SIDNEY FRANÇA

 

Campeão com a Águia de Ouro no carnaval paulista de 2020, o carnavalesco Sidney França, um dos carnavalescos que mais venceram no carnaval de São Paulo e admirador da obra do também carnavalesco Joãosinho Trinta, teve seu contrato renovado para o próximo carnaval pela escola sediada na Pompéia, o que é certeza de que a agremiação virá forte para tentar alcançar um inédito bicampeonato no carnaval da capital paulista.

A carreira de Sidney França profissionalmente iniciou na Mocidade Alegre no carnaval de 2009, compondo uma comissão de carnaval, juntamente com outros três profissionais, no desenvolvimento do enredo “Da Chama da Razão ao Palco das Emoções… Sou Máquina, Sou Vida… Sou Coração Pulsando forte na Avenida”, desfile este que levou a escola ao título máximo naquele carnaval.

Sidney atuou como carnavalesco da Mocidade Alegre de 2009 à 2016, inicialmente compondo uma comissão de carnaval nos dois primeiros anos, depois uniu-se em dupla com o também carnavalesco Márcio Gonçalves de 2011 à 2015 e finalmente no carnaval de 2016 teve seu trabalho solo na agremiação do bairro do Limão.

O título de 2009 foi o primeiro deste seu ciclo na Morada do Samba, visto que com a escola também foi campeão nos carnavais de 2012, 2013, 2014, quando a escola então alcançou um tricampeonato na folia paulista. Além disso ainda conquistou dois vice-campeonatos nos carnavais de 2010 e 2015.

O carnaval de 2012, na opinião do carnavalesco foi aquele de melhor concepção de enredo na valorização da figura do escritor baiano Jorge Amado, quando juntamente com o também carnavalesco Márcio Gonçalves apresentou o enredo “Ojuobá – No Céu, os Olhos do Rei… Na terra, a Morada dos Milagres… No Coração, Um Obá Muito Amado!”, desfile neste, onde a intenção dos carnavalescos era o de levar “Tenda dos Milagres”, das mais destacadas obras de Jorge Amado para a pista do Anhembi.

O tema foi tão bem aceito pela comunidade da escola na época, que na fase de escolha do samba para esse desfile houve a inscrição de 21 sambas, todos querendo a oportunidade de ilustrar aquele desfile que a escola estava preparando.

O samba escolhido foi aquele da parceria de compositores formada por Vitor Gabriel, Fernando, Renato Guerra, Leandro Poeta, Thiago e Rodrigo Minuetto. Esse samba logo, logo foi assimilado pela comunidade da Morada, na época sendo considerado dos melhores sambas daquele carnaval, com destaque para a força do refrão deste samba.

 

“…O rufar do tambor vai ecoar

Tenho sangue guerreiro, sou Mocidade

A luz de Ifá vai me guiar

Ojuobá espalha axé, felicidade…”

(Samba de enredo Mocidade Alegre 2012 – refrão)

 

 

 

Este que vos escreve teve a chance de assistir ao vivo no sambódromo paulista do Anhembi os desfiles de 2014, quando a Mocidade Alegre apresentou o enredo “Andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar” da dupla de carnavalescos Sidney França e Márcio Gonçalves, desfile com o qual a escola alcançou um tricampeonato.

Esse desfile foi daqueles classificados como impecável, especialmente nos quesitos fantasias, carros alegóricos e samba enredo. A plateia presente no Anhembi ia ao delírio cada vez que os componentes da escola se ajoelhavam no refrão do samba que embalou este desfile.

A Morada do Samba, assim como já era esperado obteve o título máximo naquele ano com folga em relação às demais agremiações paulistas.

No carnaval paulista de 2015, ainda fazendo dupla com Márcio Gonçalves, a dupla preparou para a Mocidade Alegre um desfile sobre a vida e obra da grande atriz Marília Pêra, com o enredo “Nos palcos da vida… Uma vida no palco: Marília”.

Com este desfile, caso a escola de novo fosse campeã, alcançaria um tetracampeonato no carnaval de São Paulo, no grupo de elite das escolas de samba, situação esta inédita para a Mocidade Alegre.

A escola entrou na pista do Anhembi como franca favorita, já que vinha de um tricampeonato. Foi um desfile biográfico onde não faltou à agremiação muito luxo, característica da escola, aliado à belas fantasias e carros alegóricos.

Na hora da apuração a Mocidade era considerada como uma das favoritas ao título daquele carnaval paulista, mas durante a apuração das notas a disputa nota à nota foi acirrando-se com a tradicional escola do Bexiga, a Vai-Vai, que neste carnaval cantou a vida e obra da gaúchinha Elis Regina, outro grande desfile deste ano. Ao final do anúncio das notas a Vai-Vai acabou sendo declarada campeã, tendo o quesito evolução servido para definir a campeã daquele ano, em desfavor da Mocidade Alegre, isto até a última nota.

Como carnavalesco único da Mocidade Alegre, no carnaval de 2016 arquitetou para apresentação na pista do Anhembi o enredo “Ayô – A Alma Ancestral do Samba”, que como já foi referido levou a escola ao terceiro lugar no campeonato envolvendo a elite das escolas de samba de São Paulo.

Para o desfile da Mocidade Alegre no carnaval de 2016 Sidney França apresentou para a escola um enredo afro, temática esta já apresentada pela agremiação no passado com frequência. Foi um desfile considerado sofisticado para aquela época, que propiciou ao profissional colocar o luxo que a escola gosta de apresentar em seus desfiles. Mas somente isso não foi suficiente para que a agremiação fosse a campeã daquele carnaval já que houveram problemas de execução nos quesitos bateria e evolução.

