Em 05 de setembro de 1963, um dos casais mais charmosos do carnaval Agenor de Oliveira e sua esposa Euzébia Silva de Oliveira, popularmente conhecidos por, Cartola e Dona Zica, abriram o seu bar, o Zicartola, e hoje seria uma dia de festa, afinal o bar deste famoso casal mangueirense completaria 59 anos de existência caso estivesse em funcionamento.
Rua da Carioca, 53, um sobradinho que entrou para história do sambista, o sentimento é de saudade, e o bar deixou sua marca mesmo funcionando por apenas por 20 meses, aquele endereço no centro da cidade foi “palco” para encontros musicais memoráveis.
Cozinheira de mão cheia, ela trabalhou por muitos anos como chefe do tradicional Clube Bola Preta e, ao lado do marido, idealizou o bar e restaurante Zicartola, que tornou-se um importante ponto de encontro de sambistas na década de 1960, o diferencial era o sabor, pois os pratos servidos eram comida caseira.
Noites memoráveis aconteciam no bar, possibilitando o resgate de velhos sambistas como Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Zé Kéti, Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Hermínio Bello de Carvalho, João do Vale… dando espaço para o surgimento de uma nova geração do samba e da MPB, Paulinho da Viola, que naquela época ainda atendia por Paulo César Batista de Faria, seu nome de batismo, fez sua primeira apresentação. O lugar respirava cultura e se intensificou o “casamento’ entre o samba e bossa nova.
No entanto o Bar e Restaurante Zicartola além de ser um reduto de boa comida e musical, se tornou um reduto político, considerado um espaço de resistência em tempos obscuros na história. Fundado no início da década de 1960, o espaço também foi o embrião de eventos marcantes como Opinião e Rosa de Ouro, além de ter exercido papel protagonista na resistência cultural em tempos sombrios que se anunciavam com o golpe de 1964.
Em maio de 1965, o ZiCartola encerrou suas atividades por problemas administrativos, rumores circularam na época que o fechamento foi resultado da pressão dos militares.
