21 de Abril – Tiradentes e Brasília no Imaginário dos Desfiles das Escolas de Samba

Numa época em que os enredos das escolas de samba no geral eram sobre passagens de nossa história oficial ou homenagens à vultos que participaram de grandes acontecimentos históricos nacionais, no carnaval de 1949 o tradicional Império Serrano trouxe o enredo “Exaltação à Tiradentes”, desfile arquitetado pelo carnavalesco Antonio Caetano.

A vitória da Serrinha nesse carnaval de 1949 veio para consolidar o Império Serrano como a terceira força do carnaval do Rio de Janeiro na época e talvez a principal escola de samba dos anos 50. Nesse ano o Império Serrano foi a 24ª. escola a entrar a pista de desfile, tendo obtido o primeiro lugar ao somar um total de 150 pontos dados pelo corpo de jurados da época.

Quem não lembra dos versos do samba que ilustrou este enredo, de autoria dos compositores Mano Décio da Viola, Estanislau Silva e Penteado, que se perpetuaram no tempo e não deixam de povoar a memória dos apaixonados pelo carnaval carioca? A letra desde samba imortal foi escrita para exaltar a figura de Tiradentes, o herói que nos libertaria do jugo opressor, participante do movimento emancipacionista que se denominou de Inconfidência Mineira.

Joaquim José da Silva Xavier

Era o nome de Tiradentes

Foi sacrificado

Pela nossa liberdade

Este grande herói

Para sempre há de ser lembrado

Esse samba mais contemporaneamente foi gravado em 1955 pelo sambista Roberto Ribeiro, mas com o título “Tiradentes”, tendo sido o primeiro samba-enredo a ser gravado em disco. Posteriormente houveram regravações desta obra prima popular nas vozes de Elis Regina, Cauby Peixoto, Chico Buarque e também por Jorge Goulart.

Roberto Ribeiro e Dona Ivone Lara – Reprodução

Em outras oportunidades a figura de Tiradentes também foi recorrente nos desfiles do carnaval brasileiro, exemplo disso Unidos do Viradouro 2008. Desta vez inserido no desfile abstrato sobre “Arrepios”, uma proposta do carnavalesco Paulo Barros.

Mas no 21 de abril outra grande data também é comemorada, a fundação de Brasília, nossa capital federal, fundada no ano de 1960 pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, tornando-se então formalmente a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro.

Brasília, que ostenta o título de Patrimônio da Humanidade, foi construída no meio do cerrado, em menos de quatro anos, a partir de uma concepção modernista de urbanismo e arquitetura. O plano urbanístico original de Brasília foi elaborado pelo urbanista e arquiteto Lúcio Costa, que, aproveitando o relevo da região, adequou-o ao projeto do lago Paranoá. A cidade começou a ser planejada e desenvolvida em 1956 por Lúcio Costa, pelo também arquiteto Oscar Niemeyer e pelo engenheiro estrutural Joaquim Cardozo.

No desfile das escolas de samba Brasília passou aos olhos da platéia presente na Marquês de Sapucaí no desfile do carnaval de 2010 por iniciativa da Beija Flor de Nilópolis, que apresentou naquele ano o enredo “Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília: do sonho à realidade, a capital da esperança”, em comemoração aos 50 anos de fundação da cidade. Esse desfile foi concebido pela Comissão de Carnaval da escola, sendo de Alexandre Louzada a autoria do enredo.

O desfile apresentado pela escola nilopolitana, que encerrou a primeira noite de desfiles, no final levou a agremiação ao terceiro lugar no carnaval carioca daquele ano, com um total de 299 pontos.

Nesse mesmo ano, no carnaval de São Paulo, a Tom Maior também trouxe Brasília como enredo. Desfile este sob responsabilidade do carnavalesco Roberto Szaniecki, teve a proposta de mostrar a história da cidade desde sua fundação, a chegada dos candangos (como ficaram conhecidos os trabalhadores que atuaram na construção da capital federal) e citando o trabalho dos arquitetos.

Em 2010 Brasília ainda foi mostrada nos desfiles da Mocidade Unida da Glória, no Espírito Santo e a escola de samba Presidente Vargas de Manaus, que apostou no enredo No Planalto Central nasce a nova capital, Brasília 50 anos de Glória, mas no fim acabou impedida de desfilar, situação esta que fez a escola repetir o enredo no carnaval de 2011, mas desta vez sob o título “Uma homenagem amazônica aos 50 anos da Capital do Brasil.

MUG 2010 – Reprodução

Em 2020 foi a vez da Unidos de Vila Isabel exaltar a Capital Federal. Neste desfile, a história de Brasília foi contada como uma lenda indígena no enredo “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”, do carnavalesco Edson Pereira.

Por Sidnei Louro Jorge Júnior| Revisão Waldir Tavares

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