Que o local considerado berço do samba, conhecido como Praça Onze, recebeu esse nome em homenagem a Batalha do Riachuelo.
A vitória brasileira na Batalha Naval do Riachuelo, considerada uma das mais importantes da Guerra do Paraguai, aconteceu dia 11 de junho de 1865 às margens do Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de Corrientes, na Argentina. Ao todo 3.759 homens se enfrentaram em 16 navios, deixando 456 mortos, 709 feridos e 6 navios afundados.
O local pantanoso onde foi construído a Praça Onze era desabitado até a chegada da Família Real em 1808, com a pavimentação das ruas, foi criado o Largo do Rocio Pequeno em 1810.
Em 1842, durante o Segundo Reinado, o local recebeu a instalação de um chafariz, projetado por Grandjean de Montigny, que servia para o abastecimento das casas e estabelecimentos e isso impulsionou o crescimento.
Nas décadas seguintes, a instalação de fábricas, como a de gás, de Visconde de Mauá, e a inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II possibilitaram ainda mais desenvolvimento.
O fim da escravidão e a chegada de estrangeiros ao Brasil deram à Praça Onze um ar cosmopolita, agregador. A região passou a receber muitas pessoas de culturas e histórias de vida diferentes, de negros libertos com o fim da escravidão a imigrantes portugueses, italianos, ciganos e, principalmente, judeus – a região chegou a reunir a maior concentração judaica da história da cidade do Rio de Janeiro.
“A Praça Onze era um local de acolhimento e o epicentro de um sistema complexo de relações, que envolvia grupos de distintas religiões, condições financeiras, nacionalidades e etnias. O samba surge como produto de engajamento e entrosamento entre eles. Pessoas que se frequentavam, se ouviam, se cruzavam nas ruas, nos mercados, nas saídas e entradas das sinagogas, nas igrejas e nos terreiros“, disse o antropólogo Marco Antonio da Silva Mello, da UFRJ, em entrevista ao site do O Globo.
No início do século XX, quem chegou foi o samba. Das batucadas trazidas pelos negros, que se encontravam na casa da famosa baiana Tia Ciata, que morava na Praça Onze, surgiu o gênero musical.
Nos anos 1930, devido às obras de modernização na região (entre elas a abertura da Avenida Presidente Vargas), a Praça foi perdendo espaço e, literalmente, ficando menor. Na década seguinte, a Praça Onze foi totalmente demolida.
Hoje em dia, a região, embora não tenha mais a Praça, continua sendo importante para o samba. Terreirão do Samba e o Sambódromo estão localizados na área.
Por Thiago Cânepa Amorim