Passado aquele carnaval, França apostando em outros voos, depois de anos deixou a agremiação do Limão, optando a escola por voltar ao modelo da comissão de carnaval, que para o desfile de 2017 contou com Leandro Vieira, hoje carnavalesco da Estação Primeira de Mangueira, como um de seus membros.

 

“Novos desafios se impõem, mas a certeza da lição aprendida me faz perceber que carregarei comigo o valor do sambista,

Não é sinal de adeus, mas de um até logo à casa que com tanto amor me embalou…

Obrigado, sempre, por tudo, Morada do Samba!

Para sempre comigo, onde quer que eu vá,

Sidnei França”

(Palavras de Sidney França ao despedir-se da Mocidade Alegre após o carnaval paulista de 2016)

 

Mesmo tendo deixado a Morado Samba após o carnaval de 2016, nas muitas entrevistas que concedeu desde lá, Sidney sempre fala de sua gratidão para com a escola, já que foi esta agremiação que deu a ele a chance de lançar-se como carnavalesco, posição esta que ocupa depois de muito conhecimento adquirido na Mocidade Alegre e nas demais escolas por onde passou.

Para o carnaval de 2017, Sidney França foi fazer o desfile da Unidos de Vila Maria, onde teve como grande desafio planejar e apresentar o enredo “Aparecida – A Rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro”, tendo conquistado um sétimo lugar naquele ano.

O objetivo da agremiação era celebrar o terceiro centenário da aparição da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba em 1717, desfile este que inclusive teve o aval da igreja católica para prestar essa homenagem, mas na época a agremiação teve que comprometer-se a realizar sua apresentação sem nudez, não mencionar o sincretismo religioso e ainda autorizar a Arquidiocese de São Paulo a supervisionar tudo aquilo que iria ser exibido no Anhembi.

Foi um grande desfile realizado, mas problemas nos quesitos comissão de frente e alegorias, nos quais a escola perdeu só aí 0,8 pontos, deixou a escola, como já foi dito no sétimo lugar no final.

Saindo da Vila Maria, Sidney transferiu-se para a Gaviões da Fiel, agremiação paulista que se notabiliza pela grande torcida apaixonada e fanática que possui.

À frente da Gaviões, nos carnavais de 2018 e 2019, o carnavalesco no primeiro ano apresentou o enredo “Guarus – Na aurora da criação, a profecia Tupi…Prosperidade e paz aos mensageiros de Rudá”, enredo que tinha como pano de fundo a visão da mitologia tupi, a saga dos índios Guarus, que deram origem ao nome do município de Guarulhos, cidade localizada na região metropolitana de São Paulo. Mesmo tendo sido um desfile onde a agremiação mostrou uma estética revigorada em relação aos seus carnavais passados, a escola acabou com um sétimo lugar, pós apuração das notas dos julgadores daquele ano.

Permanecendo à frente da Gaviões, para 2019 houve a reedição do enredo “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente”, enredo com o qual a escola havia sido vice-campeã no carnaval paulista de 1994.

Na semana anterior ao desfile, quando as alegorias das agremiações já estão na área de concentração do complexo do Anhembi, para serem montadas e finalizadas para o grande momento do desfile foi muito chuvosa nesse ano, o que trouxe problemas para o acabamento das alegorias da Gaviões, problema este que somado a outros fatores, mesmo que a escola tenha apresentado belas fantasias e apresentado uma comissão de frente impactante, a agremiação do coração dos corintianos ficou apenas com uma nona colocação.

Para o carnaval de São Paulo de 2020, a escola de samba Águia de Ouro contratou, para desenvolver seu desfile, o carnavalesco Sidney França, que cedeu seu lugar na Gaviões para o carnavalesco Paulo Barros, que veio do Rio de Janeiro para arriscar-se na Terra da Garoa.

Para a Águia de Ouro, França desenvolveu e apresentou o enredo “O poder do Saber – Se Saber é Poder… Quem Sabe Faz a Hora, Não espera Acontecer”, desfile este que rendeu à escola da Pompéia seu primeiro campeonato na elite das escolas de samba paulistas.

Além do carnavalesco, a escola ainda postou em mudanças na sua comissão de frente para este último desfile.

O enredo da escola em resumo trouxe como tema principal a sabedoria nos mais variados diversos aspectos.

No desfile da escola, destaque para a figura do patrono brasileiro da educação, em uma das alegorias que lembrava uma escola, a Águias de Ouro lembrou uma das frases mais famosas do educador Paulo Freire – “não se pode falar de educação sem amor” – e levou as arquibancadas a cantar repetir várias vezes “Viva Paulo Freire”.

Apresentando um belo desfile em termos plásticos e imbatível nos quesitos de pista, tendo na apuração das notas atribuídas pelos julgadores protagonizar uma virada somente no penúltimo quesito apurado, que era alegorias, conquistando desta forma o campeonato, deixando o vice-campeonato para a forte Mancha Verde, grande campeã do carnaval paulista de 2019.

Mas a atuação de Sidney França não se restringe ao carnaval paulista, já que em seu currículo contabiliza também trabalhos no carnaval fora de época da cidade gaúcha de Uruguaiana, pela Imperadores do Sol, desde 2017.

A agremiação sulista neste último carnaval apresentou o enredo “No Baticum da Bateria… O Corpo Balança, a Pele Arrepia!”, tendo terminado na terceira colocação geral.

 

Por Sidnei Louro Jorge Júnior

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