RJ – Retrospectiva do segundo decênio do sambódromo carioca – Unidos do Porto da Pedra

Entre os anos de 1985 e 1993, a Unidos do Porto da Pedra desfilou somente no seu bairro em São Gonçalo, sem participar de competição. competir.

No carnaval de 1994 a Porto da pedra atravessou a baía da Guanabara e finalmente veio desfilar no carnaval carioca, na época desfilando no grupo de avaliação, onde nesse primeiro ano apresentou o enredo “Novo sol do amanhã”.

Nesse desfile o samba apresentado, de autoria dos compositores Elmo Borges, Celsinho, Gilberto Barros fez muito sucesso e o desfile como um todo foi muito bem avaliado, tanto que já para 1995 a escola pisou forte na Sapucaí, no grupo A daquela época.

Para seu desfile de 1995, a agremiação contratou Mauro Quintaes para ocupar o posto de carnavalesco da agremiação, tendo ele desenvolvido o tema enredo “Campo, cidade em busca da felicidade”.

Nesse desfile a atriz Claudia Mauro vinha a frente dos ritmistas da agremiação, que com esse desfile impressionou muito a plateia presente a Sapucaí em termos de animação, luxo e grandiosidade.

Característica da agremiação de São Gonçalo destaque para a presença do tigre, seu símbolo, de forma destacada no carro abre alas.

Uma apresentação de fato muito arrebatadora para a época, já no primeiro ano pisando na Sapucaí, deu a Porto da Pedra seu primeiro campeonato no grupo A, promovendo a escola para desfilar no grupo de elite das escolas de samba do Rio de Janeiro já no carnaval de 1996, tendo concorrido com outras dezenove agremiações.

Para o carnaval carioca de 1996, a Porto da Pedra permaneceu com Mauro Quintaes como carnavalesco, para dessa vez trazer o enredo “A folia no mundo – Um carnaval dos carnavais”.

Tendo sido promovida do grupo A no carnaval anterior, coube a Porto da Pedra abrir os desfiles da segunda noite do grupo principal, contando ainda com o dia claro em sua concentração e início de desfile.

A história do carnaval em diversos lugares do mundo foi o tema escolhido pela escola para esse desfile tão especial, já que era a primeira vez que desfilava entre as grandes escolas de samba do carnaval da Cidade Maravilhosa.

Unidos do Porto da Pedra – Desfile de 1996 – Fonte: http://www.carnavalize.com/2018/06/seriecarnavalescos-o-estilo-arrojado.html

Foi um desfile multicolorido, com ótimo acabamento, tanto de fantasias quanto de alegorias apresentadas pela agremiação sediada fora da cidade do Rio de Janeiro.

E fugindo a regra de que no geral a escola que sobre do grupo de acesso, acaba voltando no carnaval seguinte, a Porto da Pedra, que alcançou a nona colocação, permaneceu no grupo principal para seu próximo desfile.

Para o carnaval carioca de 1997, foi a vez da Porto da Pedra apresentar o enredo “No reino da folia, cada louco com sua mania”, enredo esse desenvolvido por Mauro Quintaes, inspirado na idéia original de Márcio Tavolari.

Unidos do Porto da Pedra – Desfile de 1997 – Fonte: https://simsaogoncalo.com.br/cultura/impulsionando-unidos-do-porto-da-pedra/

Nesse ano Acadêmicos do Salgueiro e Porto da Pedra levaram para a Sapucaí a temática da loucura, o que gerou muita expectativa sobre como cada agremiação desenvolveria seu desfile. A abordagem da escola de São Gonçalo prometia ser mais sobre personagens famosos que enlouqueceram enquanto a adotada pelo Salgueiro prometia ser mais densa.

Wantuir esteve a frente do carro de som da escola e defendeu com galhardia o samba de autoria dois compositores Vadinho, Carlinho e Pinto.

Toda a expectativa que rondava esse desfile da Porto da Pedra foi satisfeita, já que a escola realizou um grande desfile, talvez o melhor desfile já apresentado pela agremiação de São Gonçalo.

Num desfile que abordava a loucura, a comissão de frente representando a figura de Napoleão com um “cavalo de pau”, já mostrava o tom satírico que seria apresentado pela escola nesse desfile.

Unidos do Porto da Pedra – Desfile de 1997 – Fonte: foto de Wigder Frota

Criatividade e ótimo acabamento foram muito admirados no tocante as alegorias trazidas pela agremiação vermelho e branca.

Com esse desfile a escola conquistou a quinta colocação, situação esta que a levou para desfilar na noite das campeãs cariocas, enquanto que o Salgueiro, com tema parecido, alcançou apenas o sétimo lugar.

