, de novo a escola ficou devendo em termos de conjunto visual sendo que de novo o samba não ajudou na empolgação dos desfilantes da agremiação e das pessoas presentes na Marquês de Sapucaí.

Aquilo apresentado pela escola e avaliado pelo corpo de jurados fez a escola conquista a décima primeira colocação, garantindo sua permanência no grupo de elite das escolas de samba do Rio.

Para 1999 a Tradição apresentou o tema enredo “Nos braços da história, Jacarepaguá, quatro séculos de glórias”, enredo esse sobre o bairro carioca de Jacarepaguá.

Wantuir comandou o carro de som da escola, mas  o fato é que de novo o samba não empolgou e o conjunto visual da agremiação deixou a desejar, por clara falta de recursos financeiros, tendo a escola realizado a abertura dos desfiles da segunda noite de carnaval.

Susana Alves, a Tiazinha, uma das quatro madrinhas de bateria apresentadas pela escola, febre daquela época, desfilou na agremiação de Campinho, mas  o fato é que os fotógrafos e a imprensa no intuito de obter imagens dela, acabaram atrapalhando a evolução da escola.

Logo após a comissão de frente, Wilma Nascimento vinha como destaque de chão, num fantasia luxuosa e colorida, sendo que logo atrás vinha a ala de baianas da escola.

A escola alcançou a décima segunda colocação, tendo ficado a uma colocação de ser rebaixada para o carnaval seguinte.

Para o carnaval do ano 2000, a Tradição trouxe o enredo “Liberdade! Sou negro, raça e Tradição”, uma homenagem a raça negra”.

Dessa vez a escola trouxe duas madrinhas de bateria, num desfile com altos e baixos em termos de alegorias e fantasias apresentadas pela agremiação de Campinho.

Julinho e Daniele Nascimento formavam o primeiro casal de mestre sala e porta bandeira da Tradição nesse desfile.

Mas foram nos quesitos  samba-enredo, harmonia e evolução que a escola teve maiores problemas, o que levou a escola para de novo alcançar apenas a décima segunda colocação, repetindo o lugar conquista do em 1999.

No carnaval carioca de 2001 a Tradição apresentou o enredo “Hoje é domingo, é alegria. Vamos sorrir e cantar”, trazendo a vida e obra do comunicador Silvio Santos, o homem do baú.

O samba, mesmo muito criticado, foi muito executado na fase do pré carnaval carioca.

O homenageado Silvio Santos veio muito empolgado no carro abre alas da escola, acompanhado de vários convidados e amigos como, Gugu Liberato, Hebe Camargo, Ratinho, Babi e Carla Perez e Lombardi, que vieram distribuídos pelo desfile da escola.

Casais mirins de porta bandeiras e mestre salas vieram a frente do carro abre alas.

Esse desfile rendeu a escola a oitava colocação, com um total de 286 pontos alcançados.

Para 2002 a Tradição trouxe o enredo “Os encantos da costa do sol”, trazendo as belezas naturais da região dos lagos fluminense.

Mas o fato é que neste desfile a Tradição não conseguiu destacar-se praticamente em nenhum quesito, com uma apresentação irregular e um samba enredo que não conseguiu ser bem avaliado desde a fase do pré carnaval do Rio.

Para esse desfile Celino Dias assumiu o primeiro microfone do carro de som da agremiação de Campinho.

Com esse desfile a Tradição escapou de ser rebaixada, conquistando a décima terceira colocação, somente a frente da São Clemente, que acabou sendo rebaixada.

Para o carnaval de 2003 a Tradição voltou a apresentar um enredo em homenagem a uma pessoa que destacou-se na sua área de atuação e desta vez o homenageado foi o jogador de futebol Ronaldo, com o enredo “Brasil é penta, R é 9 – O fenômeno Iluminado”.

O grande homenageado por compromissos profissionais não pôde estar presente nesse desfile arquitetado pela Tradição, tendo sido representado pela mãe, que veio no carro abre alas.

A Tradição pegou chuva já desde a concentração da escola, o que veio em prejuízo das fantasias apresentadas pela escola.

Mais um desfile bastante problemático em vários aspectos, com vários quesitos sendo mal defendidos pela escola, que procurou na figura de Ronaldo e no pentacampeonato mundial do Brasil  motivo para realizar um desfile bastante empolgado, mas a realidade é que muito pouco de positivo foi transmitido pela escola, que ao finalizar o desfile era forte candidata ao rebaixamento.

De novo a agremiação ficou a um posto de ser rebaixada, conquistando o décimo terceiro lugar, deixando para trás apenas a Acadêmicos de  Santa Cruz, que no ano seguinte desfilaria no grupo de acesso da época.

Por Sidnei Louro Jorge Júnior

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