RJ – Teatralização é castigada por julgadores no quesito Mestre Sala e Porta Bandeira

Em 2020, apenas a campeã Unidos do Viradouro (Julinho e Rute Alves), a vice Acadêmicos do Grande Rio (Daniel Werneck e Taciana Couto) e a quinta colocada Acadêmicos do Salgueiro (Sidclei e Marcela Alves), receberam todas notas máximas no quesito Mestre Sala e Porta Bandeira.

O que chamou atenção foram casais consagrados não conseguirem gabaritar em todas as cabines. Exemplo de Selminha Sorriso e Claudinho da Beija Flor, que tiveram que contar com o descarte da menor nota recebida (9,9), para conseguir os máximos 30 pontos no julgamento.

Analisando as justificativas divulgadas ontem (19), nota-se o descontentamento dos julgadores da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de janeiro) quanto ao artificio usado em teatralizar a apresentação, onde os mesmos despontuaram o detrimento a dança original.

Ao justificar a nota 9,8 atribuída a Phelipe Lemos e Dandara Ventapane da União da Ilha, o julgador Joao Wlamir , ex bailarino Solista do Teatro Municipal do Rio de Janeiro,  enfatizou que o casal precisa “Cuidar para que a teatralidade não se imponha sobre o bailado característico do casal”, além de criticar o figurino usado pelo casal insulano. O mesmo Wlamir ainda despontuou em 0,1 o casal Marlon e Lucinha Nobre da Portela pelo mesmo motivo, onde alegou “Pouca sutileza na terminação dos movimentos, provada pelo excesso de teatralização…” E completa citando o polemico parto que fazia parte da apresentação do casal Portelense. “O nascimento da criança ficou gratuito e gerou anticlímax na sua realização”.

Aurea Hammerli, já dançou ao lado de estrelas do ballet como  Mikhail Baryshnikov, Rudolf Nureyev, dentre outros, e não poupou o casal da Estação Primeira de Mangueira, Matheus Olivério e Squel Jorgea. Tirou 0,1 do casal e justificou como ponto de atenção “No momento em que entra a teatralidade neste quesito, o importante sempre será a dança“. Aurea também descreveu através de críticas, o teatro no bailado do já citado casal da União da Ilha, Phelipe e Dandara. “A teatralidade precisa ser tratada com rigor quando for utilizada como elemento presente na apresentação. O foco do quesito tem que ser mantido, que são as características que (o quesito) exige. Precisando de uma perfeita performance, que deve estar a serviço da dança…”

Hammerli também não poupou a consagrada Lucinha e seu parceiro Marlon aplicando uma nota 9,8 para a apresentação do casal. “Aconteceram alguns problemas técnicos durante o bailado devido a saia volumosa e mais a teatralização que fizeram com que a dança, o bailado, não fossem o foco principal…”. Ainda sobre o casal Portelense, a ex bailarina deixou uma reflexão.”Algumas questões da teatralização precisam ser discutidas com muito cuidado e rigor artístico, para não prejudicar o quesito, com suas características e importâncias…”

A bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e professora de dança contemporânea Monica Barbosa, preferiu não enfatizar a encenação no bailado dos casais, porém atribuiu notas 9,9 para o casal da Mangueira, Uniao da Ilha e Portela, duplas penalizadas em outras cabines pelo excesso de teatralização. Além de despontuar Estácio de Sá, São Clemente e Unidos da Tijuca por questões técnicas.

Paulo Rodrigues, bailarino do Theatro Municipal do Rio, distribuiu 5 notas máximas dentre as 13 escolas de samba do Grupo Especial do RJ. Como em outros anos, Paulo focou na “limpeza” dos movimentos, citando até demasiadamente no que diz respeito a indumentária dos casais. Nas considerações finais, elogios as duplas e lembra que não podem esquecer a origem do quesito quanto ao bailado com reverências, glamour, elegância e sedução. Em 2020 as justificativas de Rodrigues foram pertinentes ao que foi descontado da nota máxima (nota de entrada).

Um das julgadoras mais antigas e uma das mais exigentes, principalmente quanto à elegância e nobreza do casal, Beatriz Badejo participa do julgamento do Grupo Especial há mais de 14 anos. Considerada e repeitada no meio, Badejo considerou apenas 4 casais como dignos da nota máxima em 2020 (Incluiu Danielle Nascimento e Marlon Flores da Paraíso do Tuiuti, junto aos outros três citados como 10 em todas as cabines). Quanto ao casal da Mangueira, fez leve critica a fantasia de Matheus Olivério e descontou 0,1 da nota. Phelipe e Dandara da União da Ilha, voltaram a ser despontuados na cabine de Beatriz, devido a teatralização.”O bailado do casal apresentou muitas paradas, com movimentos teatralizados, comprometendo a dinâmica da dança…” Quantos aos demais, Badejo se atentou a penalizar movimentos bruscos ou falhas técnicas. Além de Phelipe Lemos, também criticou a indumentaria dos mestres sala Fabrício Pires (São Clemente), e Matheus Olivério (E.P. Mangueira), além de tirar um polemico 0,1 da Beija Flor de Nilópolis, alegando nervosismo na apresentação da experiente e lendária Porta Bandeira Selminha Sorriso.

Por Waldir Tavares
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