Para o carnaval de 1998, Mauro Quintaes desenvolveu o enredo “Samba no pé e mãos ao alto, isto é um assalto!”, para o terceiro desfile da Unidos do Porto da Pedra no grupo principal da folia carioca.

Unidos do Porto da Pedra – Desfile de 1998 – Fonte: http://www.carnavalize.com/2018/06/seriecarnavalescos-o-estilo-arrojado.html

De novo a comissão de frente, com presidiários que carregavam suas próprias celas foi destaque nesse desfile, onde a critica carnavalesca condenou o samba apresentado por versos sem maior poesia e o conjunto alegórico apresentado sem maior criatividade.

Esse desfile deu a escola apenas a décima quarta colocação, último lugar, situação essa que fez a escola voltar a segunda divisão do carnaval carioca para o carnaval seguinte.

De volta ao grupo A da época, a Porto Pedra no carnaval de 1999 apresentou o enredo “E na farofa do confete tem limão, tem serpentina…” do carnavalesco Gilberto Muniz que assumiu o posto deixado por Mauro Quintaes, depois do desfile desastroso de 1998.

Unidos do Porto da Pedra – Carnaval de 1999 – Fonte: https://issuu.com/marcelooreilly/docs/porto-da-pedra-1999

Esse foi outro desfile multicolorido apresentado pela Porto da Pedra, com muita garra da comunidade da escola, que queria mostrar que seu lugar era no grupo de elite das escolas de samba, de onde tinha vindo no ano anterior.

Um desfile bastante alegre e irreverente em vários aspectos apresentados, mostrando a força da comunidade de São Gonçalo, que veio muito bem fantasiada.

Conquistando o vice campeonato com esse desfile, de novo a agremiação retornou o grupo principal para o carnaval do ano 2000, quando seriam comemorados os quinhentos anos do  Brasil.

Para seu desfile no ano de 2000, a Porto da Pedra trouxe o enredo “Ordem, progresso, amor e folia no milênio da fantasia”, desenvolvido pelo carnavalesco Jaime Cezário. Com esse desfile o objetivo da escola era apresentar o momento da nossa história de transição do Império para a República brasileira.

O samba enredo desse ano era de autoria dos compositores Silvão, Ricardo Goés, Ronaldo Soares, Chocolate e Fernando de Lima, samba que contou com a interpretação de Ito Melodia.

O fato é que no linguajar carnavalesco esse desfile da porto da Pedra não “decolou”, já que foi um desfile colorido e animado, mas que pecou em alguns outros quesitos, dando a escola apenas a décima quarta colocação, levando a escola para a segunda divisão no ano seguinte de novo.

Em seu retorno ao grupo A, a Unidos do Porto da Pedra para 2001 levou para a Sapucaí o enredo “Um sonho possível: crescer e viver agora é lei”, sob a batuta do carnavalesco Cahê Rodrigues.

A escola apresentou nesse ano um desfile compacto, luxuoso e com um excelente samba, obra dos compositores Hugo Leal e Flávio Lauria.

De novo foi nítida a forma da comunidade da escola, que alcançou mais um título com esse desfile e a promoção para estar no grupo principal da Sapucaí no carnaval de 2002.

Permanecendo na escola, Cahê Rodrigues no carnaval de 2002 desenvolveu para a Porto da Pedra o enredo “Serra acima, rumo à Terra dos Coroados”, falando sobre a região da cidade imperial de Petrópolis.

Coube a escola abrir a segunda noite de desfiles, já que tinha sido a campeã do acesso A no ano anterior.

O samba de autoria dos compositores Evaldo Melodia, Ernesto do Cavaco e Beto Grande foi bastante elogiado, tendo sido defendido por Preto Jóia.

Destaque para as fantasias de alas apresentadas pela escola, assim como alegorias muito bem acabadas, mesmo que não possuíssem toda aquela criatividade que a crítica carnavalesca exige.

A representação do tigre, símbolo da escola, foi parte desse desfile muito aplaudida pela plateia presente na Sapucaí.

A décima primeira colocação alcançada garantiu a permanência da escola no grupo principal das escolas de samba do Rio.

Para 2003 Mário Borriello assumiu a Porto da Pedra e desenvolveu o enredo “Os donos da rua, um jeitinho brasileiro de ser”, prestando uma homenagem aos moradores de rua como foco desse desfile.

A agremiação de São Gonçalo realizou uma apresentação com altos e baixos, acontecendo falhas estéticas na escola.

Foi outra apresentação alegre, que levou para a Sapucaí as dificuldades e luta do povo que vive nas ruas, de uma forma leve.

De novo a interpretação de Preto Jóia fez o samba crescer, juntamente com a cadência inserida pela bateria da escola.

Novamente a escola alcançou a décima primeira colocação, o que lhe garantiu continuar no grupo principal das escolas de samba do Rio.

Por Sidnei Louro Jorge Júnior

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