RJ – Reeditar Samba-Enredo no Grupo Especial é uma boa estratégia?

Após decisão da Unidos de Vila Isabel em reeditar seu samba-enredo de 1993, “Gbala, viagem ao templo da criação, parte dos usuários das redes sociais se mostraram satisfeitos, outra parte se posiciona com criticas. Afinal, reeditar samba é ou não é uma boa estratégia?

Tão comum nos Grupos de Acesso, a reedição não é uma alternativa tão utilizada pelas escolas do Grupo Especial. Na era Sambódromo, a primeira vez que a prática foi permitida pela LIESA, ocorreu no carnaval de 2004. A iniciativa veio pelo fato da comemoração dos vinte anos da passarela dos desfiles.

Império Serrano 2004 – Foto Wigder Frota

Naquele ano, quatro escolas que aderiram à proposta. A Unidos do Viradouro foi a melhor classificada, um quarto lugar com o samba da Unidos de São Carlos, de 1975, sobre a festa do Círio de Nazaré. Sétima colocada, a Portela reviveu seu próprio desfile de 1970, com o antológico “Lendas e Mistérios da Amazônia“. O glorioso Império Serrano se classificou na nona colocação emocionando com “Aquarela Brasileira“, de 1964. A Tradição, que optou pela releitura de “Contos de Areia“, da Portela (1984), ficou na décima segunda posição.

Nos anos seguintes ainda teríamos “Festa Profana” da União da Ilha (1989), sendo reeditada pela Porto da Pedra em 2005; “O Ti-ti-ti do Sapoti“, apresentado pela Estácio de Sá (1987) e reeditado pela própria escola no carnaval de 2007; O clássico samba-enredo de 1976, “Lenda das Sereias” que o Império Serrano relembrou no carnaval de 2009 e “O Samba Sambou“, obra crítica da São Clemente em 1990, que a própria relançou em 2019.

No campo de resultado geral, o quarto lugar da Unidos do Viradouro, em 2004, ainda permanece como a melhor classificação de uma escola que optou por reeditar samba-enredo. Das oito reedições apresentadas pelo Grupo Especial no sambódromo do Rio, duas sofreram rebaixamento.

  • 2004 – Viradouro 4º colocada
  • 2004 – Portela 7º colocada
  • 2004 – Império 9º colocada
  • 2004 – Tradição 12º colocada
  • 2005 – Porto da Pedra 7º colocada
  • 2007 – Estácio de Sá 13º colocada (Rebaixada)
  • 2009 – Império Serrano 12º colocada (Rebaixada)
  • 2019 – São Clemente 12º colocada

O fato animador para o carnaval de 2024, é que o samba da Vila de 1993 foi considerado um dos melhores daquele ano e garantiu todas as notas máximas no quesito. Porém o histórico das reedições mostra que nem sempre um samba bem avaliado reflete em notas máximas novamente. Em 2004, a Viradouro recebeu duplo 10, um 9.8 e outro 9.9. No caso da Estácio em 2007, a avaliação foi pior – 9.7 9.8, 10 e 9.9 (Em 1987 “O Ti-ti-ti do Sapoti” também não foi nota máxima em todo julgamento). O famoso “O Samba Sambou” não repetiu a boa avaliação de 1990. Em 2019, a São Clemente levou um 9.8, dois 9.9 e apenas um 10 no quesito samba enredo.

Para alguns, reedição desrespeita compositores de uma escola de samba e prejudica o processo de renovação deste grupo. Para outros, o marketing de um samba consagrado pode ser uma boa opção para divulgar e trazer visibilidade para o projeto de carnaval como um todo.

Apesar de ter nomes como Martinho da Vila e André Diniz em sua galeria de compositores, a Unidos de Vila Isabel não garante as notas máximas em samba-enredo desde o carnaval de 2017.

Passada a discursão em torno da decisão da escola situada no bairro de Noel Rosa, devemos nos atentar que carnaval se ganha na avenida e com nove quesitos. Na primeira versão de “Gblaá”, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Oswaldo Jardim. No carnaval de 2024, cabe ao artista Paulo Barros a missão de repaginar o desfile, que na época prejudicado chuva, ficou na oitava posição.

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